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Slobber Knocker #76: Rescaldo do Bound for Glory


Passou o antecipado Bound for Glory e chegou altura para mais um Slobber Knocker que tratará esse mesmo assunto, encurte-se a introdução a avance-se logo para o assunto.....

Muitos combates se travaram no grande palco da TNA, e tivemos uma noite com bastantes surpresas - umas boas, outras nem tanto - e um pormenor curioso: todos os títulos mudaram de mãos. Fazendo um pequeno resumo geral, posso dizer, da minha própria e única opinião, que estava à espera de mais. Não sei se a culpa foi, de facto, minha, que tinha expectativas demasiado altas ou se realmente falhou alguma coisa.
Falhas, senti, diga-se, mas não adiante estar a apontá-las agora, quando é isso que vou fazer no artigo, analisando os combates um por um:

The Bro Mans (Robbie E e Jessie Godderz) derrotam Joseph Park & Eric Young, Bad Influence (Christopher Daniels e Kazarian) e Chavo Guerrero e Hernandez, num Gauntlet Tag Team Match por um campeonato no Bound for Glory


OK, vou dizê-lo... Andava a dizer que os Bro Mans iam ganhar isto. Mas andava a dizê-lo no gozo! Mas não é que ganham mesmo? Não podemos deixar passar o facto de que foi vendida como candidata legítima, uma equipa que ganhou o primeiro combate no último Impact Wrestling, desde os tempos da corte do Rei, e que há umas semanas atrás andava a perder combates em segundos - e para um tipo que, em teoria, ainda não sabe lutar muito bem. Mas afinal já são legítimos... E ainda viria mais.

Pronto, não vou dizer que está aqui a primeira asneira, porque se calhar não é uma asneira, é só estranho e inesperado - e pronto, até certo ponto e de acordo com algumas considerações, uma asneira. Despacharam os Bad Influence, favoritos de muitos, à primeira e só conseguiram passar por cima da equipa de Chavo e Hernandez que já se queimou um pouco desde que ainda eram Campeões. Numa estranha viragem de eventos, foram apanhados pelo bizarro par de Joseph Park e EY e a frustração custou-lhes o último combate, que permitiria aos Bro Mans apanhar os restos. 

Foi o desenvolvimento simples deste combate, pequenas histórias em cada combate que dariam origem a outras pequenas histórias - o ataque a Joseph Park desencadeou mais tarde o regresso de Abyss, como deu para ver. Também foram atrás da estrutura de "ganha a equipa que acaba de entrar" que favoreceu os últimos a entrar. E assim, em 22 minutos, apresentaram um combate suficiente que ficou com a tarefa de abrir as honras e aquecer a malta para o que vinha mais a sério, a seguir. Foi um combate de Pré-Show e encheu essas medidas. E depois teve aquele vencedor que poucos esperavam e que talvez ainda menos aceitem. Mas olha... Também só faltava que ganhassem os títulos, não é?...

Agora avancemos para o evento propriamente dito:

Chris Sabin derrota Manik, Austin Aries, Jeff Hardy e Samoa Joe num 5-Way Ultimate X Match pelo X Division Championship e ganha o título


É já neste combate de abertura que eu considero a primeira vez que fiquei desapontado. Mais uma vez, não sei se foi por culpa minha, se tinha as expectativas demasiado altas ou se realmente ficou a faltar algum sabor àquele encontro. Esperava-se uma loucura de spotfest e, apesar de ter tido os seus bons spots, ficou a sensação de espera por "aquele" spot. E onde pecou mais: a introdução de uma escada. Retirou o uso das estruturas dos cantos e das cordas em cruz, fazendo deste combate um banal combate Ladder. Um pormenor? Antes nem sequer se permitiam as ditas escadas nestes combates. Outro pecado: o final pareceu-me um pouco insosso e algo mal enconchabado. Vendeu a ideia que era suposto mas não o vejo como o mais ideal e acho que até se podia amanhar de melhor forma.

Jeff Hardy, para quem esperávamos que saísse de lá partido ao meio, nem fez nada de tão arrepiante e até parecia que não queria sujar o fato branco. Até parece mal desejar que ele ande aí a maltratar-se mas foi ele que nos habituou mal. O combate, de modo geral, não foi mau, longe disso, em nenhum momento aborreceu e nunca nos esquecemos das estrelas que ali estavam e dos seus talentos. Apesar do sentimento de falta "daquele" spot, o que não faltou foi momentos de sobressalto, ataques em grupo, spots individuais e sempre um tombo aqui e acolá que desse para se erguer a fasquia. Previ a envolvência de Velvet Sky, apenas não sabia que ia ser usada de forma tão simples - distraiu um lutador, para que Sabin ultrapassasse quatro.

Não estranhei o resultado, pois cheguei a ponderá-lo, afinal de contas aquele cinto ainda se adequa à nova personalidade Heel de Sabin. O spot final é que foi quase tão eficaz como um encolher de ombros. Não só foi obtido através de uma escada - que, lá está, nem devia lá estar - como foi feito de uma forma que tanto teve de rápida como de lenta - se é que dá para fazer entender tal conceito contraditório. Num instante ele chegou lá acima e pegou no cinto, muito tempo perdeu a empurrar e a batalhar para retirar aquele impacto repentino. E acabou com a sensação de que estava mais por acontecer. Mas volto a repetir, não foi um mau combate. Apenas esperava mais e, - talvez seja aqui que esteja o meu exagero e o que deite as culpas em mim - um dos combates da noite. Acabou por ser um combate de abertura, aquilo que realmente estava no papel.

Agora no futuro, espero que a divisão seja mais notória. Sabin vai continuar a ser este novo Sabin e vai ter que se ver livre de Manik para, talvez, fixar-se então em Jeff Hardy. A Velvet Sky, coitadita, ainda vai levar com muito dele e eventualmente chegará o momento em que ela se farte e o mande à fava, possivelmente aliando-se a outro lutador da X Division para originar nova feud. Não vejo quem lhe possa tirar o título no futuro, às tantas ainda vai parar ao Hardy, não sei porquê, dá-me a impressão que a companhia quer experimentar aquilo nele...

The Bro Mans derrotam James Storm & Gunner pelos TNA World Tag Team Championships e ganham os títulos


OK, continuando a situação mencionada acima... Eu depois de os ver a ganhar o apuramento para este combate, disse para mim mesmo... Agora ganham os títulos... Mas continuava a gozar! É o tipo de preces que não se espera a ser respondidas, porque não eram sérias... Nem sequer eram preces!

Mas pronto, sem contar com esse resultado e assistindo antes ao combate... O combate não foi mau. Também não foi nada de extraordinário e podia ser inserido nalgum episódio do Impact Wrestling, ambas as companhias têm muitos combates desses em PPV's dos grandes. Lá está, não foi um mau combate, teve um desenvolvimento simples e esperado e não levava assim muita história. Lá porque nunca levei os Bro Mans a sério, não quero dizer que eles sejam umas totais abéculas que não sabem lutar - e daí, o Jessie... Ok, não interessa. Os Bro Mans levavam um convidado, campeão de bodybuilding, como podem ter notado nos seus magríssimos braços, e segue a tradição da TNA de ter celebridades como convidados, mas de orçamento baixo. Celebridades que é possível que não conheçam - o Jessie foi a "celebridade" do ano passado. Mas também não é a malta de fora que interessa.

Durante o combate, Storm levava um corte feio na perna, que não lhe travou a performance. E depois de um combate minimamente entretido, sacam daquela double team que amanharam no passado combate - uma equipa com tanta construção que a manobra com que ganham combates é nova - e, num piscar de olhos, são Campeões. Dou-lhes isso, apanharam-me de surpresa.

No futuro, convém dar alguma vida àqueles cintos e duvido que os "Bros" sejam os mais ideais para os fazer. Têm os seus momentos entretidos, mas não propriamente calibre de Campeões. A equipa de Storm e Gunner ainda tentará recuperar os cintos, mas naõ sei se o par tem futuro, pelo menos muito over não parecia estar. Quanto a Storm, se calhar andava a safar-se melhor sozinho, mesmo que por vezes sem rumo, também não foi aqui que o encontraram. Mas para já ainde é uma divisão morta e o que os Bad Influence disseram na sua promo até era verdade e se calhar os cintos só arrebitam quando caírem neles outra vez...

Gail Kim derrota ODB e Brooke, num 3-Way pelo Knockouts Championship e ganha o título


 Se era para ser um daqueles, trocavam este combate pelo do Slammiversary. Mas já estava feito e a expectativa continuava boa e o combate realmente nem foi mau. Ficou a desilusão por aqueles momentos em que parecíamos que iamos ter algum spot maluco com a força de ODB, mas que era interrompido - talvez porque a pobre coitada não conseguisse e nós aqui a exigir-lhe.

De resto, foi um bom combate e para o PPV que era, não achei que ficasse aquém de alguma forma, porque foi competente naquilo que devia ser: ficar a meio do card, apresentar um encontro feminino sólido e vender o que se podia entre três competidoras que não tinham assim tanta história entre elas - e três competidoras, de forma estratégica, porque era mais entusiasmante que apenas duas.

Quanto ao final, foi outra previsão que fiz a semana passada que estava correcta. Não o resultado, mas sim a participação de Lei'd Tapa, que era fácil de se antever, tanto andou ela a construir algo, não ia ser para nada. A surpresa foi o seu ataque não ser geral e ao fim revelar aliança com Gail Kim, a quem deu a vitória com uma potente powerbomb a Brooke - fico à espera de ver uns bons combates com esta menina, que ela parece uma powerhouse impecável. Nova Campeã que não me passou pela mente, mas que não cai mal. É a Gail Kim, cada vez que ela ganha aquele cinto é acertado e merecido.

Quanto ao futuro, pode haver um problema que não é bem problema. Vai ser inevitável para alguns, ver o paralelismo e as semelhanças entre esta combinação e a aliança de AJ Lee com Tamina Snuka, do outro lado da estrada. São casos diferentes, mas o esqueleto e a estrutura... A Campeã Heel, mas talentosa e apreciada pelos fãs, a ser protegida por uma temível powerhouse com tamanho e força para impôr respeito a alguns dos gajos, quanto mais às meninas. Logo, têm agora a tarefa de trabalhar esta aliança de forma a que se distancie do outro caso. O primeiro passo é, obviamente, arrumar OBD, e esperem-se uns bons combates...

Bobby Roode derrota Kurt Angle


Finalmente! Primeiro grande combate da noite, a fazer juz ao PPV que era e primeira vez que senti ali um bom candidato a combate a ser considerado no final do ano. E, muito curiosamente, um combate do card que nem sequer tinha história. Mas tinha dois tremendos talentos, logo não havia grande margem de erro.

Paralelismo inevitável a ser feito com o main event do Bound for Glory de 2011 que colocava estes mesmos dois frente a frente, numa disputa pelo título Mundial. Agora havia pouco em jogo, para além de orgulho. Acabando de ultrapassar um bizarro segmento com Kurt Angle a recusar o seu lugar no Hall of Fame da TNA, tinha mais isso a ser discutido durante o combate. Mas rapidamente foi esquecido, assim que o vimos a trabalhar em ringue, lembrámo-nos que aquele é um lutador de Hall of Fame, com ou sem reconhecimento. E que grande combate aqui se deu, com o seu vagaroso desenvolvimento que culminou numa corrida de emoções na altura do seu clímax.

Começando pelo chão e com um estranho momento inicial que viu Angle a ter que se retirar do ringue, com Roode a levar a melhor. Dali para a frente, deu-se bastante wrestling, no seu mais verdadeiro sentido da palavra e até o próprio Roode foi capaz de mostrar uns bons dotes técnicos - acho que não é preciso dizer isso sobre o Kurt Angle, vocês não são parvos. Um momento bem alto deste encontro foi a sucessão de inversões, muito bem executadas que não só foi bonita de se ver, como foi feita de forma bastante emocionante e até soube contar a história de como Roode é um gajo a ter em atenção e consegue lutar, "ombro a ombro" com um impecável atleta como é Kurt Angle.

Primeiro momento estranho do combate foi também num de alta emoção. Com Roode a batalhar para chegar às cordas, mas com pouca sorte, deixou-se desmaiar devido à dor e preferiu isso a desistir. Uma boa jogada para o deixar over como um indivíduo bastante forte e resistente. Algo que talvez tenha faltado no seu reinado como Campeão Mundial. O momento bizarro dá-se quando o árbitro lhe levantou a mão para verificar os seus "sinais de vida" e a mão cai na corda. Aí nada de mal... Apenas a forma demasiado cuidada como o árbitro o faz que até causou reacção do público... Se é para fazer que não o faça com o jeitinho todo para lhe colocar a mão na corda. Causou algum alvoroço mas não rompeu a tensão do combate e prosseguiu para o segundo momento estranho que seria o final - Angle aplica o seu Angle Slam, é ele quem sofre o pin.

Assim soa muito estranho, sem saber as circunstâncias. Temos que nos lembrar do jogo inteligente de Bobby Roode que estivera todo o combate anterior a trabalhar o pescoço de Angle, já com um longo repertório de lesões. O Angle Slam foi de cima do canto, foi uma manobra de desespero e, inevitavelmente, causa uma queda de pescoço. Ainda para mais, com o peso de Roode sobre o pescoço e a cabeça. Dois corpos no chão, até que Roode fosse o primeiro a levantar-se e a conseguir o pin. Angle ainda jazia imóvel até bem depois, causando um momento de alta tensão, preocupação e memorável do PPV. Angle recusara o Hall of Fame e prometia obter mais daqui para a frente do que aquilo que já conseguiu e logo aqui não consegue uma vitória? Como mantê-lo over? - como se desse para se enterrar um tipo como Angle. Enquanto os paramédicos o levam, este levanta-se e sai por próprio pé. Não vai ser nenhum bump que o vai impedir e Angle sai derrotado mas com a imagem de homem duro que já lhe associávamos antes.

Finalmente estava aqui o primeiro grande combate da noite. Suor, lágrimas e até ranho. Houve de tudo, preencheu bem os seus 20 minutos e por mim, faziam tudo assim... Se tivessem tipos para fazer coisas como estes dois. Angle é o lutador que faz qualquer um parecer bem... E Roode já se safa bem a fazer-se parecer bem a ele mesmo, sozinho. Logo, expectativas altas e correspondidas. Para o futuro, é mesmo caso para dizer que aguardo o que há para estes dois. Não vejo Angle a exigir um novo combate, porque vejo-o a levar isto com desportivismo e a reconhecer a sua derrota como aquilo que é, simplesmente. Fico mesmo a aguardar o futuro destes dois - pausa para Angle e caça ao título Mundial mais à frente para Roode?

Ethan Carter III derrota Norv Fernum


Ora bem... Isto contou como um combate, certo? E também contou como um combate de Bound for Glory. Uma estreia, tudo bem. Um squash, nem tanto. Um jobber que parece ter dificuldades em levantar uma botija de gás vazia do chão a constar no card. Essa parte é estranha e engraçada também.

Não tenho problemas com uma estreia no maior PPV do ano, aprovei e gostei da estreia do Fandango. E não tenho problemas com Ethan Carter, era fã de Derrick Bateman e acho que com esta gimmick, devo continuar fã do jovem lutador que agora tem uma nova cara e identidade. Logo, não tenho qualquer problema com o jovem Carter a ter a sua estreia no Bound for Glory. Mas não nos podemos esquecer que um jovem quase sem nome, com pouco mais peso que eu, quem sabe... Também teve lugar no card principal do Bound for Glory - e os Bad Influence não, por exemplo. Essa é a parte mais confusa. E dão-nos uma espécie de combate que pode fazer esquecer qual a dimensão do PPV que estamos a ver.

A plateia não aprovou muito. Manifestou-se de forma pouco positiva e rapidamente chegaram os cânticos de "Boring" - que, diga-se de passagem, Ethan soube aproveitar muito bem para tirar heat para ele próprio, respondendo-lhes, aí tiro-lhe o chapéu. E eu em casa a ver, não sabia bem que emoções expressar. Recordando depois, posso dizer que, isto não era material para Bound for Glory, ficou ali uma mancha e foi, pessoalmente, mais um momento desapontante. Outra coisa que tenho que reconhecer é que há sucesso numa área: heat. Cobertinho de heat ficou ele, ficou a suposta tia, ficou tudo. Mesmo que o heat não caia directamente na personagem - é a chatice de haver uma plateia de wrestling que não veja aquilo com olhos de crente e manda o heat lá para trás e não para o ringue. Mas eles vão usar o heat e para ele e, julgando pela atitude que ele foi mostrando em ringue, ele vai saber aproveitá-lo. Mas ainda não dá para deixar para trás o facto de isto ter sido um combate do Bound for Glory.

O que há para o futuro de Ethan Carter III? Tudo, o rapaz começou agora, não tem mais nada a não ser futuro. Se será brilhante? Talvez, não lhe estraguem a personagem. Já desde os tempos de Derrick Bateman que era possível entender que ele tem talento em ringue e também demonstra carisma. Largaram-no, mas já o agarraram noutro sítio, portanto não se pode atribuir a uma falta de potencial. Com esta personagem, deve singrar, se fizerem as coisas como deve ser. Se calhar agora vai andar numa streak de vitórias sobre mais uma data de jobbers que parecem saídos da ala dos nerds do liceu mais perto da arena. Atirá-lo já contra AJ Styles, a pedido da tia, não tinha ainda grande propósito e/ou credibilidade. A ver se a semente dá fruto, lá porque a estreia foi meia tropeçada...

Magnus derrota Sting


 Um outro combate que levava grande potencial, era vendido e esperado como um dos principais e que prometia carregar grande história. Não digo que tinham uma grande responsabilidade em fazer um combate tremendo, mas tinha Sting, o único Hall of Famer e lendário ícone da companhia, a razão de pagar para o ver devia ser boa. E se era o combate para "fazer" a carreira de Magnus também devia ser memorável. E saiu um combate competente, com qualidade, mas não tão memorável como se esperava - lembramo-nos dele mas não com aquela sensação de nos lembrarmos dele involuntariamente.

Se calhar também não era caso para tanto e isto já seja expectativa a mais. Mas esperava-se um médio-a-longo combate com bastante psicologia. Que, por acaso, esteve lá. Começou por mostrar o respeito entre ambos os atletas e os momentos pausados a demonstrar o quão igualados estão os adversários. Mais para a frente, assim que o combate avançasse, teriam a parte de Magnus a começar a ficar tremido. As coisas não lhe saem bem como ele quer, e começa a mostrar algumas mudanças de atitude e o tal respeito começa a azedar assim que o espírito de competição, com assuntos em jogo, decide entrar. Duas partes que esperávamos. E não tardava nada e estava nos jogos mentais. Magnus a imitar Sting e a "rouba-lhe" as manobras. As semelhanças entre finishers de submissão a ser apontadas. E vêm as inversões sucessivas para voltar a balançar as forças. Culmina com o grande final, uma submissão por parte de um lendário veterano, para um jovem do futuro.

Vendo assim, tem os ingredientes todos para fazer um grande combate. Mas por alguma razão parece ter ficado a faltar algo. Terá sido o ritmo com que se desenvolveu? Terá sido a reacção do público? - eles até reagiram bem ao flop do Sting, assim como eu. Terá a história do combate sido contada de forma algo desajeitada e descoordenada? Será que não há grande química entre os dois lutadores? - não vejo que seja por aí. Mas ficou uma sensação de vazio, uma espécie de coito interrompido ou de refeição favorita sem alguns ingredientes favoritos, ou mais alguma analogia parva qualquer que me pudesse ocorrer. Ou então simplesmente fui eu a colocar a expectativa sabe-se lá onde. Porque gostei do combate, reconheci um bom encontro, encontrei um bom contar de história e uma boa psicologia, aclamo as performances de ambos os wrestlers, mas por alguma razão não sinto o impulso de o colocar na lista dos momentos memoráveis e favoritos do PPV. Pode ser culpa minha porque, volto a dizê-lo, o combate foi bom. Se vocês sabem algo que se possa ter passado, digam-no vocês, a ver se me desenrascam aqui.

Para o futuro, veremos o que a atitude de Magnus após o combate possa querer dizer. Não o quero a virar Heel porque seria a enésima vez em pouco tempo e não creio que seja com essa faceta que ele deva subir ao topo. No entanto, podem continuar a trabalhar essa Turn e fazê-lo continuando a fixá-lo em Sting - o melhor alvo para conseguir heat. A Heel, é possível que eventualmente coloque a mira em AJ Styles e no seu título mundial. Mas não é o que eu queria e pode ter sido só do calor do momento e ele recuperar a sua humildade. Não sei se é para resumir a Main Event Mafia, já que deram a impressão dos Aces & Eights ter ressuscitado - no entanto não os vi. Temos primeiro que ver qual a atitude de Magnus nestes próximos dias...

E finalmente:

AJ Styles derrota Bully Ray pelo World Heavyweight Championship e ganha o título


Brilhante. E mais uma performance a fazer juz à alcunha "Phenomenal" de AJ Styles. E outro grande combate que correspondeu às expectativas e que foi tão grandioso como se esperava. Wrestling, storytelling, spots loucos, bumps arrepiantes, interferências, reviravoltas, emoções aos trambolhões, falsos finais, tensão, mais wrestling... Com isto tudo, como se há de achar um combate como este mau? Ainda para mais entre Styles e Bully Ray, dois lutadores de topo que já não são estranhos um ao outro e bons combates juntos já andam eles a fazer há muito tempo.

Esperava-se que fosse o da noite e assim o foi, fechou o PPV em grande e teve verdadeiramente o sabor que as palavras "Bound for Glory" costumam sugerir. Aquele 450 pela mesa dentro foi qualquer coisa de ser repetida muitas vezes, como realmente o foi. E apesar de já esperarmos que o ringue não acabasse inteiro, como tem vindo a ser tradição com Bully Ray, assim o foi, mas porque nós o queríamos e não porque o temíamos. Bom uso das regras - ou falta delas - de um combate No DQ para que um encontro tão pessoal e com tanto em jogo fosse levado ao seu limite em fisicalidade. Aquele canto desprotegido do ringue acabou por ser um dos MVP's do combate, mesmo que se tivesse passado muito fora dele.

Bruto sem necessidade de ter sangue e emocionante sem precisar de montões de finishers a ver o kick out ser feito. Será tido em conta como um dos combates do ano da TNA. Como em tudo o que existe de bom no mundo, tem que haver pelo menos um pequeno problema e aqui nada tem a ver com o trabalho dos dois atletas. Foi mesmo a representação de Dixie. A mulher devia ir aos arames com a vitória de AJ Styles e tinha que tirar dali uma quebra de tensão e nervosismo, devido ao desespero. Em vez disso, parece que só ficou ligeiramente aborrecida. Vamos lá Dixie, mais emoção nas coisas.

Agora daqui para a frente, vai ser a continuação da feud a ressacar deste combate. Com Bully Ray pode prosseguir mais um pouco, mas não creio que seja toda a preocupação dele nos próximos meses. Com quem tem mais encrenca é com Dixe Carter e veremos de que variadas formas é que ela o tentará tramar e tirar-lhe o título - apesar que, insisto, a julgar pela reacção dela no final do combate, ela podia agora encolher os ombros e dizer "fica para a próxima". Mas pronto, rivalidades com as figuras de poder estão na moda outra vez e a gente vai desfrutando porque dá numas coisinhas porreiras. Vamos continuar a ver o Impact Wrestling para ver este reinado de AJ Styles à lupa.

Para concluir o artigo, uma menção muito breve:

Os segmentos


Abyss regressa: Foi a maneira de colocar os Bad Influence no PPV? Pronto, então. Já prevíamos isto no "Countdown", quando Joseph levou uma sova dessa mesma dupla e saiu com vestígios de sangue, já sabíamos que ia accionar a besta. Não foi a vulgar transformação e veio mesmo o Abyss. Temos que esperar para saber onde é que isto vai dar, se é desta que temos o Abyss - que agora o gajo é só regressos mas nunca fica, o The Rock deve gostar dele - se é desta que se revelam os dois como a mesma pessoa. Se vão continuar a esticar isto sem grande rumo. Ficamos à espera a ver.

Kurt Angle renuncia o Hall of Fame: Fiquei curioso. E um pouco confuso também. Porquê, afinal? E quão oficial foi este cancelamento? Estarão a usar o Hall of Fame para storyline? Haverá alguma legitimidade por trás disto? E onde vai Kurt Angle parar depois disto? Quando tenho um parágrafo cheio de perguntas e sem uma única resposta, nem sei se é bom ou mau...

Acho que toquei no que houve de significativo, logo concluo aqui esta revisão ao maior palco da TNA, o Bound for Glory que em 2013 apresentou um bom evento mas que fico na dúvida se fez juz e esteve à altura do seu nome e costume. Podem corrigir-me aqui se acharam que o evento foi perfeitamente competente no seu propósito e se acham que este foi um Bound for Glory a ser bastante recordado no futuro. Porque realmente agora a palavra é toda vossa, quanto ao espectáculo e ao que eu disse acerca dele, eu retiro-me aqui até à próxima semana, se nenhum obstáculo me travar. E já que estamos em altura de pandemónio e fins-de-semana preenchidos... Um bom Hell in a Cell a todos!

Cumprimentos,
Chris JRM

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