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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 16


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


Capítulo 16: Palavra de Honra
Sábado, 5 de Abril, 2014 - 09:22

O Yes! Man está empolgado pelo seu evento VIP Axxess, agora quatro anos após o seu primeiro Wrestlemania Axxess em 2010. Ele acaba por encontrar Sami Zayn do NXT (na sua primeira presença deste tipo), e os dois caminham pela rampa acima para a zona de carregamento do Centro de Convenções Ernest N. Morial. Existe uma tremenda história entre as duas estrelas que ganharam a sua fama pré-WWE na Ring of Honor.

"Pessoalmente, [Bryan] representa para mim o que já representa para milhões de pessoas, que é um herói não convencional que realmente desafiou as probabilidades," gaba Zayn o seu amigo. "Ele representa tanto para mim - como aquele que lidera o movimento pelo tipo pequeno - como para todos os miúdos que também se revêem nele."

Já vão dez anos desde que Bryan e Zayn se encontraram pela primeira vez em 2004, e a oportunidade de Bryan na Wrestlemania - o palco de sonho para estes guerreiros - é um poderoso símbolo para o seu amigo e colega entertainer.

"Profissionalmente sempre o admirei e sempre tentei apanhá-lo," admite o tenaz grappler do NXT. "Ao ter quebrado esta barreira, ele está a abrir caminho para tipos como eu próprio." Ele acrescenta, "Daniel Bryan está a destruir essas barreiras, e agora, mais do que nunca, tudo é possível para mim e incontáveis indivíduos como eu."

Alguns momentos após a improvisada reunião da Ring of Honor, um antecipado cântico de "Yes!" serve como tema de entrada de Daniel Bryan durante a sua chegada à sessão de autógrafos do Axxess. Entre os primeiros membros jubilantes do "Yes! Movement" que ele encontra está o jovem Hunter. Apesar do seu nome, ele na verdade não está a torcer pelo "outro" na Wrestlemania. Ele é um dos maiores pequenos apoiantes que Daniel Bryan tem. "Ele é o melhor wrestler de sempre," diz Hunter após o seu encontro com a estrela barbuda.

Danielle, de Long Island, New York, exibe a sua manicure especial para o Show of Shows com as pontas dos dedos a apoiar os Shield, a AJ Lee, e Daniel Bryan, na forma de uma inscrição de "YES" no seu polegar. Também há uma bebé de oito meses com um top da "cara-de-cabra" de Bryan, que não consegue evitar prender os olhos na cara do Superstar de perto.

"Assinaturas são óptimas," diz Bryan. "É uma oportunidade para conhecer os fãs. Temos excelentes fãs. Eles são fantásticos. Trata-se tudo de vermos a forma como tocamos as pessoas."

Enquanto Bryan rabisca o seu autógrafo, Zayn prepara-se para competir num combate ao vivo no centro do Axxess, um pouco mais a frente, à distância. Se ele tiver algo a dizer (ou fazer) quanto a isso, o jovem principiante do NXT pode seguir as pegadas do seu colega ex-Ring of Honor e ocupar o seu lugar num futuro não tão distante.



Não tinha estado a fazer muito em TV assim que a história com as Bellas acabou, mas eu ainda era United States Champion, e isso deu-me esperança para ser capaz de ingressar o card da Wrestlemania XXVII. Com isso dito, eu estava encantado no Elimination Chamber de 2011, o pay-per-view imediatamente antes da Wrestlemania, quando descobri que o plano era para eu lutar com o Sheamus no maior espectáculo do ano. Até tínhamos uma escritora atribuída a nós, Jen, que nos ajudaria a confeccionar a nossa história nas seis semanas que precediam o evento.

Apesar de eu ser o U.S. Champion, o Sheamus era uma estrela bem maior que o que eu era. Ele já tinha vencido o título da WWE por esta altura, e no ano anterior ele tinha lutado com o Triple H na Wrestlemania XXVI. Para a edição de 2011, eles até perguntaram mesmo ao Sheamus com quem ele gostaria de lutar, e as duas opções de topo eram eu e o Rey Mysterio. Sheamus escolheu-me a mim. Quando ele me contou isso eu dei uma risada e agradeci-lhe mas também lhe disse que provavelmente tinha cometido um erro. Se ele tivesse escolhido lutar com o Rey, ele estaria garantido na 'Mania, porque o Rey era um veterano que já tinha ganho o seu lugar, e a WWE sentir-se-ia quase obrigada a colocá-lo no card. Se o Sheamus lutasse comigo, não havia garantia de que o nosso combate lá chegasse. O Sheamus não se preocupou com isso, contudo, porque na sua experiência, quando a WWE lhe dizia que algo assim aconteceria, acontecia mesmo. A minha experiência não tinha sido assim, então logo desde o início eu estava céptico, apesar de todo o tipo de pessoas a assegurar-nos que teríamos a nossa oportunidade de brilhar.

E ao início parecia que até podíamos. Quando começámos a preparar a nossa história para o espectáculo, sabíamos que não íamos ter muito tempo para a construir. A época de Wrestlemania é uma altura notoriamente difícil para estar em TV, então desenhámos uma história simples, e pelas primeiras semanas, as nossas ideias estavam realmente a ser executadas. Lutámos num combate curto onde o Sheamus perdeu por contagem após magoar o tornozelo. Na semana seguinte, fizemos um combate pelo título no qual Sheamus declarou que se perdesse, demitir-se-ia da WWE. Ele ganhou esse combate juntamente com o título, e a partir daí, estávamos a preparar para que a minha revanche acontecesse na Wrestlemania.

Pouco depois de ter perdido o título para o Sheamus, estávamos a falar com a Jen sobre os planos da semana quando perguntei, "Qual é a probabilidade de nós realmente estarmos na Wrestlemania?" Ela disse, "Ah, eu acho que uns bons oitenta porcento." Eu tomei isso como algo bom. O Sheamus, nem tanto. Até àquele momento, eu não acho que ele tivesse sequer considerado a possibilidade de não estarmos na Wrestlemania.

Na Segunda-Feira antes da Wrestlemania XXVII, o Raw foi na Allstate Arena em Chicago, e houve uma grande reunião de talento antes do show para falar sobre a ocupada semana que teríamos em frente. Foram-nos entregue a todos pacotes com listas da informação vital que precisaríamos: informação de hotel e ginásio, informação de contactos, e o agendamento das nossas presenças. Parecia uma reunião normal, até o John Laurinaitis anunciar que havia um ensaio acrescentado para algumas pessoas na noite de Quarta-Feira que vinha. O ensaio era para o combate "Lumberjack" do pré-show... Entre mim e o Sheamus. À frente de todos os nossos colegas, foi assim que descobrimos que o nosso combate tomaria lugar, não na Wrestlemania, mas em vez disso antes do pay-per-view.

Virei-me e olhei para o Sheamus do outro lado da sala, e ele apenas enterrou a cabeça nas mãos. Eu estava transtornado, mas eu já meio que esperava que algo assim pudesse acontecer, especialmente porque o Miz me contara que algo semelhante lhe tinha acontecido no passado. O que realmente chegou ao pay-per-view foi um combate pelo título Intercontinental entre o Cody Rhodes e o Rey Mysterio. A sua construção foi semelhante à nossa, mas eles conseguiram ingressar o espectáculo e nós não. Eu sabia que o Sheamus devia ter escolhido o Rey.

Após a reunião, o Sheamus e eu falámos. Estávamos ambos muito zangados, não só com a mudança para o pré-show mas também porque apenas o anunciaram na reunião sem nos avisar. Estávamos determinados a ir para lá e mostrar a toda a gente, que se danasse lá o pré-show. Porém, assim que chegámos ao ensaio, o combate foi alterado outra vez. O Sheamus e eu apenas poderíamos lutar por cerca de três minutos antes do combate Lumberjack ficar descontrolado e tornar-se numa gigante battle royal, com o Great Khali a vencer. Toda aquela cena foi amanhada para dar a todos uma chance de trabalhar em frente à maior plateia do ano.

Esta foi a minha primeira semana de Wrestlemania como um verdadeiro WWE Superstar, não como um rookie do NXT, e estava repleto de assinaturas de autógrafos, mídia e presenças. Foi-nos ordenado a não dizer nada aos fãs ou à mídia sobre o nosso combate ser no pré-show. Eu andava miserável a semana toda, e não ajudava quando as pessoas me diriam que estavam ansiosas pelo nosso combate ou que achavam que o Sheamus e eu íamos roubar o show. Eu sabia que ficariam todos desapontados.

A Wrestlemania XXVII decorreu no Georgia Dome em Atlanta, perante setenta mil pessoas. Foi a maior plateia para a qual alguma vez tinha trabalhado, e posteriormente não me lembrava de nada dela. Sheamus e eu fizemos o melhor que podíamos nos três minutos que tínhamos, mas pelo final da noite, tenho a certeza que nem uma daquelas pessoas se lembrava sequer que nós estivemos no espectáculo.

Após o nosso combate, assisti ao resto do espectáculo, no entanto mal me lembro de alguma coisa dele, excepto de pensar durante o interminável e horrível combate Michael Cole-Jerry Lawler que podiam ter cortado algum tempo disso para nos meter no pay-per-view, como tínhamos anunciado. Mas a Wrestlemania é um espectáculo, não um show de wrestling, razão pela qual a Snooki, de fama no Jersey Shore, estava no espectáculo e nós não. Como o Regal me explicou quando assinei com a WWE, "Wrestling era o que fazias antes disto. Tudo o que obtiveres depois é um bónus." Apesar do conselho, sentei-me ali destroçado. Foi uma de duas Wrestlemanias em que eu passei o tempo a vê-la com os olhos vidrados.

Várias semanas após a Wrestlemania XXVII, a WWE teve o que costumava ser o seu sorteio anual. Raw e Smackdown eram equipas completamente separadas, e existia muito pouca interacção entre os dois. Se eu estivesse no Raw, muito raramente eu lutaria com alguém do Smackdown e vice-versa. A tua "brand" também determinava a tua agenda; a equipa do Raw trabalhava eventos ao vivo às Sextas, Sábados e Domingos, depois fazia TV na Segunda-Feira, enquanto a tripulação do Smackdown fazia eventos ao vivo ao Sábado e Domingo, iam ao Raw na Segunda-Feira se fosse preciso (que eu raramente era), e depois fazia as gravações de TV na Terça-Feira.

Para o sorteio de 2011, fui transferido do Raw para o Smackdown, e eu estava agradecido pela troca, porque esperaria que tempo de antena seria mais fácil de obter no Smackdown. No Raw eu estaria agendado para um combate de sete ou oito minutos, depois a entrevista de alguém excedia-se no tempo, cortando o meu combate para dois ou três minutos, se ainda acontecesse sequer. O Teddy e o Sheamus também foram sorteados para o Smackdown, logo a nossa equipa de estrada seria capaz de se manter junta. No geral eu estava bastante optimista.

Acabou por ser uma óptima manobra. No meu primeiro combate no Smackdown, lutei com o Sheamus num combate de quase dez minutos. Perdi, mas sempre senti que se me fosse dado tempo nos meus combates, eu conseguia ficar over, a ganhar ou a perder. Eu só precisava do tempo para ter um bom combate, e eu estava a tê-lo. Quase todas as semanas, eu teria dez minutos para sair e lutar, e lentamente - de novo, ganhando ou perdendo - senti que estava a conquistar os fãs.

O pay-per-view de Maio foi o Over the Limit em Seattle no meu aniversário. Miz era o WWE Champion por esta altura após bater o John Cena no evento principal da Wrestlemania. Puxei bastante para ter um combate pelo título com ele no Over the Limit, com o conceito de que o Miz, convencido e arrogante sobre ser o campeão, a dar a oportunidade a um gajo qualquer de o desafiar pelo título. Achei que seria um pouco como o filme Rocky, especialmente sendo entre a plateia da minha terra-natal de Seattle e sendo o meu aniversário. Essa ideia foi abatida muito rapidamente. Em vez disso, fiz o combate do pré-show contra o Drew McIntyre. Apesar do facto de ter sido no pré-show, foi a primeira vez que eu tive uma reacção de estrela, de herói local em Seattle - e a primeira vez que eu alguma vez tive esse tipo de reacção na WWE.

Bryan e a mãe, Betty, antes da Cerimónia do WWE Hall of Fame de 2014

Sendo que era um pay-per-view, Superstars de ambos Raw e Smackdown estavam lá, incluindo a Bri, que não tinha sido sorteada e tinha ficado no Raw. Não tínhamos chance de nos vermos muitas vezes, portanto na noite anterior, conseguimos um hotel na baixa de Seattle e tivemos um belo jantar romântico. Após o Over the Limit, o Raw foi em Oregon, e a casa da minha mãe estava a caminho de Seattle para Portland, então a Bri seguiu-me até lá, onde a minha mãe nos preparou uma boa refeição e fez-me um bolo de aniversário vegano. Ela também fez para a Bri um dos seus famosos bolos de abóbora - os meus favoritos absolutos; a Bri adorou e levou as sobras para o Raw no dia seguinte para as outras Divas. Após o jantar de aniversário, a Bri saiu para Portland e eu fiquei em casa da minha mãe porque não era preciso para o Raw, mas enquanto ia para a cama, sentia-me verdadeiramente sortudo por ter tido um aniversário tão espectacular.

No próximo capítulo: Depois deste breve capítulo já avançaremos para o décimo-sétimo, onde a coisa arrebita um pouco, já se começa a ver uma luz. Quem se lembra do percurso de Bryan na WWE sabe o que veio depois e qual foi a luz fosca que se acendeu na sua carreira... Uma certa mala... Por um certo título. Pronto, na próxima semana poderão ler do ponto de vista ideal... Será que o espírito de Bryan terá a chance de arrebitar?

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