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Slobber Knocker #57: Rescaldo do Slammiversary XI


Olá a todos e bem-vindos a mais um Slobber Knocker. A entrada no Verão deste lado do Atlântico está cada vez mais próxima, mas as temperaturas não param de oscilar. Já algo que conseguiu manter sempre uma temperatura alta foi a décima primeira edição do Slammiversary, PPV apresentado pela TNA no passado Domingo e onde conseguiram apresentar um produto de qualidade.....

Como já tenho vindo a fazer hábito, mesmo que não seja dos meus artigos mais originais e mesmo que já existam montes de análises... Agora é a minha vez de fazer uma breve mas suficientemente precisa e esclarecedora revisão desse PPV que foi o Slammiversary.

Brevemente, vejamos o que há a reter destes combates, um por um:

Chris Sabin derrota Kenny King e Suicide num Ultimate X pelo X Division Championship e ganha o título


Já era de esperar que eles abrissem logo com a acção veloz e espectacular da X Division. Mesmo ficando ofuscada para o fundo do "catálogo" que é o card televisivo da companhia, já dão mais importância de novo à X Division - os seus dias de glória é que já lá vão - e fornecem-nos estes combates. Nomes significativos que aqui constavam: o consagrado Campeão já com um background de respeito, o retornado Suicide que acaba por ser um dos muitos sinónimos de X Division e o também retornado Chris Sabin que, com o seu passado na mesma divisão e com o build-up do seu regresso, voltou bastante over.

Com isso, acho que é seguro dizer que todos esperávamos que ele ganhasse. E é aqui que entra a maravilha da X Division, não é só no resultado que reside a imprevisibilidade, há todo um spotfest fantástico pelo meio que, repetindo-me, também é um sinónimo de X Division. Combate bem desenvolvido com direito a spots de aplaudir de pé e deixar a plateia bem quente logo ao início. Mais uma vez, é evidente a criatividade dos integrantes em surpreender o público com "manobras triplas" para que possa haver acção entre todos em vez da complicada estrutura de combates "3-way" em que fica um a repousar e só na hora de um spot chave é que vêm todos.

Sabin venceu e é merecido, muito talento tem ele e muito over está ele. Mas não foi pela sua vitória que os outros ficaram a parecer fracos. A ribalta chegou a pertencer a todos os integrantes e Kenny King não ficou mal visto com o título perdido. Aliás, neste tipo de combate sem pin falls, é o que se espera, nem é questão de alguém ficar deitado mais tempo para uma contagem, é quem faz a louqueira mais brutal para conseguir reter o cinto para si.  Aqui até nem usaram assim muita da acção aérea de levar as mãos à cabeça por ver o quão tolos aqueles gajos são. Mas serviu perfeitamente, estava um PPV aberto e bem aberto. Se não soubessemos que o resto do card já prometia qualidade, estava aqui o primeiro candidato a combate da noite... Mas ainda havia muito para vir.

Sabin vence e até racha a cabeça na sua descida com uma cabeçada no cinto. À homem. De seguida, Hogan surge para anunciar que a tal tradição iniciada por Austin Aries da troca do título da X Division por uma chance pelo título Mundial ainda se mantém, mesmo não havendo Destination X. Ao princípio não gostei muito da aparição de Hogan porque estava ali o rapaz a celebrar e aparece ele a tornar aquilo mais sobre ele do que sobre o novo Campeão. Assim que fez ponte para o combate seguinte... Eh, pronto, deixa andar... E esse combate seria...

Jeff Hardy, Magnus e Samoa Joe derrotam os Aces & Eights (Mr. Anderson, Wes Brisco e Garrett Bischoff)


Primeira coisa que estranhei. Impressão minha ou estavam a tratar este combate como se estivesse a ser marcado na hora? Ficou ali de forma confusa, porque Hogan estava a anunciar o combate e parecia que os Aces & Eights estavam a reagir com surpresa. No entanto, o hype dado a Jeff Hardy, apesar de grande, já parecia de algo que estava anunciado e que já estavam à espera anteriormente. No entanto, houve uma alteração. Não houve DOC para ninguém e foi Mr. Anderson de serviço. Até diria que acharam que ele era muito importante para não constar no card, ou o DOC não estava disposto, visto que ele pouco apareceu.

Como seja, o combate estava marcado, era esperado, Jeff Hardy estava de volta e o combate decorreu. E o estafermo veio de barba, que até lhe deu um ar interessante. O recentemente barbudo não perdeu um único passo no seu tempo parado e os seus parceiros mantêm o nível do costume - no dia em que o Samoa Joe fizer um mau trabalho, um porco levanta voo e aquele Magnus não pára de crescer. Do outro lado, Anderson não fez asneiras - ele nunca foi mau, mas às vezes tem assim umas tendências constrangedoras - Brisco é o que está em crescimento e o Garrett Bischoff ainda é o poste que lá têm para completar 3. Vejo a dizer-se que ele anda a apresentar melhorias e é capaz... Eu é que não encontro ainda qualquer valor aí... Até a sua tentativa de oversell a um Twist of Fate deixou-me confuso... Foi assim tão mau ou já sou eu que tenho cisma e já a tenho pegada com ele? Digam-me vocês porque é uma possibilidade e eu já posso ser suspeito.

Quanto ao combate, foi o que já estava implícito no papel. Não ia ser o combate da noite, não ia ter nenhum momento-chave, não ia ter grande avanço de história, nem ia ser o combate assistido na beira do assento. O propósito do combate? O regresso de Jeff Hardy. E assim foi cumprido. Com barba e tudo. Foi ele que obteve a vitória, foi ele o MVP do combate e foi a ele que se dirigiu a maior percentagem de louros e celebrações. E de barba...

Jay Bradley derrota Sam Shaw e apura-se para as Bound for Glory Series


Este fica no fundo da tabela. Dois ainda "rookies" a lutar por uma oportunidade de "brincar com os grandes". Portanto com a falta de experiência de ambos e com a falta de familiaridade do público, era de esperar que não fosse sair daqui grande combate memorável. Mas foi razoável. O potencial eles têm-no todo - especialmente o vencedor - e daqui para a frente é só melhoria o que lhes há de aparecer. Ainda só estão verdes, mas isso já todos estiveram.

Tiro-lhes o chapéu numa coisa: surpreenderam-me logo ao início. Mal falaram neste torneio para definir um vencedor do Gut Check para ir às Bound for Glory Series, eu meio que encolhi os ombros e pensei imediatamente: é o Christian York... Surpreenderam-me quando ele foi o primeiro a "ir para casa". Está bem jogado, York tem sido o mais bem aproveitado, com mais oportunidades e o mais over com o público. Mas dá agora a sua vez a outro, não lhe faltarão mais episódios de protagonismo.

Quanto ao combate, foi-se mantendo no OK, foi o ponto mais calmo da noite mas não foi caso para dar vontade de ir à casa-de-banho ou ficar com sono. O interesse estava todo lá, eles fizeram o seu trabalho como deve ser - eram as suas estreias em PPV ainda para mais - e o crescimento dos jovens é algo a que tem que se estar sempre de olho. Gosto do Bradley, vejo bastante potencial nele, o Shaw talvez precise de trabalhar mais na parte do carácter e do carisma, porque atléticamente, nada de mal a apontar. O outro também não está assim tão radiante nesses factores mas já parece estar uns passinhos à frente. Tudo coisas que eles podem ir treinando. Lá se atrapalharam um pouco nalgumas partes, mas isso acontece até aos veteranos, e souberam sair por cima.

Ganhou quem eu esperava e veremos se ele conseguirá manter uma boa "run" pelo midcard enquanto vai crescendo. Talvez não fosse má ideia mudar de finisher, que ele não leva aquela pujança que levava o JBL. Para o Shaw não sei o que se segue... Mas como ele ainda nem arrancou sequer, não se pode considerar um travão... Aguardemos e estejamos atentos ao futuro desta rapaziada - eu quero é a Taeler...

Abyss derrota Devon pelo Television Championship e ganha o título


Confesso que já esperava isto. Já antes de ver o Joseph a levar porrada no backstage, palpitava-me que fosse acontecer. Já era um pouco previsível. Uma coisa boa há a apontar: houve mudança de título, o que indica que houve uma defesa do mesmo, o que indica que afinal o desgraçado existe. Este cinto é por etapas, tem umas fases de valor mas tão depressa esquecem-se dele e ultimamente ele andava a segurar as calças do Devon.

O que também era de certa forma previsível era que Abyss ganhasse ouro no seu regresso. E não ia ser o título Mundial logo. Portanto estava tudo a fazer sentido. Tecnicamente, Joseph Park saiu derrotado e deu-se um segundo combate com Abyss com o cinto em jogo - vá lá que foi o Devon que estabeleceu logo o desafio e não foi preciso vir o Hogan outra vez. Abyss não fez a coisa parecer muito difícil e em menos de 4 minutos ganhou o título, fazendo desta a noite dos novos Campeões.

O combate também fica lá pelo fundo em termos de wrestling e muito memorável também não foi. Mas por acaso se fosse mesmo a dar-se o combate com Joseph Park, ainda menos wrestling se esperaria. O principal aqui era história e o ponto-chave aqui era o final - Abyss ganha ouro. É o que era preciso reter. Agora ficaram as questões para o futuro: Haverá mais algum significado por trás daquele sangue de Joseph Park ou foi só para a sua saída e entrada do irmão? Irão os dois ser revelados como a mesma pessoa? Prosseguirão a convencer-nos de que são mesmo dois irmãos desencontrados? Bem... A gente vê o Impact Wrestling todas as semanas, por alguma razão...

Gunner & James Storm derrotam Bobby Roode & Austin Aries, Chavo Guerrero & Hernandez e Bad Influence (Christopher Daniels e Kazarian) pelos World Tag Team Championships e ganham os títulos


Altas expectativas para este combate. Os títulos de equipas da TNA têm uma certa peculiaridade: os títulos têm valor, são notórios e andam a ser disputados por lutadores de alto calibre. Mas não existe uma divisão de equipas propriamente dita. Não há construção de tag teams e as rivalidades têm-se construindo nos últimos meses à volta das mesmas duplas. Mas pensando no assunto e olhando para os grandes nomes aqui envolvidos... Se não estivessem aqui, onde estariam eles? Logo, antes assim, que ninguém nos prive de ver estes lutadores.

Quanto ao combate, repito-me: tinha as expectativas altas. Já não é primeira vez que eles culminam várias equipas num galore de tag teams com os títulos em jogo, deixando os Campeões bastante desfavorecidos. Já esperava que os Campeões perdessem os cintos e também me palpitava que fosse a nova equipa a levá-los para casa... Mesmo que não quisesse muito. Uma equipa feita um pouco à base do "ass-pull" que se vai vendo muito mas que não se via há muito tempo. E temos Gunner como face, o que pode parecer estranho.
Com regras de eliminação, ficava sempre a questão de como trabalhariam as eliminações. A primeira equipa corria o risco de ficar mal vista futuramente. Mas souberam como dar a volta: a primeira eliminação dava-se por desqualificação e a acção dessa desqualificação resultaria na eliminação de outra equipa. Bem pensado. Os desqualificados foram os Bad Influence e os derrotados foram os Campeões, Chavo & Hernandez, causando alguma surpresa por não terem conseguido aguentar até ao fim na defesa do seu ouro.

A parte final serviu para revitalizar um pouco a tão agridoce rivalidade entre Bobby Roode e James Storm, que tantas maravilhas já nos trouxe. E para dar uma perninha no desentendimento entre Aries e Roode com uma colisão de egos que até já foi o que os juntou, logo desde início. Progressivamente e com o créscimo da "babyface-zice", palavra que acabo de inventar, do Gunner... Começou a cheirar-se o vencedor que já se suspeitava anteriormente. Gunner é a estrela e leva os cintos para casa juntamente com o seu novo parceiro, James Storm, com quem partilhou umas cervejas celebratórias. Não gosto é de ver o Austin Aries a fazer "tap out" e já foi a segunda vez em pouco tempo, mas pronto.

O combate foi muito bom e até conseguiu corresponder às expectativas. Não houve assim aquele spotfest fantástico como foi noutros culminares de equipas há um ano atrás - dessa vez havia AJ Styles e Kurt Angle pelo meio - mas não ficou a necessidade. Teve a quantidade de spots suficiente e deu para todos brilhar, nem que fosse um mínimo - Gunner também vai começando a ficar over. Nada contra os novos Campeões, mas há uma situação a causar um pouquinho de sarna: os títulos estão agora na posse de um gajo lesionado e de outro que regressou ao activo há uma semana e pico depois de meses fora. Isto ultrapassa-se com o tempo e não é nada que cause assim tanto incómodo... Mas assim no papel não fica tão bem visto...

Taryn Tarrell derrota Gail Kim num Last Knockout Standing


Porra! Isto foi um combate feminino? Avé, louvadas sejam todas as criaturas mitológicas que já se inventaram e ainda se podem inventar! Quando um combate de Knockouts tem cânticos de "Holy shit" e consta entre os melhores da noite... É para aplaudir de pé! Caramba, acho que da última vez que verifiquei as sondagens neste mesmo site, era este combate que liderava o ranking de combate da noite! E quem costuma ler o meu trabalho já sabe o quanto eu apoio o wrestling feminino... Portanto isto para mim foi uma bênção! E... Sê bem-vinda, Taryn... É assim que se começa!

Last Knockout Standing, um novo conceito que consiste simplesmente num Last Man Standing só que com mulheres. Já por aí há fasquia muito mais elevada. E não é que elas conseguiram mesmo elevar também a agressividade, entusiasmo e psicologia para além de muitos combates Last Man Standing que já vimos?

Contam-se crossbodies com cadeiras pelo meio, contam-se colisões de cabeça com cadeira. Auto-arremessos para o exterior e ameaças de piledrivers naquele mesmo solo. O grande culminar foi uma espécia de cutter/bulldog da rampa para o chão abaixo, que foi o que levantou toda a gente da cadeira e puxou os cânticos todos. Spots memoráveis e é quando se descreve um combate com tão boa memória desses momentos que nos apercebemos do quanto gostamos de o ver. E foi na divisão feminina, o que me deixou a fazer vénias. Espero bem que nunca tenha prometido construir nenhuma capela no caso de algo deste nível acontecer, porque senão estava bem lixado agora.

Combate feminino do ano, sem sombra de dúvida. Isto só deixou a companhia à rasca numa parte: como é que seguem isto agora? Uma coisa é certa, as Knockouts podem estar num nível muito acima das Divas - em atenção, pelo menos - mas atravessa-se uma má fase para o wrestling feminino, em geral. Este combate foi um raio de luz mas foi de tão alto nível que fica-se sem saber se há possibilidade de dar-lhe continuidade. Mas porra, já aconteceu isto, já é mais que muito bom! Grande combate que consta no Top 3 dos melhores combates da noite - na posição que quiserem. E foi de Knockouts. Adoro surpresas destas...

Nota: Fui o único a imaginar o Drew McIntyre a levar com aquele cutter/bulldog ou há mais alguém doentio por aqui?

Kurt Angle derrota AJ Styles


Outro que mantinha as expectativas bem lá encima. Nem dava para haver dúvidas. Se já tinha AJ Styles ou Kurt Angle as expectativas são altas, então se forem os dois... Foi um dos combates mais longos da noite e era de esperar. Também se esperava que fosse funcionar como um main event secundário. A única coisa que deixava os espectadores naquela, sem ter bem a certeza do que poderia acontecer era o estilo de AJ Styles em ringue. Que lhe mudaram a personalidade, tudo bem, o wrestling é assim. Mas também parece ter havido uma tentativa de mudar um pouco o estilo de luta de Styles, mais brawler, a condizer mais com a sua personalidade sinistra. Foi a impressão que deu no combate com Mr. Anderson no Impact Wrestling anterior e, sinceramente, saiu um combate algo medíocre. 

Felizmente foi o Styles que bem conhecemos que aqui competiu. Levava na mesma a sua atitude mais agressiva, mas traduzia-se noutros comportamentos e não propriamente no seu wrestling. O combate levou aquela mistura tão boa de wrestling técnico, spotfest e psicologia. Volto a dizer, era o que se esperava com estes dois, poucos o fazem melhor que eles. Não creio que seja necessário comentar a parte técnica de Kurt Angle, era como estar a dizer-vos que os pássaros são bons a voar. O que destaco mais aqui é a parte psicológica que foi a cereja no topo do bolo: não foi das rivalidades mais longas e longamente construídas, até teve um ponto de partida bastante rápido. Mas os dois conseguiram trabalhá-la para nos vender bastante azedume entre eles.

Após muitas trocas de inversões e falsos finais para nos levantar da cadeira, acaba por ser Kurt Angle a levar a melhor sobre o mentalmente alterado "Phenomenal". Por acaso para ser sincero, antes do PPV, pendia para que fosse AJ Styles a sair vencedor. Assim que Kurt Angle é introduzido no Hall of Fame durante a noite já entrei em conflito e fiquei dividido. Até é bom sinal, não estava a conseguir prever. Por um lado, AJ Styles precisa de uma "mean streak", uma boa onda de vitórias controversas, tem que se vender tanto como uma ameaça como um herói salvador, tendo em conta que nenhum dos lados o consegue puxar. O Styles solitário deveria recuperar muito do que perdeu seguindo a sua onda e deixando todos os seus adversários - os bons, os maus, todos - desejosos de o ter do seu lado. Styles precisava do destaque que Styles sempre mereceu. Mas por outro lado... Kurt Angle tinha acabado de ser anunciado como o novo integrante do TNA Hall of Fame deste ano, onde se juntará a Sting. Após aquele tributo e homenagem e segmento emocional, convinha manter a glória de Kurt Angle. Mesmo que no ano anterior, Sting perdesse o seu combate, acabou por sair por cima no pós combate. E aqui não havia muito por onde conseguir isso.


Após a apreciação do grande combate, incluo nesta mesma secção a revisão ao segmento de apresentação de Kurt Angle como segundo membro do TNA Hall of Fame. Já que o mencionei, faço aqui a ponte. É um tremendo nome e faz todo o sentido. Kurt Angle, com o seu talento e currículo, é a definição do que é um Hall of Fame. Ainda está activo, mas não dava para ser de outra forma. A TNA tem uns meros 11 anos de existência, não têm aquelas lendas imortais de outras décadas que reinventaram o wrestling. Mas têm alguns que o serão no futuro e que já têm carreiras capazes de garantir que eventualmente poderiam constar no Hall of Fame da WWE. A TNA apenas está a fazê-lo primeiro e a aproveitar enquanto ainda estão activos. Quiçá seja essa a intenção, ter um Hall of Fame activo e criar a possibilidade de apresentar combates entre Hall of Famers na sua programação habitual. O que é mais certo, já o disse: Kurt Angle é a personificação do que deve ser um Hall of Fame e é merecidíssimo. Dúvidas? É ver a montagem que apresentaram quando o anunciaram. Aí já está um quarto do que Angle vale, mais ou menos. Mais dúvidas? Que se veja qualquer combate dele...

Bully Ray derrota Sting num No Holds Barred pelo World Heavyweight Championship e retém o título


O grande e tão esperado main event. Com grandes implicações e com muitas artimanhas a ser antecipadas. "No Holds Barred" para não haver limites no que podiam fazer um ao outro e para que houvesse asas para os Aces & Eights fazer os estragos todos que quisessem - mas alguém podia ter dito ao Anderson que ele podia estar descansado e não precisava de se esconder depois de dar o martelo. Coisas a ter em conta: a estipulação que impedia Sting de lutar mais alguma vez pelo título Mundial se perdesse. Nada de mais, podia perder à vontade. Para que é que ele precisa agora de títulos? Há algo que ele ainda não tenha feito? Sim, lutar contra o Undertaker, eu sei, e ele mesmo fala muito nisso, mas OK, fora isso. Sting tem a carreira que muitos desejariam ter nem que fosse só metade. Conservadíssimo e em óptima forma aos 54 anos de idade, está impecável para prosseguir a competir, mas já não é idade para ser Campeão Mundial. E se puder fechar o capítulo dos seus campeonatos colocando alguém over, óptimo. Fê-lo com um que, pode não ser dos mais jovens, mas está num altíssimo ponto da sua carreira. Portanto todos os louros para Sting, grande lutador, grande atitude em deixar o título para trás. Tudo o que tinha a fazer está feito, incluindo tornar-se uma lenda.

Outra coisa a ter em conta: o piledriver. Muita gente ainda precisa de se convencer de que não foi a WWE que baniu a manobra devido a uma classificação televisiva. O caso Benoit abalou todo o mundo do wrestling e já nem cadeiradas na cabeça vêem em algum lado, pelo menos nas grandes - é claro que a CZW, por exemplo, está-se bem a marimbar - e manobras perigosas como o piledriver também foram retiradas. Situações em que é trazido de volta: quando Undertaker aparece e precisa da versão dele; quando o Punk decide ser Punk e borrifa-se para as regras; situações pouco usuais como esta: abertura por uma noite em que se aumenta a fasquia e empurra-se para lá a linha de limite do que os lutadores querem fazer um ao outro. E pronto, lá houve uma valente banhada na madeira que até a mim me doeu.

O combate foi um festival caótico. Dos que dá gosto ver. Um pormenor curioso foi o facto de termos tido um SuperSting. Era de esperar, este seria o seu último campeonato, tendo em conta que já esperávamos este resultado, tinha que abandonar isto em grande. E admito que, por momentos, até parecia que estava a ver o Cena. Nada o mantinha embaixo, quais piledrivers na madeira, quais quê. Isto pode ser frustrante para alguns. Para mim não, sinceramente. Adequava-se à situação e levava uma boa carga psicológica a cada levantar de ombro. Muito superior à troca de kick-outs entre The Rock e Cena na última Wrestlemania em que chegou a um ponto em que mais parecia um "ora dás tu, ora dou eu". Este levava muito mais propósito e emoção. E até Bully Ray, o mais sujo dos sujos, também estava rijo e não foi a madeira que o deteve também.

Foi depois deste tal festival caótico que falei em que já os Aces & Eights tinham sido convidados à festa e que até fez o Garrett Bischoff brilhar - ao menos serve para alguma coisa, bumps, que ele voou que nem um papagaio de papel - que tiveram que trabalhar o final. Depois de cerca de um quarto de hora de acção para trás e para a frente e a ser-nos vendida a ideia de que não havia nada que derrotasse este dois, teve que ser à maneira Aces & Eights. à martelada. Trademark de Bully Ray e do grupo e foi um banano bem assente na mona do "Icon" que o deixou a dormir e possibilitou a vitória de Bully Ray. O reinado do Presidente dos Aces & Eights continua! E num tremendo combate!


Tudo isto é o que posso acrescentar acerca daquilo que se passou no ringue do Slammiversary em Boston. Concluo de forma geral, da maneira mais simples que podia: foi muito bom. É bom ver como a companhia estava há coisa de 2 anos atrás e como ela foi capaz de colocar a cabeça no sítio e reerguer-se. Que mantenham este nível e que venha daí um tremendo Bound for Glory em Outubro.

Agora o resto cabe a vós. Sei que já não há muito a dizer, já passou quase uma semana e já devem ter passado por dezenas de revisões ao pay-per-view, mas como seja, comentem como quiserem acerca do que escrevi e acerca do que acharam do PPV e o que é que querem ver no futuro a partir destes resultados. Para a semana cá estarei, espero eu...

Cumprimentos,
Chris JRM
Com tecnologia do Blogger.