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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 12 - Parte 1


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


Capítulo 12: "Yes!" Para as Massas 
Sexta-Feira, 4 de Abril, 2014 - 11:04

Através do espectro de personalidades da mídia que encontrou, a Daniel Bryan já lhe foram perguntadas quase todas as questões imagináveis, em incontáveis línguas. Também já lhe foi pedido para recitar versos da canção "#SELFIE", rapidamente recitar nomes excessivamente coloridos de DJs para "shout outs" e, claro, lançar um "Yes!" ou três. A contagem é de cinquenta-e-quatro utilizações da palavra "yes" em cântico no total, pela altura em que acaba - culminando numa sucessão de nove vezes em conjunto com um grasnar dos correspondentes da mídia matinal. Está claro que em qualquer dialecto, a palavra de assinatura de Bryan (e o seu Movimento) têm força.

"O cântico "Yes!" dá aos fãs uma forma de vocalizar os seus sentimentos em relação a mim e a eu não conseguir o que, nas suas mentes, eu mereço. Eles querem ver-me a suceder," detalha Bryan. "Na minha carreira, a coisa mais importante à qual disse "yes" foi a seguir os meus próprios sonhos, em oposição aos sonhos das outras pessoas. Eu disse "yes" a perseguir o meu sonho de me tornar um wrestler, o que é ligeiramente impraticável para alguém que tem 1.73m e é de Aberdeen, Washington. Já o ouviram mil vezes antes - "segue os teus sonhos" - e é a única razão por que eu estou aqui neste momento.

A jardas de distância, as exibições estão desertas dentro do Wrestlemania Axxess, dando a Bryan livre domínio para explorar. Numa larga exibição alinhada com manequins decorados com equipamento vintage com as chapas de assinatura do Heartbreak Kid, Bryan redescobre uma memória do seu passado. Ele revive o primeiro pay-per-view a que já assistiu, a 31 de Março de 1996. A Wrestlemania XII foi um evento no qual um Goldust de lingerie colidiu com "Rowdy" Roddy Piper numa "Backlot Brawl" e o "Big Daddy Cool" Diesel caiu perante o Deadman. Mas mais importante, foi a casa onde a colisão que incontáveis Superstars afirmam como o seu combate favorito na Wrestlemania de todos os tempos: Bret Hart contra Shawn Michaels num combate WWE Iron Man de sessenta minutos. Um antigo aluno de HBK, o "Yes!" Man estudou este e outros clássicos ao longo da sua carreira, que ele espera redefinir na Wrestlemania 30. Bryan continua ao longo da exposição para encontrar imagens da Wrestlemania X e outras, recordando instantes como o dever duplo em que o Hit Man venceu o WWE Championship em 1994. Estes serviram como inspiração para o candidato que pode acabar em duas batalhas muito importantes no "Grandest Stage of Them All."

No final das suas explorações, Bryan não pode negar os olhos pesados a olhar fixamente para ele, acima do nível da cabeça, numa série de imensos banners incluindo os gladiadores de topo da Wrestlemania 30. Posicionados à frente um do outro, tal como estarão alguns dias mais tarde no Domingo, um Triple H e um Daniel Bryan gigantes encontram-se por cima de um longo corredor de passagem do Axxess. A única coisa maior será a própria colisão.

De onde ele está, apenas quarenta-e-oito horas jazem entre Daniel Bryan e o The Game - o "Yes" Movement" e a "Authority." Ele marcha de baixo das capas simbólicas e em direcção à saída.

"Estou muito confiante na minha habilidade para competir em dois combates numa noite," assegura ele, descrevendo os muitos torneios de uma só noite que ele experienciou no passado. "Esse tipo de realização tornar-me-á digno de todo este apoio e adoração."



A 7 de Junho de 2008, recebi a primeira de duas chamadas telefónicas que eu já tive do Vince McMahon. Eu estava no meu quarto de hotel em Hartford, Connecticut, onde tínhamos acabado de fazer um espectáculo da ROH. Ao início, quando ele se apresentou, eu ri-me porque pensava que alguém me estava a pregar uma partida. Vince McMahon tem uma voz muito distinta, uma que muita gente é boa a imitar. O que inicialmente me fez suspeitar que podia realmente ser ele foi quando ele disse que tinha estado a falar com o Shawn Michaels.

Duas semanas antes, Shawn tinha-me ligado, e foi a primeira vez que falámos em vários anos. Ele perguntou-me como eu estava mas foi rapidamente ao assunto. Ele estava no meio de uma rivalidade com o Chris Jericho, e eles estavam a envolver o Lance Cade na história porque o Shawn o tinha treinado. Eles acharam que envolver-me também seria um twist interessante; eu podia potencialmente entrar ao lado do Shawn, depois virar-me ao meu outrora instrutor para formar uma aliança com o Chris e o Lance. Shawn não tentou pressionar-me de maneira nenhuma, mas ele explicou que seria um óptimo "spot" para eu entrar, se eu quisesse ir para a WWE - algo em que eu nem sequer tinha pensado desde 2005. Ele disse que sabia, de falar com o William Regal, que eu gostava das independentes e que eu preferia ser mais uma espécie de "artista à fome." (Esta foi a primeira vez que ouvi isso em referência a mim, e deixou-me meio orgulhoso, visto que eu nunca aspirei ser rico e era maioritariamente a forma artística do wrestling, o que eu verdadeira gostava.) Tivemos uma boa conversa, e eu expressei que estaria interessado se pudessemos resolver as coisas com a ROH, com quem ainda estava sob contrato.

Era muito certamente o verdadeiro Vince McMahon ao telefone. Ele disse que o Shawn tinha falado muito bem de mim, e a seguir disse-me que gostava de ter uma reunião comigo em Oakland, California, nessa Segunda-feira antes do Raw.

Eu mencionei que podia encontrá-lo nesse dia, se ele quisesse, notando que eu estava em Hartford, Connecticut, que confundi com Stamford, onde a sede da WWE é localizada. Não conseguia entender porque é que ele não me encontraria nesse mesmo dia. Foi um pouco embaraçoso, apesar do Vince nunca ter apontado a minha estupidez, da qual apenas me apercebi quando passámos por Stamford no caminho de Hartford para o nosso show em Newark, New Jersey. Com tudo isso àparte, concordei com a reunião na California.

Em retrospectiva, devia simplesmente ter pedido o voo para Oakland a partir de Newark. Em vez disso, voei para casa, de Newark para Seattle, depois tive que voar de Seattle para Oakland umas seis horas mais tarde. Eu precisava desse tempo, contudo. Depois de falar com o Regal, achei que devia arranjar um fato para me encontrar com o Vince, e tudo o que tinha era roupas de exercício físico, logo fui à loja de departamento perto do aeroporto. A minha mãe foi suficientemente simpática para trazer-me novas roupas de desporto para que eu pudesse trocar tudo. Comprei um fato barato com uma camisa barata e uma igualmente barata gravata, fiz as minhas malas e dirigi-me para Oakland.

Encontrei-me com o Vince na Segunda-feira e foi muito desconfortável. Usar o fato não ajudou, visto que eu estava constrangido nele, o que é especialmente notável na presença de pessoas que o usam com tanta facilidade. Isso não foi o único factor. Quase logo que me viu, Vince pareceu surpreendido por eu ser aquele de quem o Shawn tinha falado tanto. Não tenho a certeza se era devido ao meu tamanho ou simplesmente devido ao quão simples eu me via, no geral. E a minha personalidade não parecia ajudar nas coisas. A nossa conversa foi um pouco assim:

"O Shawn diz que és muito bom," diz o Vince.
"Sim, sou OK," respondi.
"Apenas OK?" perguntou ele.
"Bem, sim," declarei muito casualmente. "Tenho um combate esta noite se gostaria de ver."

Conhecendo o Vince um pouco melhor agora, já podia ver o quanto ele teria odiado aquilo. Ele quer pessoas que digam "Não, eu sou o melhor!" E não que o digam apenas - que acreditem. Mas, excepto durante promos, eu não diria isso na altura e não diria isso agora. Algumas pessoas acham que eu sou bom, outras pessoas não; deixo as pessoas decidir por si, o que não é uma atitude de gajo-de-topo, pelo menos não para o Vince. Falámos um pouco mais, e eu expliquei que estava em contrato com a Ring of Honor mas tinha a sua total bênção para o vir ver. Ele perguntou-me se eu queria vir para a WWE (provavelmente porque o Shawn mencionou a cena do "artista à fome"), e eu disse-lhe que tinha preocupações. Disse que a WWE não tinha o melhor historial de elevar tipos mais pequenos como eu, e eu não era tão acrobático como alguém como o Rey Mysterio. Acho que esse comentário também fez o Vince levantar um sobrolho. Mas no geral, apesar do meu nervosismo - e a minha ligeira ansiedade acerca do dever ou não manter o casaco do fato abotoado quando me sentei - achei que correu bem.

O meu combate nessa noite também correu bem. Lutei com o Lance Cade, e não só tivemos um bom combatezinho, como havia alguns fãs que sabiam quem eu era e fizeram-me uma boa recepção. Ajudou que o Lance e eu nos conhecêssemos há anos, e ele fez o seu melhor para me deixar bem visto.

Mais tarde, o John Laurinaitis, que estava a cargo das relações de talentos da WWE, disse-me que estavam definitivamente interessados e que me ligaria nessa semana. Dois dias depois, fui para o México por uma semana para participar num dos seus maiores espectáculos de wrestling, a TripleMania. Quando voltei do México, tinha um show da ROH e depois saí para a Inglaterra por três meses. Não ouvi do Laurinaitis até ele ligar, literalmente, enquanto fazia o check-in das minhas malas para o voo para o Reino Unido. Disse-lhe que o meu telemóvel não funcionaria enquanto estivesse na Inglaterra, mas dei-lhe o meu endereço de e-mail para que me pudesse contactar se a WWE estivesse interessada em utilizar-me. Verifiquei o meu e-mail religiosamente durante essa viagem, mas nunca recebi uma mensagem dele. Por outro lado, teria sido muito fácil para mim ter ligado ao Johnny regularmente enquanto estava na Inglaterra, só para verificar e ver em que estatuto estava. Mas, claro, esse tipo de ambição não era o meu estilo.

Passei outro óptimo bocado na Inglaterra, e fui capaz de acrescentar mais espectáculos na Europa durante alguns fins-de-semana, só para a diversão. Lutei numa convenção de anime na França, que foi surreal, e actuei em espectáculos na Alemanha também. Fui directo da Inglaterra para o Japão noutra digressão com a Pro Wrestling NOAH, que tinha feito parceria com a Ring of Honor para promover alguns espectáculos da ROH no Japão no final da tour, que decorriam na Differ Ariake Arena, o mesmo edifício onde a NOAH tinha o seu dojo e escritórios.

Alguns de nós que tinham estado na tour da NOAH - eu, o Rocky Romero, o Eddie Edwards e o Davey Richards - tivemos alguns dias de folga antes dos espectáculos da ROH. Em anos passados, wrestlers estariam para fora na farra ou o que fosse. Depois, havíamos nós. Nós decidimos ter um concurso de comer bolachas à meia-noite no lobby do hotel. Fizemos várias viagens até esta pequena loja de conveniência para buscar caixas de bolachas Country Ma'am, que nunca tínhamos visto nos States. O vencedor do nosso concurso seria quem quer que comesse mais caixas destes doces tão suaves. O único que não participava era o Davey Richards, que por acaso apanhou-nos após sair para uma corrida de meia-noite porque não conseguia dormir. Ele estava enojado. Suspeito que se wrestlers da velha-guarda que tinham vindo para o Japão antes que nós - como Stan Hansen ou o Bruiser Brody - nos vissem, teriam-nos esmurrado a todos na cara. Se wrestlers notoriamente duros como eles alguma vez tivessem alguma competição, seria de bebida, não uma com bolachas moles. Mas na minha mente, existem poucas coisas melhores que um bom e velho concurso de comida... Mesmo que eu nunca ganhe.

(...)

No próximo capítulo: Então tantas voltas e quando é que ele vai definitivamente para a WWE, mesmo? Tenhamos calma. Ele teve. Se calhar até demais. Mas esteve sempre ocupado e continuou a facturar fora como poderão comprovar na segunda parte deste décimo-segundo capítulo!

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