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MMA: UFC on FUEL TV 6: Franklin vs. Le - Antevisão + Pesagens


O UFC faz amanhã a sua estreia em solo chinês. A maior organização de MMA do Mundo chega ao mais populoso do mundo, berço de várias artes marciais. A Cotai Arena em Macau recebe o UFC on FUEL TV 6, com um card recheado de atletas asiáticos. O repleto card principal de seis lutas será liderado por um duelo de ex-campeões do peso médio. Rich Franklin, antigo dono do cinturão do UFC, vai bater de frente com Cung Le, ex-detentor do cinto do Strikeforce.....

Dois brasileiros que precisam voltar a vencer estarão em acção na porção principal do card. O meio-pesado Thiago Silva pega o búlgaro Stanislav Nedkov enquanto Paulo Thiago encara o coreano Dong-Hyun Kim. Outra atração será o peso leve japonês Takanori Gomi. O ex-campeão do PRIDE vai enfrentar o americano Mac Danzig. Completam a escalação o chinês Tiequan Zhang, que terá pela frente o ex-TUF 15 Jon Tuck, natural da ilha de Guam, e o japonês Takeya Mizugaki, que vai encarar o americano Jeff Hougland.

O destaque da primeira parte do card é a luta entre o explosivo brasileiro John Lineker e o experiente japonês Yasuhiro Urushitani, pela nova divisão dos moscas. Entre os pesos galos, o japonês Motonobu Tezuka enfrenta o sorridente americano Alex Caceres. O mesmo duelo EUA x Japão se repete entre os médios Tom DeBlass e Riki Fukuda. Abrindo os trabalhos na noite asiática e manhã brasileira, o sul-coreano Hyun Gyu Lim estreia no UFC contra o americano David Mitchell.

O card completo do UFC on FX 6 é o seguinte:

CARD PRINCIPAL

Peso-médio (até 84,4kg): Rich Franklin x Cung Le
Meio-pesado (até 93,4kg): Thiago Silva x Stanislav Nedkov
Meio-médio (até 77,6kg): Dong Hyun Kim x Paulo Thiago
Peso-leve (até 70,8kg): Takanori Gomi x Mac Danzig
Peso-leve (até 70,8kg): Tiequan Zhang x John Tuck
Peso-galo (até 61,7kg): Takeya Mizugaki  x Jeff Hougland

CARD PRELIMINAR

eso-galo (até 61,7kg): Alex Caceres  x Motonobu Tezuka
Peso-mosca (até 57,1kg): Yasuhiro Urushitani x John Lineker
Peso-médio (até 84,4kg): Riki Fukuda x Tom DeBlass



O evento terá amanhã aqui transmissão ao vivo a partir das 11:15 horas de Portugal e 09:15 horas de Brasil

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Card Preliminar

Alex Caceres (EUA) vs Motonobu Tezuka (JAP)

Alex Caceres foi revelado para o público no The Ultimate Fighter 12, quando conquistou boa popularidade graças a um inegável carisma, uma vasta cabeleira black power e o simpático apelido de Bruce Leroy (personagem do filme “O último dragão”, clássico da “Sessão da Tarde”). Após ser eliminado do programa por Michael Johnson, Alex fez cinco lutas no UFC, com duas derrotas no peso pena, para Mackens Semerzier e Jimmy Hettes, e duas vitórias como galo (Cole Escovedo e Damacio Page) e uma derrota injusta para Edwin Figueroa, quando teve dois pontos deduzidos pelo árbitro central. Após achar sua categoria ideal, Caceres diminuiu as brincadeiras e parece estar mais focado, deixando fluir um jogo criativo, porém ainda frágil defensivamente. O americano está com 24 anos, possui 1,78m de altura e 1,90m de envergadura, enquanto seu cartel é de sete vitórias e cinco derrotas.

Seu adversário seria o sul-coreano Kyung Ho Kang, que se contundiu a menos de dez dias do evento, dando lugar ao estreante japonês Motonobu Tezuka, oriundo do Pancrase, evento japonês com um regulamento levemente diferente da maioria de eventos de MMA. Tezuka é faixa preta de judô e caratê zendokai, além de faixa marrom de jiu-jítsu. O cara curte entradas exóticas na arena de combate, geralmente com fantasias de vilões de séries japonesas. Tezuka faz o estilo “carrapato”, com clinch, tentativas de quedas e movimentação moderada no solo, buscando sempre o controle da posição. Sua trocação é mediana, sem muita criatividade nem explosão. Tem 25 anos, é oito centímetros mais baixo que seu oponente, tem quatorze centímetros a menos de envergadura e seu cartel é de 19-4-4, com apenas uma derrota nas últimas dezasseis lutas.

Contra o Caceres que lutou o TUF e as duas lutas como pena, Tezuka venceria tranquilamente, mas a evolução do americano lhe dá o favoritismo para levar a vitória na decisão.

Yasuhiro Urushitani (JAP) vs John Lineker (BRA)

Yasuhiro Urushitani construiu uma boa carreira nos ringues japoneses, principalmente no Shotoo, onde conquistou o cinturão mundial e venceu atletas duros como o actual desafiante do UFC e vencedor do TUF 14 John Dodson e Mamoru Yamaguchi. Mas todo mundo estranhou quando Urushitani foi escalado no torneio que definiria o primeiro campeão peso mosca do UFC, em detrimento de Jussier Formiga, Darrell Montague ou o próprio Dodson. A maneira como foi nocauteado por Joseph Benavidez reforçou esta impressão, mas Urushitani tem o seu valor. É rápido, técnico e se vira bem no chão, embora lhe faltem força física e poder de nocaute. Com 36 anos, tem 1,65m de altura e cartel de 19-5-6.

John Lineker barbarizava entre os galos nos eventos nacionais, principalmente no Jungle Fight, onde se firmou e parou de lutar nove vezes em um ano, como fez em 2009, para se preparar de forma mais cuidadosa. Acumulou treze vitórias consecutivas, incluindo sobre nomes importantes como Renato Velame e Iliarde Santos. Convocado pelo UFC, Lineker fez a luta da noite contra Louis Gaudinot até cansar e sucumbir em uma justa guilhotina do camarada de cabelo verde. Após o combate surgiram informações que o “Mão de Pedra” teve problemas com o corte de peso (não alcançou o limite da categoria) e alguns integrantes de sua equipe tiveram problemas com o visto e não puderam ajudá-lo da melhor forma na semana da luta. Justificativas à parte, o rapaz do moicano colorido tem mais uma chance de mostrar que pode fazer parte da elite da divisão, e aposta em seu boxe rápido e em seus punhos, conforme o apelido indica. Este garoto de apenas 22 anos tem cartel de veterano (19-6) e 1,60m de altura.

O japonês precisa “cozinhar” o combate, diminuindo o ímpeto do brasileiro, para tentar levar a vitória na decisão. Já Lineker provavelmente vai buscar a troca franca e deve conseguir o nocaute até a metade da luta.

Riki Fukuda (JAP) vs Tom DeBlass (EUA)

Riki Fukuda praticava wrestling (luta olímpica) e pro-wrestling (modalidade que mescla luta com encenação) antes de optar pelo MMA. Com isso, tem uma sólida base em jogo de quedas, com muita agilidade, mas normalmente seus combates ficam devendo em emoção. Sua trajectória inclui os eventos japoneses Pancrase, DREAM e DEEP, além do americano EliteXC, com vitórias importantes sobre Murilo Ninja, Yuya Shirai e Steve Cantwell, esta última já pelo UFC. No octógono, Fukuda teve ainda uma derrota contestadíssima para Nick Ring e outra clara para Costa Philippou, em sua última luta, no UFC 148. Tem 31 anos, 1,83m de altura e dois centímetros a mais de envergadura. Seu cartel é de 18-6 e é um cara duro, que só foi nocauteado uma vez, no já distante Janeiro de 2006, e jamais foi finalizado.

Tom DeBlass estreou no UFC como meio-pesado, tomando um grande prejuízo do unidimensional Cyrille Diabaté. Mas o detalhe é que esse aluno de Ricardo “Cachorrão” Almeida (que lhe graduou com a faixa preta de jiu-jítsu), também é um atleta bem desenvolvido em apenas uma arte marcial. Construiu a carreira no Ring of Combat, onde acumulou sete vitórias que o levaram até o UFC, mas, após a má apresentação na estreia, precisa mostrar mais serviço para garantir o emprego. Tom tem cartel de 7-1, 1,80m de altura, cinco centímetros a mais de envergadura e possui 30 anos de idade.

Fukuda é mais experimentado e é provável que controle a luta até vencer na leitura das papeletas. A melhor estratégia para DeBlass é conseguir quedar o japonês e, por cima, buscar uma submissão ou um nocaute técnico.

David Mitchell (EUA) vs Hyun Gyu Lim (COR)

David Mitchell é um finalizador que já conquistou os cinturões do Cage Combat e do Tachi Palace Fights antes de ser contratado pelo UFC. Faixa roxa de Dave Terrell, ex-desafiante dos médios do UFC, “Daudi” chegou para o evento da Zuffa com cartel perfeito de onze vitórias, sendo nove por submissão, sete no primeiro round e duas antes da metade do segundo. Mas, no UFC, conheceu a dura realidade e o lugar-comum (muito verdadeiro) de que o buraco é mais embaixo. Foi dominado por TJ Waldburger e por Paulo Thiago, este último no famoso UFC 134, o primeiro no Rio de Janeiro. Mitchell possui boa envergadura e altura, que utiliza bem para conseguir posições no solo, buscando terminar luta. Foi quedado com facilidade por TJ e Thiago, embora consiga se defender bem no solo, evitando ser submetido ou um ground and pound mais contundente. Sua trocação, apesar da faixa preta de kwon bup (arte de trocação coreana), está em um nível abaixo do esperado para um atleta do UFC. Aos 34 anos, David possui cartel de 11-2, 1,83m de altura e 1,90m de envergadura.

Seu adversário, o sul-coreano Hyun Gyu Lim é perigoso justamente no ponto fraco de Mitchell, a trocação. Com origem no boxe, adicionou bons chutes ao seu repertório, além de ter um jiu-jítsu decente, que usa para evitar os ataques de submissão e ainda arrisca alguns ataques da guarda. O seu tamanho é um assunto à parte, pois Lim é absolutamente gigantesco para um meio-médio, com seu 1,88m de altura e 2,10m de envergadura (e, em entrevistas, já declarou que recupera cerca de quinze quilos para as lutas). O atleta da Korean Top Team chega ao UFC sob expectativas de fazer uma boa carreira na organização, pois assinou em um momento propício, após superar um início de carreira irregular e se estabilizar no peso e nas organizações em que lutou. Com 27 anos, seu cartel actual tem 10-3-1, com sete vitórias por nocaute e duas por submissão, tendo vencido as suas últimas cinco lutas no primeiro round.

Mitchell precisa levar esta luta para o chão, já que o nível de sua trocação não lhe recomenda encarar o asiático em pé. Pode ter dificuldades em quedar, além de Lim saber se defender caso David consiga a queda. Mas a aposta é que Mitchell conhecerá a primeira derrota por nocaute ou nocaute técnico de sua carreira.

Card Principal

Rich Franklin (EUA) vs Cung Le (VIE)

Quando a organização estreou no sistema sem pay-per-view, Franklin encabeçou o card contra Ken Shamrock. Ele também esteve nos pósteres das estreias do UFC na Irlanda, Irlanda do Norte, Alemanha e agora foi convocado para o primeiro evento na China. Dirigiu uma equipe na segunda temporada do TUF, substituiu Tito Ortiz na décima primeira, encerrou a carreira de Chuck Liddell e cobriu o buraco deixado por Vitor Belfort no UFC de Belo Horizonte. Franklin puxa a fila dos “funcionários-padrão do UFC”.

Para minimizar os efeitos devastadores do fuso horário e tentar se adaptar ao estilo nada ortodoxo de seu oponente, Franklin voltou para Singapura, que está no mesmo fuso de Macau, no dia 23 de Outubro. Lá ele treinou com especialistas em wushu e sanda, algo muito útil para o tipo de adversário que ele vai encarar, completando o camp que começara na preparação para o combate que deveria ter acontecido em julho, no UFC 148.

O ex-professor de matemática Richard Jay Franklin II foi o campeão destronado (e destruído) por Anderson Silva em 2006. Faixa marrom de Jorge Gurgel, pupilo do “Mago” Matt Hume, Franklin não teve base formal em artes marciais, o que lhe acabou rendendo bom conhecimento em todos os ramos do jogo. Desde que perdeu a revanche para Anderson, ele ostenta retrospecto de 7-4 entre os pesos médio, meio-pesado e pesos combinados entre as duas categorias. Este histórico recente poderia ser de 8-3 se não fosse a controversa derrota para Dan Henderson no UFC 93. Aos 38 anos, Rich decidiu parar de volta nos pesos médios para uma última tentativa de disputar o cinturão antes de se aposentar.

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O começo de Le nas artes marciais foi o extremo oposto dos videotapes de Franklin. Ele se mudou aos 3 anos para os Estados Unidos, foi campeão mundial invicto de sanshou, capitão da seleção americana no mundial de wushu, é faixa preta de taekwondo, chegou a ser campeão estadual (e all-american) no ensino médio na Califórnia de luta olímpica e foi graduado como faixa azul em jiu-jítsu. Esta salada gerou um dos lutadores com o arsenal de chutes mais variados, potentes e não-ortodoxos que o MMA já viu (sua luta contra Frank Shamrock, no Strikeforce, ficou famosa depois que o americano saiu do cage com os dois braços quebrados por tentar defender os chutes de Le).

A mistura de estilos do vietnamita ficou clara em sua última luta, quando dominou Patrick Côté e viu sua primeira apresentação não terminar em nocaute a favor ou contra. Um mar de chutes baixos, altos e no corpo foram finalizados com duas boas quedas no fim da luta, garantindo a vitória por decisão a Le. Antes ele havia estreado no UFC com derrota para Wanderlei Silva, no UFC 139.

Le chegou ao UFC com a fama de ter sido campeão do Strikeforce e só ter sido derrotado uma vez, numa luta em que massacrava Scott Smith antes de virar estatística nas viradas sensacionais do americano. Além disso, a carreira de actor em filmes de acção também colaborou com sua popularidade (e inflacionou suas bolsas). Ele já vingou a derrota para Smith e chega a esta luta com 40 anos e cartel profissional no MMA de 8-2, com sete vitórias e duas derrotas por nocaute.

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Cung Le anunciou que está com um dos pés machucados e que sequer teria aceitado lutar se o evento não estivesse acontecendo na China, berço de suas artes marciais favoritas. Isto significa que Franklin será menos chutado do que o normal nas lutas de Le. Porém, mesmo sem estar nas melhores condições, Le deve proporcionar mais um empolgante espectáculo enquanto a luta durar. Provavelmente ele será nocauteado, mas não sem antes distribuir chutes que farão os chineses delirarem.

Como condicionamento físico falta para Le e sobra para Franklin (inclusive na capacidade de absorver castigo, o que ficou claro no segundo round contra Wand, no UFC 147), o americano deve usar sua vantagem na envergadura e na movimentação para se manter longe dos pontapés do rival até vê-lo cansar. Quando isto acontecer, provavelmente no terceiro round, Le será um corpo estendido no chão.

Thiago Silva (BRA) vs Stanislav Nedkov (BUL)

O paulista era um invicto lutador com 13 vitórias quando foi nocauteado por Lyoto Machida, no UFC 94, em Janeiro de 2009. Quase quatro anos depois, Thiago venceu apenas o limitado Keith Jardine, em agosto daquele ano. Desde então vê-se às voltas com contusões e até uma suspensão por doping que fez a vitória sobre Brandon Vera virar no contest. Ficou um ano parado entre a derrota para Rashad Evans e a luta contra Vera, depois mais de um ano antes de sentir a inactividade e ser atropelado por Alexander Gustafsson, numa apresentação que nada lembrou o agressivo lutador de outrora.

Basta ver o cartel de Thiago para entender porque ele é um dos lutadores favoritos do público brasileiro. Mesmo sendo faixa preta de jiu-jítsu, só um adversário no começo da carreira, em 2006, resistiu três rounds sem ser nocauteado. Na luta seguinte, o experiente holandês Dave Dalgliesh foi finalizado. Todos os demais derrotados por Thiago acabaram nocauteados.

Aos 29 anos, Thiago luta para limpar sua reputação após o doping e para voltar à elite da categoria, deixando o incômodo posto de porteiro da divisão dos meio-pesados. O integrante da Blackzilians tem retrospecto profissional de 14-3, com duas derrotas por decisão e o nocaute sofrido por Lyoto.

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Nedkov chegou ao UFC causando surpresa. Contra Luiz Banha, ele calou a HSBC Arena lotada e tornou-se o único estrangeiro a vencer um lutador brasileiro no primeiro UFC Rio. Ele voltaria para a segunda edição carioca, mas uma contusão o obrigou a desistir do confronto contra Fabio Maldonado.

Ex-campeão búlgaro de wrestling, Nedkov é faixa preta de jiu-jítsu e é um lutador duro como todo representante do leste europeu. Normalmente ele prefere começar as lutas trocando socos, o que faz com muita intensidade e técnica mediana, aproveitando também sua capacidade de absorver castigo, como ficou claro contra Banha. Quando este começo frenético de luta é superado, Nedkov costuma usar suas credenciais na luta agarrada, arremessando os oponentes ao chão e procurando submetê-los.

Aos 31 anos, o representante da Bushido Bulgaria tem 12 lutas em seu cartel profissional de MMA, todas vencidas, metade delas por nocaute e outras quatro por submissão. Assim como Thiago, Stanislav também vem sofrendo com a inatividade, tendo feito apenas uma luta em 2010, uma em 2011 e nenhuma neste ano.

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Baixo para a categoria (pouco mais de 1,80m de altura) e troncudo, o europeu tem o biótipo ideal para defender quedas. Como ele também se vira muito bem no chão, pode equilibrar o duelo caso a luta passe para o grappling.

O verdadeiro prejuízo para o búlgaro será sua desvantagem na envergadura. Ele terá trabalho para manter Thiago a uma distância segura. Os socos jogados de qualquer jeito serão um convite para o brasileiro entrar no raio de acção de Nedkov e maltratá-lo ali. Como a luta deve descambar para a pancadaria, em algum momento Thiago conseguirá acertar Stanislav e colocar fim à disputa.

Dong-Hyun Kim (COR) vs Paulo Thiago (BRA)

Depois de ver sua invencibilidade ruir no UFC 132 por causa de uma joelhada voadora de Carlos Condit, Kim recuperou-se e venceu bem o canadense Sean Pierson durante o UFC 141. Ele voltou ao octógono para ser o primeiro oponente de Demian Maia como meio-médio e não resistiu a uma cinturada e uma queda, caiu com o braço em cima da costela machucada e acabou nocauteado em menos de um minuto.

Apesar das duas derrotas nas últimas três apresentações, foi exactamente na vitória sobre Pierson que Kim mostrou evolução. Ele abandonou o estilo “cobertor” de derrubar os oponentes e sufocá-los no chão. O forte judoca mostrou uma trocação sólida, boa percepção de contragolpes e chutes baixos, dificultando um pouco o plano de jogo de seus adversários, já que ele pode não ser mais tão previsível como era antes.

A previsibilidade não atrapalhou muito o coreano, visto que ele estava invicto em 16 lutas (14-0-1 e um no contest) até perder para Condit, um rival tecnicamente superior. Com 30 anos, Kim tem 1,85m de altura e oito centímetros a mais na envergadura.

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Pense num sujeito com vida dura no UFC. Paulo Thiago é o nome. O rapaz estreou contra Josh Koscheck e encarou Jon Fitch, Mike Swick, Martin Kampmann, Diego Sanchez e Siyar Bahadurzada em oito lutas no principal evento do mundo. Teve vida mansa apenas contra David Mitchell, no UFC Rio (sua outra luta foi contra o hoje perigoso peso leve Jacob Volkmann). Venceu metade e conquistou o respeito dos fãs.

Faixa preta de jiu-jítsu e de judô, o oficial do BOPE de Brasília tem também uma marreta em seu punho direito e muita precisão e sangue frio na hora de encaixar um contragolpe, como mostrou contra Kos e Swick. Especialista na luta de solo, o brasiliense é dinâmico tanto por cima quanto por baixo, capaz de finalizar e raspar seus oponentes.

Aos 31 anos, o “Caveira” tem um cartel de 14-4, com oito vitórias por submissão e duas por nocaute. Ele sempre fez parte da Constrictor Team, mas, segundo informou o blog MMA, do jornal O Globo, vai se desligar quando voltar da China. Paulo Thiago já viajou com os treinadores Rafael Alejarra e Lula Guerreiro (preparação física), Ulisses Pereira (boxe) e Alex Leleco (jiu-jítsu).

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A melhora no jogo de trocação de Kim, adicionada à sua vantagem na envergadura, vai dificultar o trabalho de Paulo Thiago encaixar um golpe derradeiro. Aliás, juntar dois grapplers do nível de Kim e Thiago e querer que a luta seja decidida na trocação seria um desperdício.

Uma hora ou outra, e provavelmente cedo, a distância acabará sendo encurtada. Fisicamente maior, Kim terá mais chance de ficar em vantagem seja no clinch contra a grade, seja no solo, por cima. Paulo Thiago terá que ser mais activo do que nunca no solo, tentando arrumar uma finalização ou raspagem. Mas a tarefa vai ser dura e o “cobertor” deve abocanhar mais uma vitória por decisão.

Takanori Gomi (JAP) vs Mac Danzig (EUA)

Gomi chegou ao UFC já em fase decadente, mas ainda com a fama de ídolo do MMA japonês (e de muitos ocidentais também). Recebeu algumas pedreiras de brinde de Joe Silva e chegou a ficar na marca do penalti, com apenas uma vitória em quatro lutas. No UFC em sua terra natal, viu a derrota se aproximar contra Eiji Mitsuoka, mas acabou se impondo e nocauteando o oponente no segundo round.

Com a base tipicamente americana de juntar wrestling e boxe, Gomi um dia pensou em desafiar Fedor Emelianenko num torneio sem limite de peso no PRIDE. Claro que isso nunca aconteceu, mas os punhos rápidos e pesados abriam caminho para quedas e ground and pound – isso quando as lutas não eram resolvidas antes. Porém, sempre mostrou alguma dificuldade contra especialistas na arte suave: apagou em seu auge nos braços de Marcus Aurélio, ainda no PRIDE, e perdeu as três no UFC por submissão.

Apesar de parecer um veterano em fim de carreira, Gomi está com 34 anos. Ele tem 1,72m de altura, 1,78m de envergadura e cartel profissional de 33-8 e um no contest, sendo 2-3 no UFC. Ele saiu com vitórias por nocaute em 13 oportunidades e os juízes decidiram lutas a seu favor em outras 14 apresentações. Por outro lado, foi finalizado em seis de suas oito derrotas. Para voltar a evoluir tecnicamente, passou a treinar nos Estados Unidos na American Kickboxing Academy.

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Danzig entrou no UFC como campeão do TUF 6, uma das gerações mais fracas do reality show. Baixou de categoria e nunca fez nada demais, conseguindo pelo menos ficar no perde-ganha depois de sair derrotado em três oportunidades seguidas e ouvir um “last call” do RH da Zuffa.

Dono de um boxe decente, bom no clinch e na defesa de quedas, tem dois bônus de luta da noite em duas derrotas no UFC, além de ter sido agraciado pelo nocaute sobre Joe Stevenson. Suas maiores armas ofensivas são as boas combinações no boxe e o violento trabalho de uppercuts e cotoveladas no clinch.

O integrante da PKG de 32 anos e 1,74m de altura tem cartel de 21-9-1, com 5-5 no UFC. Venceu dez combates por submissão e metade disso por nocaute. Foi nocauteado por Hayato Sakurai no PRIDE e finalizado por Josh Neer e Matt Wiman no UFC.

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Gomi tem passado dificuldades quando pega um lutador como Danzig, capaz de mesclar golpes na cabeça e no corpo movimentando-se bastante. Por este motivo, o ideal para ele seria apostar em encurtar a distância, derrubar o americano e martelá-lo no ground and pound. Infelizmente para os fãs, o actual “Fireball Kid” tem se preocupado mais em encontrar um mata-cobra derradeiro do que trabalhar um plano de jogo decente. Sendo assim, Takanori deve engolir outra derrota caso não acerte uma pedrada em Mac.

Tiequan Zhang (CHI) vs Jonathan Tuck (GUAM)

O MMA chinês não é tão desenvolvido e Zhang é uma prova viva disso. Ele chegou ao WEC invicto, como o cara que faria a economia mais aquecida do mundo olhar para o MMA. Estreou finalizando o perigoso Pablo Garza mas logo tombou diante de Danny Downes. Migrou para o UFC, recuperou a moral submetendo Jason Reinhardt e novamente sucumbiu, desta vez para o talentoso Darren Elkins e o nem tanto assim Issei Tamura.

Integrante da China Top Team, uma das mais importantes equipes de sanshou daquele país, Zhang desenvolveu o jiu-jítsu (está na faixa marrom) na passagem do treinador Ruy Menezes por lá, antes do brasileiro trocar a China pela Colômbia. Com a saída de Menezes, é de se esperar que Zhang agora evolua na trocação (ainda que ele treine sanshou com regularidade há algum tempo). Além do talento insuficiente na luta em pé, Zhang costuma ter problemas com wrestlers.

O “Lobo Mongol” tem 34 anos e 1,75m de altura e envergadura. Seu cartel agora é de 15-3, com 80% das vitórias por submissão e todas menos uma contra concorrência de quinta categoria.

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O representante da simpática ilha de Guam chegou ao TUF 15 invicto, querendo ser a surpresa da temporada. Não passou sequer da eliminatória, tombando diante do futuro vice-campeão Al Iaquinta. Apesar disso, chegou a ter bons momentos no combate antes de perder por decisão.

Tuck é um talentoso lutador de jiu-jítsu que ganhou uma medalha de ouro e uma de prata no Mundial Profissional de 2010 na faixa azul. Graduado agora com a faixa marrom, possui também poder de nocaute decente para a categoria, comprovada quando bateu o prospecto filipino Eduard Folayang em oito segundos, em 2009.

Aos 28 anos, com 1,77m de altura, Tuck está invicto em seis lutas oficiais, com três nocautes e três finalizações, todas no round inicial. Ele treina na equipe The Arena junto com o ex-campeão do EliteXC e ex-desafiante do Strikeforce KJ Noons.

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Zhang precisa levar a luta para o chão o quanto antes. Se resolver trocar, provavelmente acabará nocauteado. Mesmo no chão ele pode ainda ficar em desvantagem. Se o chinês não pegar uma guilhotina, sua marca registrada, deve acabar perdendo por nocaute técnico no terceiro round ou por decisão dos juízes.

Takeya Mizugaki (JAP) vs Jeffery Hougland (EUA)

O japonês era um ilustre desconhecido do público ocidental quando foi contratado pelo WEC e estreou logo num title shot, na época em que o então campeão Miguel Torres era dominante. Mizugaki transformou a luta num quebra-pau épico de 25 minutos. Ele perdeu por decisão unânime, mas a luta o colocou em foco.

Desde então ele não repetiu um resultado: está na gangorra, perdendo uma luta, ganhando a próxima. Se por um lado isto o deixa numa situação de porteiro da divisão dos galos, por outra mostra que ele só perde para competição dura. Além de Torres, ele foi batido por Urijah Faber, Scott Jorgensen, Brian Bowles e Chris Cariaso, este num combate de decisão tão controversa que Dana White pagou a bolsa de vitória ao japonês. Mizugaki foi batido por três ex-campeões e um ex-desafiante. E apenas Faber o venceu antes do tempo regulamentar.

Agressivo até o último fio de cabelo, Mizugaki confia no boxe, queixo duro e raça acima do normal para imprimir ritmos alucinados durante os combates. Se o oponente não estiver preparado, acaba caindo numa armadilha difícil de sair. O japonês de 28 anos treina na Shooting Gym Hakkei, tem 1,70m de altura, 1,77m de envergadura e cartel de 15-7-2, com cinco vitórias por nocaute e nove por submissão. Além de Faber, que o finalizou no WEC 52, ele só foi parado por Kenji Osawa, que o nocauteou numa edição do Shooto japonês em 2006.

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O ex-peso leve Hougland era daqueles que jamais chegaria ao UFC se não baixasse de categoria. Depois de um duro começo de carreira, emendou oito vitórias seguidas e estreou no maior evento do mundo vencendo Donny Walker, no UFC 132. Seu próximo passo seria um confronto sem o menor nexo contra Renan Barão, mas as contusões que assolaram o UFC 148 e 149 mudaram os planos da Zuffa. Hougland acabou enfrentando Yves Jabouin, no UFC On FUEL TV 3. Levou uma sonora sova e ficou mal visto.

O faixa preta de jiu-jítsu, que mostrou um leque variado de tentativas de submissões contra Walker, foi obrigado a lutar de pé contra Jabouin e expôs seu principal defeito, as poucas ferramentas ofensivas. Hougland está com 34 anos, é cinco centímetros mais alto que Mizugaki e ostenta retrospecto profissional de 10-5, com sete destas vitórias obtidas por submissão.

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Não há muita margem de dúvida para prever o desenrolar deste combate. Hougland tentará a todo custo derrubar Mizugaki e encaixar uma submissão. Já o japonês vai imprimir seu ritmo louco, jogando pesados socos para todo lado. Como o americano foi à lona contra Jabouin em mais de uma ocasião e resistiu os quinze minutos, é possível crer que ele também suportará a pressão de Mizugaki. Por outro lado, o oriental que jantou Cole Escovedo na curta distância tem pegada suficiente para nocautear Hougland. Seja como for, dificilmente o americano sairá vitorioso.

Antevisão original de MMA-Brasil e Globo.com

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Sem Dana White e com novas ring girls orientais Jessica Cambensy e Kang Ye Bin, a pesagem do UFC Macau teve em John Lineker seu único momento de certa apreensão para os brasileiros, quando ele precisou tirar a cueca e ser coberto por uma toalha para subir à balança. Mas o paranaense marcou 57,1kg e conseguiu ficar exatamente no limite da categoria dos moscas. Ele vai enfrentar o japonês Yasuhiro Urushitani, que pesou 56,9kg. Os demais lutadores verde-amarelos, Thiago Silva e Paulo Thiago, também bateram o peso, assim como todos os outros atletas.

Bem animado, o meio-médio Paulo Thiago pesou 76,7kg, enquanto seu rival, o sul-coreano Dong Hyun Kim, bateu 77,3kg. No coevento principal, o meio-pesado Thiago Silva marcou 93kg, e o búlgaro Stanislav Nedkov pesou 92,1kg na balança.

Na luta principal, o vietnamita Cung Le foi muito aplaudido pelo público chinês e bateu 84,4kg. Já o americano Rich Franklin, que estava bem magro e aparentava ter sofrido bastante na perda de peso, marcou 83,9kg.
A nota ruim ficou por conta da retirada de uma luta do card em cima da hora. O sul-coreano Hyun Gyu Lim, que faria sua estreia no Ultimate na divisão dos meio-médios, não conseguiu bater o peso e nem chegou a subir à balança. A organização foi informada pelos médicos de que ele não teria condições de chegar à marca desejada, e o duelo contra o americano David Mitchell acabou cancelado.

Eis os resultados das pesagens

CARD PRINCIPAL

Peso-médio (até 84,4kg): Rich Franklin (83,9kg) x Cung Le (84,4kg)
Meio-pesado (até 93,4kg): Thiago Silva (93kg) x Stanislav Nedkov (92,1kg)
Meio-médio (até 77,6kg): Dong Hyun Kim (77,3kg) x Paulo Thiago (76,7kg)
Peso-leve (até 70,8kg): Takanori Gomi (70,3kg) x Mac Danzig (70,3kg)
Peso-leve (até 70,8kg): Tiequan Zhang (70,3kg) x John Tuck (70,8kg)
Peso-galo (até 61,7kg): Takeya Mizugaki (61,5kg) x Jeff Hougland (61,2kg)

CARD PRELIMINAR

Peso-galo (até 61,7kg): Alex Caceres (61,6kg) x Motonobu Tezuka (61,5kg)
Peso-mosca (até 57,1kg): Yasuhiro Urushitani (56,9kg) x John Lineker (57,1kg)
Peso-médio (até 84,4kg): Riki Fukuda (84,4kg) x Tom DeBlass (83,9kg)


O evento terá amanhã aqui transmissão ao vivo a partir das 11:15 horas de Portugal e 09:15 horas de Brasil
Com tecnologia do Blogger.