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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 13 - Parte 1


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


Capítulo 13: De Pro a Bro
Sexta-Feira, 4 de Abril, 2014 - 17:23

É constrangedor, ao início, ver Daniel Bryan e The Miz sentados tão longe um do outro - quase intencionalmente - numa mesa da sala de conferências logo antes de encontrar os dez vencedores da Wrestlemania Reading Challenge. O ex-par de NXT Pro e Rookie tem uma história turbulenta, datando de volta à estreia de Bryan na WWE em inícios de 2010. No entanto Miz e Bryan mantêm tudo mais do que cordial e até falam sobre o casamento do "Yes! Man" que se aproxima.

Recentemente casado com a ex-Diva da WWE Maryse, Miz faz as perguntas certas e partilha uma espécie de momento "bro" com Daniel à mesa. O "Awesome One" em seguida muda de assunto para falar de negócios, especificamente a Wrestlemania. A conecção do NXT levanta uma interessante verdade sobre a primeira temporada da competição.

"Quando ouvi falar pela primeira do NXT, pensei, 'Sou adequado para isto, não sou?' Afinal esse não foi nada o caso," diz Bryan que acabou com um recorde de 0-10 sob tutela de Miz. "Ao fim, vi as estrelas que encabeçavam o NXT como sendo o Wade Barrett ou o David Otunga - esses eram os tipos que "eles" verdadeiramente gostavam do grupo. Não antevia que eu fosse o primeiro de nós a encabeçar a Wrestlemania."

O inesperado "bro-down" acaba enquanto os vencedores dos concursos "Reading Challenge" reunem-se para a sua sessão privada de assinaturas na sala ao lado. Os jovens leitores ansiosos iluminam-se quando ambos Daniel Bryan e The Miz dão as suas entradas. Uma miúda repetidamente guincha "OhmeudeusDanielBryan!" até ele se aproximar para a conhecer.

"Tu queres inspirar curiosidade e inspirar miúdos a serem capazes de aprender por si próprios," diz Bryan. "Qualquer coisa que possas fazer para os fazer ler o máximo de coisas possível, é tudo para o melhor. É um passo em frente."

Os vencedores alinham-se para autógrafos e interrogatório do Miz, que exige saber qual livro cada jovem leu para ganhar o dom da sua presença. Bryan vira a situação sobre o Awesome One momentos depois quando Miz tenta começar o seu próprio cântico "Yes!" jocoso. Claro, Miz sacode a resposta desta muito exclusiva plateia, mas reconhece o grande combate de Daniel Bryan na Wrestlemania, na verdade encorajando os miúdos a torcer pelo seu ex-Rookie do NXT. Leiam entre as linhas da mensagem de Miz e descubram o que pode significar que Bryan tem o apoio do balneário da WWE.



Quando a WWE me ofereceu um contrato, entrei com expectativas baixas. Vários dos meus amigos tinham lutado na WWE e expressado as suas frustrações com a falta de oportunidades. O Brian Kendrick de facto demitiu-se da companhia em 2004 por estar tão infeliz lá, depois voltou, apenas para ser despedido antes de eu ter assinado. O Colt Cabana passou quase dois anos no sistema de desenvolvimento, todo o tempo obtendo apenas um punhado de aparições em TV. O único tipo das independentes, naquela altura, que tinha tido algum sucesso maior era o CM Punk.

Também sabia que tinha que mudar o meu estilo. Eu estava habituado a lutar vinte minutos todas as noites em combates que me tornaram popular com os fãs de wrestling independente. A maioria dos combates televisivos da WWE têm menos de cinco minutos. Se não estás a vencer o combate curto e não tens tempo de entrevista, é difícil estabeleceres-te como uma personagem, muito menos fazer com que os fãs queiram saber de ti.

Lutar combates mais longos sempre me desafiou, tanto mental como fisicamente. Inspirava-me a ser mais criativo, que era importante porque o wrestling é a minha principal manifestação artística. Não me aumentou nada a confiança quando o William Regal me avisou, "A tua carreira de wrestling é o que fizeste antes disto. Qualquer coisa depois é apenas um bónus." Tentei olhar para tudo dessa forma e disse a mim mesmo para não esperar muito; apenas ganhar, guardar dinheiro, fazer o meu melhor com o que me fosse dado. Essa atitude serviu-me bem ao longo das quedas que tive com a WWE. Ainda assim, quando amas tanto algo, é difícil não ficar um pouco frustrado.

Uma das minhas primeiras frustrações, antes sequer da WWE saber o que queriam fazer comigo, foi o problema do meu nome. Eu tinha sido sempre conhecido como o American Dragon, mas a certa altura em 2002, o booker da Ring of Honor Gabe Sapolsky disse-me que achava que devíamos começar a usar o meu nome verdadeiro também, para que não soasse tanto a um desenho animado. Finalmente parei de usar a máscara a esse ponto, então o "American Dragon" podia tornar-se apenas uma alcunha. Gostei da ideia, e não foi preciso muito tempo para começar a ser agendado como Bryan Danielson em quase todo o lado para onde fosse, com duas excepções: New Japan (eles não queriam confundir os fãs a quem eu já tinha sido apresentado com este nome durante a minha primeira visita) e a All Star Wrestling (Inglaterra foi o último lugar onde ainda lutava sob uma máscara para me tornar mais apelativo às crianças).

Contudo, antes de começar na WWE, John Laurinaitis ligou a informar-me que eu precisava de inventar um nome novo, algo que a WWE pudesse ser proprietária e licensiar. Quando ele me disse que não podia ser o meu nome verdadeiro, eu debati que tinha um bom seguimento como Bryan Danielson e que muitos tipos na WWE usavam os seus nomes verdadeiros, inclusive o John Cena.

"Bom, já não fazemos mais isso," disse ele. Ele queria que eu fizesse uma lista com dez nomes.

A primeira pessoa a quem liguei foi o William Regal, a quem eu pedi alguma contribuição. Ambos gostámos do nome Buddy porque era divertido e era o nome do meu pai. A seguir começaram a ocorrer-nos os apelidos mais absurdos para lhe juntar, o mais notável sendo Peacock, baseado num wrestler Inglês chamado Steve Peacock. Pensei em usar o meu nome do meio, Lloyd, então esse também foi para a lista. Depois Regal trouxe a ideia de usar Daniel porque ele achava que era um nome forte. Com isso, acendeu-se-lhe uma lâmpada sobre a cabeça, e ele inventou o nome Daniel Bryan. Regal achou que seria uma óptima ideia porque qualquer um que tivesse ouvido falar de mim nas independentes seria capaz de ver facilmente que era o mesmo gajo. Soava esquisito quando o dizia, mas todos os nomes soavam estranhos excepto o meu próprio, de qualquer forma. Coloquei-o na lista , juntamente com Buddy Peacock e o meu favorito, Lloyd Boner.

Após eu ter oficialmente assinado, a WWE apenas me disse para esperar e que me chamavam quando estivessem prontos para me utilizar. Então durante dois meses eu esperei no meu quarto alugado em Las Vegas, passando o meu tempo no kickboxing e grappling com o Neil, e a tentar ficar na melhor forma possível. Durante esse tempo, a WWE nunca me contactou ou me informou de qualquer plano. Eu queria ser proactivo - especialmente enquanto estava a receber o meu primeiro cheque semanal em anos - então eu ligava-lhe sempre a cada duas semanas para verificar e ver se precisavam que eu fizesse alguma coisa.

Em Dezembro, viajei para casa em Aberdeen para o Natal. Achando que não havia maneira da WWE me ligar até começar o ano seguinte, satisfiz-me com dez dias de gula natalícia. Biscoitos de açucar, bolo de abóbora, rolos de canela. Nada era além do limite. Claro que foi nessa altura que a WWE ligou: o Sábado após o Natal.

Para não dizer mais, eu estava preocupado. Após comer todos aqueles doces e quase não fazer exercício durante dez dias, sentia-me o homem mais gordo do mundo. Quanto dano dá para se causar nesse espaço de tempo é debatível, mas não importava, porque afectou a minha confiança. Para tornar as questões piores, eu ainda estava doente com a minha terceira infecção por estafilococos do ano. Ainda mais, não lutava wrestling há meses - um detalhe crítico, como o velho ditado do wrestling diz, "O único que te pode deixar em forma para wrestling é wrestling."

Quando cheguei ao programa nessa Segunda-Feira, fiquei aliviado ao saber que não ia fazer algo que fosse transmitido em TV. Lutei com o Chavo Guerrero num combate não-televisivo antes do programa. Esse combate contra o Chavo foi apenas a segunda vez que eu realmente fiquei "blown up" - um termo usado no wrestling para quando alguém fica mesmo muito cansado durante o combate, ao ponto de afectar a performance - na minha carreira de dez anos. A primeira vez foi no meu combate de mais de quarenta minutos com o Paul London em 2003, onde pesei o meu máximo de 93kg. Com a combinação de comer comida horrível, não lutar durante meses, e os meus nervos, ao final do combate de sete minutos com o Chavo, eu estava a arfar. Toda a gente me disse que foi bom, mas eu não me senti o meu melhor. E se eu fosse estrear em TV, nada abaixo do meu melhor seria aceitável.

Com isso em mente, pedi para passar uma semana na FCW, o programa de desenvolvimento da WWE em Tampa, para sacudir o ferrugem em ringue e voltar à forma para o wrestling. Após apenas uma semana lá, onde lutei principalmente com o Low Ki, senti-me infinitamente mais confiante. O meu plano era pedir para ir lá uma semana de cada mês até estarem prontos para me terem a começar na programação da WWE. Mas mesmo antes de eu estar de saída da Florida, sete outros homens e eu fomos puxados para um escritório pelos treinadores, Dusty Rhodes, Norman Smiley, e Tom Prichard (Dr. Tom). Deram-nos as boas notícias que seríamos todos chamados para TV. A WWE ia estrear um novo programa chamado WWE NXT, um híbrido de wrestling e reality TV, que ia substituir o programa da ECW que dava às Terças à noite. Eles não tinham muitos detalhes, contudo disseram-nos que seria uma espécie de competição/reality show. Ao início não parecia real, mas no dia seguinte, tinham-nos a tirar todo o tipo de fotografias e a gravar vídeos para o programa. Estávamos todos excitados com a oportunidade, especialmente alguns dos rapazes que tinham passado anos em desenvolvimento sem ter o seu lançamento.

Da forma que nos explicaram, nós apenas lutaríamos às Terças a cada semana, e não havia maneira de lutarmos todos em todos os programas. Eu queria ficar em forma e lutar mais frequentemente, então falei com o Dr. Tom e tomei a decisão de me mudar para a Florida para que pudesse lutar nos programas da FCW também. Atravessei as 2300 milhas de Vegas a Tampa em três dias, que incluiu uma pequena interrupção no Texas que me atrasou algumas horas. Cheguei lá mesmo a tempo de mudar as minhas coisas para um quarto que aluguei ao Evan Bourne, depois, não muito depois, todos voámos para a primeira gravação do NXT.

(...)

No próximo capítulo: O que já vimos e ainda recordamos: Daniel Bryan no NXT. Mas só conhecemos o nosso ponto de vista. Teremos o mais interessante na próxima semana, o do próprio!

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