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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 11 - Parte 1


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


Capítulo 11: Early Beards Gets the Worm
Sexta-Feira, 4 de Abril, 2014 - 5:29

As luzes da rua ainda brilham a esta hora quando Daniel Bryan entra numa limusine gelada para o mais cedo que teria uma aparição agendada na sua semana. Com pouco tempo para comer um pequeno-almoço formal, ele lembra a todos no carro da fecundidade da sua missão inicial na Whole Foods.

"É aqui que uma viagem à mercearia dá jeito," afirma Bryan. "Comprei um batido de proteínas, uma banana e sumo de vegetais."

Ele partilha a viagem com Sheamus e Roman Reigns e Seth Rollins dos Shield, todos participantes no evento internacional da manhã no New Orleans Ernest N. Morial Convention Center - o mesmo local onde o Wrestlemania Axxess, festival anual para fãs da WWE, decorre. Eles chegam juntamente com o resto de um grupo maior que inclui Big E, Natalya e Emma; depois o esquadrão de Superstars é dividido para conquistas de entrevistas.

As entrevistas madrugadoras de Bryan incluem discussões com afiliados de notícias locais, estações de rádio, e mais em cabines no andar do Axxess, muitas horas antes de abrirem as portas para a segunda noite de festividades dos fãs. Entrevistadores debatem com Bryan sobre tudo desde as suas próximas núpcias e a Wrestlemania, até aos seus dias de estrela indy e centros de treinos da WWE.

A entrevista para a câmara de Daniel Bryan é colocada em pausa, por um segundo zumbido no seu bolso, como um arranhar de disco a interromper a música de meet-and-greet a ser feita pela mídia por perto. É a mãe do "Yes! Man." Chamadas duplas são um sinal pela atenção de Bryan, então ele muito educadamente pausa o Q&A para conectar com a sua mãe, que ele espera que chegue a Nova Orleães mais tarde nessa noite.

Ele conclui a chamada, "Sim, também te amo." Depois volta para as conversas intermináveis para transmissão e mais além. É geralmente difícil ver as expressões por baixo da barba de Bryan, mas enquanto ele vai trocando gracejos com a miríade de personalidades mediáticas, existem muitos sorrisos visíveis.



Pouco depois de ter regressado da minha primeira viagem à Inglaterra, fiz a tour de Dezembro para a New Japan, depois voltei para Santa Monica para retomar a vida no Inoki Dojo, que tinha mudado enquanto eu estive fora. O Justin McCully deve ter tido alguma desavença com eles, visto que já não estava lá. Existiam agora vários outros tipos a viver no dojo, tendo tomado a mesma decisão que eu de mudar-se para lá para treinar. Um deles comprou uma cabana e colocou-a por cima do escritório perto da minha, o que não me importou, mas diminiu bastante a quantidade de privacidade que tinha. O Simon e o Hiroko Inoki trouxeram mais professores para nos ajudar, incluindo dois professores de yoga diferentes, um novo treinador de jiu-jitsu, e um professor de Muay Thai. Com toda a malta lá e as aulas diferentes, era um excelente ambiente de aprendizagem. Tenho adorado yoga, grappling e kickboxing desde então.

Em 2004, a New Japan foi-me buscar para duas digressões diferentes, tendo a maior mais de seis semanas. Estar lá por tanto tempo permitiu-me ficar mais confortável com o estilo e poder conhecer os lutadores Japoneses melhor. Em Março, ganhei o meu primeiro título Japonês, o IWGP Junior Tag Team Championship, juntamente com um Christopher Daniels mascarado. O Chris lutava como Curry Man, uma bizarra personagem dançarina cuja máscara incluia uma tigela de caril encima da cabeça. Os fãs Japoneses adoravam-no, e eu sempre achei engraçado que o Chris, na verdade, não fosse grande fã de caril.

Em Maio, lutei noutro espectáculo no Tokyo Dome, no qual fiz equipa com o Ultimo Dragón e o Koji Kanemoto para lutar com o Tiger Mask, o Heat e o Marafuji - a minha melhor experiência no Dome. Eu acabei por obter o pin para a minha equipa, demonstrando a fé que a New Japan tinha em mim. Nesse Maio também foi a minha primeira e única vez a competir no torneio anual Best of the Super Juniors, um torneio de eliminatórias, com três semanas, dezasseis homens que já datava de 1988. Era superfixe porque tantos dos meus wrestlers favoritos tinham participado no torneio, incluindo o Owen Hart, Chris Benoit, Eddie Guerrero, Fit Finlay e, claro, o Dean Malenko. É um torneio fisicamente intenso e, logo no início, o Chris deslocou o ombro. Estavamos agendados para defendermos os nossos títulos de Tag Team a meio da digressão, então o Chris colocava a fita no ombro todas as noites e prosseguia. Perdemos os títulos para o Gedo e o Jado, mas o combate foi fantástico porque todos os fãs sabiam que o Chris estava magoado e apoiaram-no bastante. Depois disso, o Chris já pôde ir para casa.

No que ao torneio diz respeito, cheguei às semi-finais - muito melhor que o que eu esperava chegar - onde perdi para o Kanemoto. Senti que Kanemoto e eu tínhamos tido um muito bom combate, mas quando o vi, apercebi-me que o Kanemoto teve um desempenho anos-luz melhor que o meu, e reconheci que ainda tinha muito mais trabalho a fazer. Essa era uma das muitas coisas maravilhosas sobre trabalhar no Japão. Na cena independente dos Estados Unidos, eu era quase sempre o wrestler mais experiente e tinha conduzido os combates desde 2002, mesmo que apenas com três anos de carreira. Muito poucos de nós tinha experiência em trabalhar com veteranos na indústria. Era quase como cegos a guiar cegos. No Japão, era diferente. Da primeira vez que lutei com o Kanemoto, ele já lutava há doze anos. O Jushin Liger já andava a lutar há dezoito anos contra alguns dos melhores do mundo pela altura em que lutei eu com ele. Era um sítio maravilhoso para aprender.

Apesar de apenas ter tido a oportunidade de lutar com ele um par de vezes em combates de equipas, o Yuji Nagata era a minha pessoa favorita para ver a trabalhar. Ele não fazia nenhuma manobra extravagante, mas tudo o que ele fazia era credível e puro; além disso, era muito "fogoso" e os fãs sempre apoiavam os seus combates. Eu verificava que assistia aos seus combates todas as noites porque havia sempre algo que eu podia aprender com eles.

Em meados de 2004, tive uma surpresa inesperada que melhorou a minha qualidade de vida. Simon e Hiroki Inoki foram sempre muito simpáticos comigo e, um dia, perguntaram-me se queria mudar-me para um apartamento no Inoki Sports Management. Era uma oferta que eu não podia recusar. O apartamento, que custa cerca de 3000$ por mês, era um T2 na Rua Sexta em Santa Mónica, apenas a um punhado de quarteirões da praia. Foi o sítio mais caro onde já vivi, e pude viver lá de graça. Estar rodeado de wrestling 24 horas por dia no dojo foi bom para mim por um bocado, mas havia alturas em que precisava de uma pausa, e o apartamento providenciava isso. Tinha o meu próprio quarto, logo dormia melhor. Tinha uma cozinha completa, logo comia melhor. Tinha um lugar para onde fugir, logo tinha tempo para relaxar. O apartamento era apenas a algumas milhas do dojo também, logo em dias bonitos, eu podia ir de bicicleta até lá. E claro, se tivesse um dia livre, podia desfrutar da praia ou caminhar no Passeio da Rua Terceira.

Por vezes tinha um colega de quarto. Um, brevemente, foi o ex-UFC Light Heavyweight Champion Lyoto Machida, porque estava sob contrato com a Inoki Sports Management. Havia rumores de que ele bebia o próprio xixi, mas eu nunca o vi. Também vivi com o Shinsuke Nakamura, que era um jovem wrestler da New Japan a treinar para a sua primeira luta de MMA. O Nakamura e eu demo-nos muito bem e ele acabou a ser uma enorme estrela na New Japan.

Por esta altura vocês devem estar a morrer por alguma espécie de história doida de festa - como, talvez eu ter tirado partido desta localização privilegiada para atrair strippers para minha casa e sniffar cocaína dos seus peitos falsos - mas nada disso aconteceu. A única coisa perversa que experienciei lá teve lugar enquanto eu caminhava de regresso para o apartamento. Um homem numa carrinha preta parou à minha beira e perguntou se eu fazia exercício. Eu disse que sim. Ele perguntou onde, e eu disse-lhe que exercitava no 24 Hour Fitness ao fundo da rua. Ele a seguir perguntou se eu gostava e eu disse que era porreirinho. Depois ele perguntou se me podia pagar para deixá-lo chupar-me a pila. Eu disse, "Não, obrigado," e foi isso. Ele arrancou para encontrar outro homem para servir e eu continuei a dirigir-me ao apartamento.

(...)

No próximo capítulo: Já há ouro e tudo, já podemos notar a carreira de Daniel Bryan mais bem encaminhada. E na segunda parte deste extenso décimo-primeiro capítulo vamos continuar a vê-lo a ser marcante, saltando de novo para a Ring of Honor e para as impressões que lá deixou. Incluindo algumas ideias doidas que ele gostava de sugerir... Não percam!

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