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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 23


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


Capítulo 23: Guerreiros (Warriors)
Domingo, 6 de Abril, 2014 - 16:23

Há vinte-e-quatro anos atrás, a Ultimate Challenge da Wrestlemania VI alterou o panorama do WWE Universe e moldou uma nova raça de fã que se agrupava a torcer por um gigante chamado Ultimate Warrior. Entre eles estava Daniel Bryan. Muito antes de ter descoberto técnicos como Shawn Michaels e Bret "Hitman" Hart, o especialista em submissões era ele mesmo um jovem Warrior encantado.

Nos largos corredores do Mercedes-Benz Superdome, Bryan encontra o grisalho mas sempre intenso Ultimate Warrior, meras horas antes da Wrestlemania. Ele aperta a mão da lenda actualmente sem franjas fluorescentes pela primeira vez e concretiza um momento com o qual o pequeno Daniel Bryan apenas sonharia anos antes.

"Estou muito ansioso pelo teu combate," Warrior ruge ao Superstar de 1.73m enquanto se separam.

Ironicamente, esta noite, Bryan aponta para romper o molde que Warrior outrora propagou como sucessor do "Imortal" Hulk Hogan. Uma indústria que antes prosperava às costas de homens grandes está prestes a mudar para sempre.



Quando eu caminhava pelo corredor no dia da Wrestlemania e vi o Ultimate Warrior nos bastidores, tive que aproveitar a oportunidade para lhe dizer alguma coisa. Não me vejo como alguém que wrestlers da velha-guarda e Lendas da WWE reconheceriam, mas Warrior foi certamente muito simpático e, para mim, bastante sincero. Ele disse, "Estás a fazer um óptimo trabalho com o que estás a fazer." Eu nem sequer sei se ele tinha visto o que eu fiz atentamente, mas foi uma honra e um prazer ter a oportunidade de ir ter com ele e dizer-lhe que era um enorme fã dele quando era miúdo.

O primeiro evento ao vivo a que alguma vez fui aconteceu no Verão de 1990 no Tacoma Dome, a cerca de noventa minutos da nossa casa em Aberdeen. Os meus pais surpreenderam-me com os bilhetes quando cheguei a casa da escola um dia após ter ouvido um anúncio do show na rádio e, durante semanas, implorei à minha mãe e ao meu pai para irmos. Eu teria querido assistir a qualquer espectáculo de wrestling da altura, mas o que me fez sentir que precisava de ir a este em particular foi o anúncio do DJ de uma pessoa a competir nessa noite: o Ultimate Warrior.

Quando as primeiras notas da música de entrada do Warrior tocaram, o Tacoma Dome inteiro irrompeu. Gritei o mais alto que a minha vozinha de miúdo de nove anos permitia, enquanto estava encima da cadeira de modo a ter uma melhor vista para o meu herói. Ele sprintou para o ringue, de rosto pintado, e os seus braços enormes e musculados tornados ainda mais vasculares pelas vibrantes cordas amarradas ao seu bíceps. Ele abanou as cordas como um doido assim que chegou ao ringue e a plateia rugiu em aprovação. O Ultimate Warrior parecia um superherói na televisão, mas em pessoa, parecia uma divindade.

É tudo o que eu me lembro do espectáculo - aquela entrada, aquela energia. Transcendeu o entusiasmo visual e auditivo que eu anteriormente apenas tinha tido através de ver no ecrã da TV. Ao vivo, podias senti-lo. Aquela excitação tocou-me de uma maneira que nunca mais esqueci.

Mais ninguém da minha família que lá estava nessa noite se lembra da entrada do Ultimate Warrior. Eles lembram-se do seu adversário, "Ravishing" Rick Rude. A meio do seu combate, Warrior tentou fazer um sunset flip ao Rude. Rude manteve-se hirto - de costas voltadas para nós - e não caía. De modo a ganhar mais impulso, o Warrior alcançou e puxou-lhe o topo dos calções. Ainda assim Rude não iria abaixo... Mas os seus calções certamente que sim. O seu cu exposto ficou mesmo direccionado a nós.

O meu pai adorava contar esta história e uivava de riso sempre, maioritariamente por causa da reacção da minha irmã. Ficou boquiaberta e de olhos arregalados. Ela ficou a olhar em choque pelo que pareceu uma eternidade, e depois deixou cair a cabeça de vergonha. Foi o primeiro rabo masculino adulto que ela viu. Embaraçosamente o suficiente, houve muitos momentos na minha carreira em que, também eu, sofri o sunset flip e tive os calções puxados para baixo. Pergunto-me se haverá bocas abertas e olhos arregalados. Pergunto-me se o meu também poderá ser o primeiro rabo masculino adulto que algum miúdo ou miúda tenha visto. (O meu pai também sempre uivava de riso a pensar nisso.)

Conhecer o Ultimate Warrior foi fixe, porém a melhor parte foi ver o quanto ele amava as suas meninas e a sua mulher. A Bri foi uma das Divas que acompanhou os Hall of Famers ao palco nesse fim-de-semana, e ela contou-me que o Warrior não queria mais ninguém além das filhas a acompanhá-lo. Sou um mole tremendo, e quase me faz chorar sempre no Hall of Fame quando os homens falam sobre as suas mulheres aturá-los ao longo dos anos e como a família os ajudou a atravessar tanta coisa. Com o seu falecimento, foi difícil perder um dos que adorava quando era miúdo, mas o que realmente o tornou triste de partir o coração foi o quanto ele amava a família.

Um ano, disfarcei-me de Ultimate Warrior para o Halloween. A minha mãe comprou-me a pintura para a cara e costurou-me um fato - um bodysuit de bodybuilder recheado, com fitas cobertas de spandex de néon cosidas nos braços. Anos mais tarde em 2010, trabalhei um espectáculo da NWA após ter sido despedido pela WWE. Um fã tinha ganho uma oportunidade de anunciar o evento principal do espectáculo, que era eu contra o Adam Pearce. O locutor convidado estava incrivelmente nervoso e quando o moço me anunciou, enganou-se e em vez de me apresentar como o American Dragon, disse Ultimate Dragon. Então eu decidi fazer a entrada inteira do Ultimate Warrior, a sprintar para o ringue, a abanar as cordas, e tudo isso.

No próximo capítulo: Após estes breves capítulos a entrar no campo mais pessoal de Bryan, está na hora de entrarmos na derradeira parte final. O tal clímax. O seu grande momento na Wrestlemania! Ou melhor, um dos...

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