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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 11 - Parte 5


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


(...)

Nessa tour foi a primeira vez que conheci o Ted DiBiase Jr., o filho do Million Dollar Man, um WWE Hall of Famer. O Teddy apenas tinha competido em dezasseis combates antes de partir para a digressão, o que me lembrou da minha primeira com a FMW. A grande diferença é que o Teddy era bem melhor nesta fase inicial da sua carreira do que eu era da primeira vez que fui ao Japão. No que diz respeito a instinto natural para o wrestling, o Teddy deve ser o melhor que já alguma vez vi. Definitivamente houve alturas em que demonstrou a sua inexperiência, mas 90% das vezes, ele saía-se muito bem e eu estava impressionado. Não só isso, mas ele também era divertido de se conviver. Com o seu sotaque do Mississippi e a sua hospitalidade sulista, era difícil não gostar imediatamente do gajo. Pouco depois desta tour, Teddy assinou um contrato de desenvolvimento com a WWE, e eu não podia ter ficado mais feliz por ele.

Por Maio de 2007, tinham passado mais de cinco meses desde que eu lutara pela Ring of Honor, e eu estava entusiasmado por voltar, especialmente porque tinham feito algumas mudanças significativas desde que eu saíra. Em inícios de Maio, a ROH anunciou que tinham assinado um acordo para produzir eventos em pay-per-view bimensais. Pay-per-views ao vivo iam além do orçamento da ROH devido ao gasto substancial de tempo de satélite, logo eles gravavam os espectáculos, editavam-nos e de seguida colocavam-nos em PPV alguns meses mais tarde. Estes eventos eram outra forma de expandir a audiência, assumindo que os fãs que não queiram comprar um DVD, possam estar mais dispostos a encomendar um pay-per-view. Em acréscimo à expansão para pay-per-view, pela primeira vez, a ROH começou a assinar contratos com o talento de modo a ter a certeza que os homens à volta de quem construíam a companhia, não sairiam para a WWE ou para a TNA. Eu assinei um acordo de dois anos de muito bom grado.

A gravação inaugural de pay-per-view, chamada Respect Is Earned, incluía o meu regresso à ROH, e foi no Manhattan Center a 12 de Maio. Todos no balneário se sentiam amplificados pela oportunidade de estar num pay-per-view, incluindo eu. Os fãs estavam bastante entusiasmados também. Eu lutei no evento principal, a fazer equipa com um wrestler da NOAH de 158kg chamado Takeshi Morishima, que tinha derrotado o Homicide pelo título Mundial da ROH, para enfrentar o Nigel e o KENTA. Após o Morishima e eu termos ganho, ele arremessou-me de cabeça por eu ser um otário, e em seguida o Nigel fez uma Clothesline ao Morishima na cara, criando assim dois potenciais desafiadores para o título da ROH. Eu achei que o espectáculo foi uma excelente introdução à companhia para pessoas que nunca antes tinham visto o nosso wrestling. Estabeleceu quem eram todas as personagens, quem eram os rivais, e porque é que os fãs deviam querer saber.

No mês seguinte, o Nigel e eu lutámos um contra o outro no evento principal do segundo pay-per-view da ROH, o Driven 2007. Lá para perto do final do combate, o Nigel e eu começámos às cabeçadas um ao outro, sem colocar as mãos para protecção, como se fossemos dois carneiros às turras para exibir o nosso domínio. A meio dessa troca, sofri um largo corte sobre a minha linha capilar e sangue jorrou pela minha cara abaixo. Os fãs adoraram.

Após eu ter vencido, o também wrestler Jimmy Rave levou-me à sala de emergências, onde fecharam o corte com agrafos. Acabei o serviço no hospital bem a tempo de apanhar o meu voo para casa, e eu sentia-me bem sabendo que o Nigel e eu tínhamos feito um óptimo combate que a audiência do pay-per-view ia adorar. Eu não fazia ideia que o que estava prestes a acontecer ia abanar o mundo do wrestling por um tempo.

Na Segunda-feira, 25 de Junho de 2007, eu estava no carro a dirigir-me para casa em Aberdeen, vindo de Olympia, Washington, após duas horas de kickboxing e jiu-jitsu. Eu estava exausto e contente com cerca de quinze minutos a faltar para o fim da minha viagem de uma hora quando recebi uma chamada dos meus amigos Mike e Kristof. Eles estavam a assistir ao Monday Night Raw, e a WWE acabara de anunciar que o Chris Benoit, a sua mulher, Nancy e o seu filho de sete anos, Daniel, tinham sido encontrado mortos na sua casa em Atlanta. Eu fui directo para o apartamento do Mike e do Kristof, e assistimos ao Raw juntos em choque. Chris Benoit tinha sido um dos meus favoritos e alguém com uma carreira como eu tinha padronizado a minha. Ele tinha lutado por todo o mundo, a ficar melhor em qualquer lado onde fosse, e pela altura em que chegou à WWE, ele era um dos melhores wrestlers no planeta. Além da minha admiração profissional, as poucas vezes que eu o tinha encontrado, foi sempre muito simpático comigo. Eu estava devastado.

A WWE cancelou o show ao vivo e transmitiram um tributo de três horas ao Chris Benoit nessa noite. Mostraram alguns dos maiores momentos da sua carreira, intercalados com video packages e entrevistas com Superstars da WWE que partilhavam as suas memórias muito pessoais com ele. Foi um programa emocional de se assistir, e eu acabei por ir embora do apartamento do Mike e do Kristof a meio.

No dia seguinte, detalhes horríveis começaram a sair, e o que foi eventualmente descoberto foi que o Chris tinha matado ambos a mulher e o filho, enforcando-se em seguida. O duplo homicídio/suicídio de Benoit horrorizou as pessoas, e os meios de comunicação pegaram logo no caso. Pessoas tentavam descobrir porque é que tinha acontecido, com especulação de que tinha sido causado por "roid rage" ou porque o casamento do Chris e da Nancy estava desmoronar-se. Até hoje, não existe razão definitiva para que tenha acontecido e provavelmente nunca existirá. Mas investigações levaram ao Sports Legacy Institute a fazer uma série de testes no cérebro de Benoit que, de acordo com o Dr. Julian Bailes, "estava tão severamente danificado que lembrava o cérebro de um paciente de Alzheimer com 85 anos."

O tipo de dano cerebral que Benoit tinha é conhecido como encefalopatia traumática crónica (ETC), que pesquisadores acreditam estar ligado a ter múltiplas lesões na cabeça. Os sintomas mais comuns da ETC incluem depressão, défice cognitivo, demência, síndrome de Parkinson e comportamento errático, e muitos especialistas acreditam que a ETC foi um factor significativo na contribuição para a tragédia Benoit. Múltiplos jogadores da NFL que cometeram suicídio foram encontrados a sofrer de ETC também, e a condição tornou-se uma história principal nas notícias por si. Houve uma mudança palpável na consciência nacional dos perigos de lesões na cabeça e concussões.

Chris Benoit popularizou um estilo de wrestling de testa dura e agressivo, com muitos suplexes explosivos e cabeçadas da corda superior. Olhando para trás, dá para ver o quão fácil seria para ele ter tido múltiplas concussões não diagnosticadas. Foi o mesmo estilo que me influenciou e a muitos wrestlers da nova geração; era repleto de acção e excitante, com um elemento de violência física que era credível. Esse tipo de wrestling foi o que fez com que eu e muitos outros tipos da ROH se quissem destacar dos restantes.

Quando o Nigel e eu fizemos as cabeçadas em Junho no pay-per-view Driven, parecia brutal. Dois guerreiros a chocar um contra o outro, de cabeça, até um deles sangrar. Deu para uma visão excelente, e spots como esse mostravam o nosso amor pela indústria e a nossa disposição para fazer qualquer coisa pelos fãs. Mas quando o combate finalmente foi para o ar em pay-per-view a 21 de Setembro, com toda a consciência à volta dos perigos das lesões na cabeça, já não parecia brutal. Parecia estúpido e parecia imprudente, que fez as pessoas questionar porque é que apoiavam algo que colocava em perigo a saúde e bem-estar dos performers a longo prazo. Em retrospectiva, disse-me Gabe, ele desejava que nunca o tivessem transmitido.

Após a tragédia Benoit, a percepção do wrestling tornou-se tão negativa que muitos fãs já não se davam ao trabalho de ver - especialmente uma companhia como a Ring of Honor, que incluía em peso um estilo semelhante àquele que Benoit ajudou a popularizar. Inicialmente, pay-per-views da ROH juntavam cerca de dez mil compras, que era fenomenal para uma companhia cuja única exposição era através do boca-em-boca e a Internet. Contudo, a cada pay-per-view que passava, as compras caíam, e assim que o acordo de seis eventos acabou, a ROH decidiu não renová-lo.

O paradigma de como devíamos lutar estava a mudar. Algumas pessoas aceitam novos paradigmas rapidamente. Neste caso, eu não era uma delas. Apesar de toda a consciência com as concussões e do meu próprio conhecimento de certos perigos, recusei-me a abrandar. Parei com as cabeçadas agressivas, mas mantive todo o resto em relação à minha performance em ringue igual. Em meados de 2007, rompi o meu tímpano esquerdo durante uma troca selvagem, de mão aberta, com o KENTA, na qual um golpe errante me apanhou na orelha esquerda. Mais tarde nesse ano, separei a minha retina, em mais um exemplo da minha própria estupidez.

Takeshi Morishima ainda era o ROH World Champion quando eu fui agendado contra ele nesse Agosto, no Manhattan Mayhem. Com mais de 158kg, Morishima era um gigante comparado à estrela padrão da ROH e, ao trabalhar no Japão, ele estava habituado a lutar com gajos maiores (que ele não tinha problemas em esmagar.) Na Ring of Honor, Morishima teve alguns excelentes combates pelo título contra estrelas como Claudio Castagnoli (agora conhecido como Cesaro na WWE) e Brent Albright, mas ele provou ser um gigante gentil, mais ou menos. Em combates pelo título com wrestlers mais pequenos da ROH, ele tendia a usar um toque mais suave, quase como se tivesse medo de nos magoar.

Quando o Gabe agendou o Morishima e eu no combate pelo título no espectáculo no Manhattan Centre, ambos concordámos que eu precisava de fazer algo para transformar o grandalhão no monstro que ele era quando lutava com adversários maiores. Se lidasse comigo cautelosamente, não ia resultar. Eu decidi - porque sou uma espécie de idiota - que a melhor maneira de o fazer era irritando-o.

Antes do nosso combate, eu pedi ao Morishima para me tratar como se eu fosse um peso pesado na NOAH. Ele sorriu gentilmente e acenou com a cabeça, mas acho que ele não entendeu. Estruturámos o combate para que fosse baseado em mim a tentar golpear e mexer-me, não querendo ser esmagado por um homem daquele tamanho. O meu "golpear" incluía pontapear-lhe a perna; Morishima atacaria e eu arrumar-me-ia e usava uma patada de Muay Thai na perna. Ao início eu estava a pontapeá-lo normalmente - duro mas com segurança - mas ele não estava a ser muito agressivo. Então as patadas na perna tornaram-se mais duras. Com a primeira verdadeiramente dura, podia notar que ele achava que tinha sido um acidente, mas assim que o pontapeei com mais força na perna, podia ver-lhe a expressão no rosto a mudar. Ele estava a começar a ficar chateado. Eu mantive e mantive, e quando ele finalmente me apanhou no canto, ele era um monstro Japonês gigante e irritado.

Ele começou a atingir-me do lado da cabeça com cada mão, numa sucessão rápida, um estilo de soco popularizado por outro wrestler grande chamado Vader. Normalmente quando ele o fazia a wrestlers mais pequenos da ROH, parecia leve como uma pena e tão falso quanto podia ser. Estes eram diferentes. No meio do frenesim, um golpe atingiu-me directamente no olho e eu caí. A minha bochecha começou a inchar e tudo no meu olho esquerdo estava embaçado. Lutámos por mais dez minutos depois disso, e eu ainda era capaz de fazer coisas como o Springboard Flip Dive pelo público, mas o meu olho estava a latejar e preocupava-me. Nunca tinha experienciado algo assim. Morishima continuou a dar-lhe de uma forma que fez do combate exactamente o que precisava de ser. Mais tarde, Morishima - um homem verdadeiramente simpático - sentiu-se horrível e pediu desculpas pelo que pareceu umas cem vezes, apesar do facto de estar a mancar e ter um golpe longo e gigante na perna, das patadas baixas. Disse-lhe que não fui culpa dele e que ele fez um óptimo trabalho, que fez.

O médico dos bastidores disse-me que eu precisava de ir para as urgências imediatamente, e foi no hospital que eu descobri que não só tinha fracturado o meu osso orbital mas também tinha deslocado a retina. Dois dias mais tarde, fui submetido a cirurgia a laser para recolocá-la. Fui instruído a acalmar por um mês pelo menos, se não mais, para permitir ao meu olho que curasse. Foi-me dito que evitasse voar porque mudanças de altitude podiam agravá-lo. Tive que usar uma pála no olho para afastar da luz e no geral, ter cuidado para não colocar qualquer pressão sobre ele. Mas além de um pouquinho de dor da fractura, sentia-me bem. Logo, como um idiota, exigi que mantivessem a minha revanche agendada com o Morishima três semanas depois. Porquê? Porque eu achava que ia ser uma história fantástica.

A revanche com o Morishima em Chicago correu bem, apesar da recomendação do médico. Usei a pála no olho - mais para o visual que para protecção propriamente dita, que fornecia muito pouca. Em mais uma das minhas ideias mais parvas, para o final, o Morishima deu-me golpes repetidos ao meu olho danificado até eu vender estar inconsciente. O 158kg de homem garantiu que eu ficaria seguro e eu escapei do combate sem mais danos (apesar de ainda ter alguns problemas de visão no meu olho esquerdo).

Bryan, de pála no olho, enfrenta Takeshi Morishima em Chicago, 2007
(Foto de George Tahinos)

Em 2007, Morishima e eu tivemos quatro combates, e Gabe e eu trabalhámos juntos na história para garantir que cada exibição construía em direcção à última. Também tinha aprendido com o desastre do Chris Hero no ano anterior. Após o Morishima atacar o meu olho em Chicago, tornou-se uma rivalidade violenta e sangrenta. O terceiro combate ficou abaixo dos doze minutos e acabou em desqualificação porque eu repetidamente pisoteei Morishima nos testículos. Normalmente plateias da Ring of Honor odeiam desqualificações, mas glorificaram esta porque foi um momento de vingança contra Morishima que, aos olhos deles, teve o que merecia.

O meu combate final do ano contra o Morishima foi gravado em Dezembro para um pay-per-view chamado Rising Above, e dado o desenlace do combate anterior com a desqualificação, este foi mantido sob "regras descontraídas." Com menos de seis minutos, este foi um arranque curto e violento. Estávamos a ir para a guerra. Sangrei após o Morishima me atirar uma mesa à cabeça, e a certa altura perto do fim do rápido combate, uma das clotheslines do gigante Japonês nocauteou-me. Quando assisti, conseguia ver a alteração na atitude de Morishima, de monstro selvagem para colega preocupado. O nosso árbitro, Paul Turner, não sabia o que fazer; Eu estava fora, e este era para o pay-per-view. Ele estava numa posição difícil como oficial: Ele não queria estragar o booking, mas também me queria proteger como performer, se eu estivesse magoado.

O seguinte que me lembro é de estar às costas do Morishima e usar a oportunidade de desatar-lhe às cotoveladas na cara. O grandalhão não teve muitos problemas em voltar a ser um monstro após essa. A calamidade continuou enquanto ambos atacávamos os árbitros que estavam a tentar separar-nos. O locutor declarou o final como uma dupla desqualificação, mas não podiam tocar a campainha porque eu a tinha tirado e tentado escavar os olhos do Morishima fora com o martelo da campainha, enquanto eu descontroladamente gritava que ia "cegar este cabrão!"

Após o combate, eu estava em má forma. A cabeça doía-me e eu não conseguia sacudir a sensação de tontura. Infelizmente, no mesmo espectáculo, o Nigel - que por esta altura era o ROH World Champion após derrotar o Morishima - contraiu uma concussão também quando foi bater, de nuca, na barricada, num combate contra o Austin Aries.

Antes nesse ano, Nigel tinha-me dito que eu precisava de ler o livro do ex-wrestler da WWE Chris Nowinski "Head Games: Football's Concussion Crisis," que discutia os perigos das concussões no futebol e outros desportos de contacto. Falava especificamente sobre pessoas contrair, muito cedo, a doença de Alzheimer e demência devido às lesões na cabeça. Lê-lo fez-nos cagar-nos todinhos, a mim e ao Nigel. Uma das coisas que Nowinski enfatizava no livro era que o cérebro precisava de tempo para sarar e que, de modo a prevenir danos a longo prazo, é importante não apressar o regresso à acção após uma concussão. Claro, em quase todos os desportos de contacto, reconhecer que estás magoado e que tens que recuperar vai contra a mentalidade impregnada. Wrestling não é diferente.

Na noite seguinte no Manhattan Center, Nigel e eu devíamos estar em grandes combates, mas ambos sabíamos que precisávamos de tirar o dia de folga. Nigel, inteligentemente, fê-lo. Eu, no entanto, não. Eu lutei por mais de vinte minutos num combate four-way de eliminação no evento semi-principal. A minha cabeça não parava de latejar durante as seguintes semanas.

Apesar de momentos assim, eu adorava ser um wrestler independente. Uma coisa que eu desfrutava realmente era consistentemente poder lutar com pessoas novas. Muitas das vezes, eu iria para um espectáculo e não conhecia uma única pessoa lá, incluindo a pessoa contra quem eu estava marcado para lutar. Às vezes eu aparecia e alguém que eu não via há anos estava lá, o que fazia o meu dia.

Numa ocasião, eu estava agendado para um espectáculo raro numa Quarta-feira no centro oeste. Voei de Seattle para Chicago, depois tive uma viagem de carro de duas horas para a pequena cidade na qual lutaria essa noite. O meu voo estava bastante atrasado, o que já me atrasou um pouco no que dizia respeito a chegar ao espectáculo a horas, então eu liguei ao promotor e falei com ele. Dada a minha hora de chegada esperada, tornou-se claro que eu iria acabar por ir directo do carro para o ringue, para o evento principal. Para tornar as coisas mais interessantes, eu nunca tinha lutado com o meu adversário antes, e não tinha a certeza sequer se alguma vez o tinha conhecido. Também ia precisar de me equipar no carro e, a meio do Inverno, estava bastante frio para estar semi-nu dentro do veículo.

Encostei no parque de estacionamento a uns sólidos três minutos do momento de tocar a minha música. Entrei no lobby do que parecia ser um hall de Veteranos de Guerras Estrangeiras e ali fiquei, basicamente de roupa interior, até ser o momento de ir. Eu receei um pouquinho o combate, porque há muitos wrestlers horríveis e inseguros por aí, e ainda nem sequer tinha falado com o gajo com que iria lutar pela altura em que a minha música tocou, enquanto eu caminhava para o ringue do sítio por onde os fãs entravam.

O que aconteceu a seguir foi uma surpresa. Sem sequer termos falado, o meu adversário e eu demos um bom combate básico. Quanto mais tempo andávamos, mais eu ficava impressionado. Eu era uma estrela relativamente grande na cena independente a este ponto, mas ele não parecia nervoso. Muito pelo contrário, aliás: Ele estava confiante que o que estava a fazer era bom. O seu nome era Jon Moxley, e ele viria a ficar mais conhecido como Dean Ambrose na WWE.

Tive outra surpresa em inícios de 2008, da primeira vez que lutei com o Tyler Black, que agora também está na WWE como Seth Rollins. Rollins tinha chegado à ROH uns meses antes da nossa colisão, maioritariamente participando em combates de equipas e até chegando a ganhar os títulos de Tag Team da ROH. Eu tinha visto os seus combates, e respeitava a sua habilidade atlética e firmeza no ringue. Os seus calções eram demasiado pequenos, mas eu podia ignorar isso. Ansiava bastante pelo nosso combate. Era verdade que precisávamos de malta nova que os fãs aceitassem como talento do main-event na ROH, e Gabe achava que o Rollins tinha "aquilo."

Gabe sabia do que estava a falar. Essa noite no ringue, Rollins marcou uma impressão em mim e na plateia da ROH inteira. Apesar de não estarmos no evento principal, eles entitularam o DVD "Breakout" por causa da performance do Rollins no nosso combate, e eu estava feliz por fazer parte dele. Após isso, ele e eu acabámos por ter uma série de combates, com o meu favorito a decorrer em Detroit. Ele fez-me uma powerbomb para o canto e tudo aquilo partiu, acrescentando caos e imprevisibilidade ao combate. Em vez de ficar nervoso, ele improvisou, e esse combate foi o melhor que eu tive nesse ano.

No próximo capítulo: Finalmente passamos para um novo capítulo e também Bryan conhecerá um potencial novo capítulo na sua carreira. Adivinhem de quem Bryan recebe uma chamada. Quem será? É possível que comece por V e acabe em McMahon...

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