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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 13 - Parte 4


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


(...)

Parece-me a mim que a percepção do Vince sobre mim está sempre a mudar. É na verdade estranho pensar sobre o que outra pessoa está a pensar sobre mim. Nunca me preocupei mesmo com isso, mas quando um homem pode mudar toda a dinâmica da tua carreira, tendes a perguntar-te. Quando comecei no NXT, fiquei com a distinta impressão de que o Vince não gostava de mim. Após o primeiro episódio, o Jericho regressou e disse ao Vince que achava que eu era excelente no ringue mas, pelo contrário, a reacção do Vince a mim foi "Ugh, mas ele nem sequer come carne!"

Depois achei que ele só gostava de se meter comigo. Pouco depois do NXT começar, todos os oito NXT Rookies juntavam-se a cerca de seis outros Superstars a cada semana antes da TV para o que eles chamavam "aula de promo," que era liderada pelo próprio Vince. O Vince chamaria pessoas à frente e fazia-os dar promos sobre assuntos aleatórios. Tinhas dez segundos para pensar, e depois só tinhas que arrancar. Depois disso, ele perguntaria às outras pessoas na sala o que achavam da tua promo, e depois daria-te ele a sua própria opinião. Ele era muito interactivo.

Desde a nossa primeiríssima aula, parecia que ele me destacava. Ele fez-me dar uma promo sobre uma mesa, e foi podre. Fiquei nervoso porque nunca tinha feito alguma coisa assim antes e foi à frente de muitas pessoas que eu respeitava, como o Rey Mysterio ou o Fit Finlay. Em todas as aulas de promo, ele chamava-me - por vezes mais que uma vez - mas a cada aula, eu ficava mais confiante e melhorava. Numa aula de promo, ele decidiu tornar-nos professores. Primeiro, ele fez o Big Show vir e ensinar, depois o Matt Hardy. Entre os dois, basicamente disseram tudo o que o Vince nos tinha ensinado, e eles chamaram pessoas diferentes na aula para também fazer promos. Nenhum deles me chamou, então quando o Matt acabou, o Vince levantou-se e mandou-me dar a aula. Era uma posição horrível para se estar. Ao menos o Matt e o Show eram veteranos na WWE. Ninguém queria ser ensinado por um gajo no NXT que nem sequer era conhecido por dar uma boa promo. Apesar disso, lá fui e tentei manter as coisas breves, sem repetir algo que o Show ou o Matt tivessem dito. Eu basicamente disse a todos o quão importante eu achava que era seres tu próprio, depois trabalhar a partir daí para identificar as tuas forças e fraquezas. Quando foi altura de chamar alguém para dar uma promo, nomeei o Vince. O seu tópico: "O quão espectacular é o Daniel Bryan."

Vince ali ficou em frente à turma, em silêncio. Depois olhou-me de alto a baixo, a julgar, antes da sua cara virar-se para vários níveis de nojo, a ampliá-la à medida que continuava. Vince nunca disse uma palavra durante cerca de um minuto inteiro, e depois disse que já tinha acabado. Ele ia para se sentar mas eu parei-o, pedindo que ele se levantasse perante a turma enquanto criticavam a sua promo. Primeiro chamei o Big Show, que a colocou acima da lua. A pessoa seguinte fez o mesmo. E tinham razão. Foi óptima, e toda a sala se estava a rir. Eu dei autorização ao Vince para se sentar, mas depois ele disse que havia uma lição aí. Ele ensinou-nos sobre a importância da expressão facial e como dizer algo sem dizer nada. Foi muito bom.

A última vez que o Vince me chamou para a frente da aula de promo foi uma que incluía toda a gente do plantel. Quando fui chamado, acidentalmente derrubei a minha garrafa de água, espalhando-a pelo chão todo. Eu fiquei embaraçado, mas depois ele começou a perguntar às pessoas como esse incidente os fez sentir em relação a mim. (A maioria disse que os fez sentir simpatia para comigo.) A seguir, ele fez-me uma série de perguntas - definitivamente não era o habitual protocolo de aula em que me fazia dar uma promo sobre algo aleatório. O Vince fez uma afirmação e depois disse mais nada. Perguntei se havia uma questão aí e ele disse que não havia, então apenas fiquei ali em frente à sala com nenhum de nós a dizer alguma coisa. Pensei que ele estava a tentar envergonhar-me, mas depois perguntou, "Que estás a fazer neste momento?"

"Nada," disse eu.
"Quase" disse Vince, depois perguntou-me de novo, "Que estás a fazer neste momento?" Eu não fazia ideia.
"Quase nada?" Miz soltou um gemido de simpatia, como se estivesse a torcer para que eu desse a resposta certa e dei cabo de tudo. Vince soltou uma risada.
"Não," disse ele. "Estás a usar o silêncio." E com isso, deu-me licença para me sentar.

No meu caminho até à porta, Vince chamou-me à parte e disse, "Sabes que estou a fazer isto por uma razão, certo?" Eu menti e disse-lhe que sim, mas mais importante, essa foi a primeira vez que achei que ele via mais em mim do que eu sabia. Até mesmo hoje, ele ocasionalmente menciona o quão melhores ficaram as minhas promos após essa experiência. E ficaram mesmo.

Após ter sido eliminado do NXT, a WWE disse-me que me chamariam quando precisassem de mim, que eles achavam que não seria até ao final da temporada. Planos mudam rapidamente na WWE, no entanto, e chamaram-me de volta para estar no programa na semana seguinte para iniciar uma história com o Michael Cole, a partir de todas as vezes que ele me tinha deitado abaixo nos comentários. Foi a primeira vez no NXT em que eu pude preparar-me para as promos - usando as instruções que aprendi na aula de promo - e foi de longe o melhor desempenho oral que já tinha feito. Andámos para trás e para a frente, verbalmente, e eventualmente fisicamente também, quando acabei por atacá-lo contra a barricada enquanto ele fugia. Combinámos isto com uma contínua rivalidade com o Miz, e transformou-se em boa televisão. A WWE gostou tanto que acabou por usar a nossa história para virar o Cole heel no Raw também.

O episódio final do NXT acabou com o Wade Barrett a vencer a temporada e, como parte da história, a ganhar um lugar no plantel principal. Apesar de não ter ganho, estava confiante que a WWE ia continuar a incluir-me, dado o quão bem correram as coisas com o Cole e tudo. Enquanto estava sentado com os Rookies eliminados na fila da frente, a assistir ao episódio final, estava encantado pelo NXT ter acabado e ansiava em avançar para o passo seguinte, fosse ele qual fosse.

No próximo capítulo: Já avançamos agora para o décimo-quarto capítulo. Quando toda esta brincadeira do NXT finalmente melhora! Antes de piorar ainda mais. Como tem vindo a ser padrão nesta carreira de Daniel Bryan, foi muito conturbado. Lembram-se da formação dos Nexus? Claro que se lembram. E estarão cá para lembrar melhor!

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