Ultimas

The Scrap Book | #2 | A primeira aposta em CM Punk (1/2)


Bem Vindos ao The Scrap Book
O The Scrap Book é, nada mais, nada menos do que, a nova rúbrica de minha autoria. De que se trata? De um espaço onde, a cada edição, exploro uma situação que considero que esteja a ser mal tratada no mundo do wrestling e apresento a minha alternativa enquanto booker de sofá. E no fundo, quem nunca olhou para uma certa história ou para o percurso de um certo wrestler e nunca pensou no quão “off” tudo parece? Quem nunca teve uma perspetiva diferente para o booking da Invasion em 2001 ou para o push de Roman Reigns pós-Shield?

Porquê um espaço de booking? Porque já crio fantasy booking extensivo em fóruns de wrestling nacionais desde 2012 e a área sempre me despertou interesse. Porquê o nome “The Scrap Book”? Porque este não será um projeto de booking extensivo, tratando-se apenas de um plano à base de “rascunhos”.

Nota: tentarei ao máximo que todos os detalhes associados ao booking de wrestlers não-protagonistas no tema que abordarei sejam realistas.

A Afirmação de CM Punk – Contexto (Mr. Money in the Bank)
Estamos com o Money in the Bank à porta. Todos os anos desde 2005, pelo menos uma superstar da WWE é presenteada com a oportunidade de ouro de e tornar campeão mundial. Em 2008, esse alguém foi CM Punk, ganhando o Ladder Match na Wrestlemania porque, essencialmente, Jeff Hardy portou-se mal.

CM Punk tinha perdido o título da ECW dois meses antes para Chavo Guerrero e a sua vitória no MITB Ladder Match mais nada confirma do que a queda eminente da ECW. Sejamos honestos, não havia forma de Punk cobrar a oportunidade pelo ECW World Heavyweight Championship. No draft confirmou-se. A 23 de Junho de 2008, CM Punk viajou para a RAW, com a garantia de que seria um futuro campeão mundial.

Mas enquanto Mr. Money in the Bank, CM Punk estava a atravessar um período estagnado, como se poucos forem os planos para si, na realidade. Falhou o Backlash. No Judgment Day juntou-se a Kane numa tentativa de conquistar os títulos de equipas do Smackdown e ECW. Acabou a sofrer o pin para John Morrison (equipa com The Miz). No One Night Stand, Punk esteve envolvido no único combate da ECW, um Singapore Cane para “encher chouriços”. Perdeu. Seguiu-se o draft.

Fiquem então por aqui, porque a minha proposta de alternativa está adiante.

Capítulo I: Um “cash-in” sem “pay-off”
O Night of Champions decorreu a 29 de Julho, apenas uns dias depois do draft. O conceito de que todos os combates seriam pelo título faria sentido. CM Punk ficaria portanto de fora do pay-per-view e mantém-se o combate entre Edge e Batista pelo título World Heavyweight. Edge era o campeão e Batista tinha-se transferido da SmackDown (marca de Edge) para a RAW.

Sendo Edge o “Ultimate Opportunist”, mantemos o plano original. Edge retém o título de forma suja e na noite seguinte gaba-se, na RAW, de ter derrotado Batista, deixando assim a RAW sem título mundial (Triple H era o campeão da WWE, também da SmackDown). Batista atacaria Edge como forma de vingança e, por conveniência, Edge sofreria na pele o que já fez duas vezes ao ser vítima de um cash-in.

- RAW – 29/06 – World Heavyweight Championship: CM Punk vence Edge (c) (Cash-in do contrato Money in the Bank de CM Punk).

Vejamos a title picture possível na RAW. Do lado dos babyfaces temos CM Punk, Batista, John Cena, Rey Mysterio e Shawn Michaels. Do lado dos heels: Chris Jericho, JBL, Kane e Randy Orton, que estava lesionado na altura. Há quem diga ainda que William Regal estava planeado para ter uma run no topo do card, por este período.

CM Punk não foi bem aceite como campeão. E aqui, com a sua vitória a desenrolar-se da mesma forma, a coisa não seria diferente. A primeira rivalidade pelo título seria obrigatoriamente com Batista, porque Punk não seria campeão graças ao mesmo. O propósito da rivalidade: CM Punk conseguir provar ser um campeão credível sem nada a dever a um Batista durão.

- Great American Bash – 22/07 – World Heavyweight Championship: Batista vence CM Punk (c).

Sim, nada mais seria que um reinado de transição. Ultimamente, a run de Punk como campeão mundial duraria um mês e serviu apenas para que a RAW tenha um título mundial. Faria sentido de outra forma? Eu acho que não. Depois de uma run irrelevante como Mr. Money in the Bank, a perda abrupta do título abriria caminho para a redenção de CM Punk. Começaria para já, mas sem o título à mistura.

Summerslam é o próximo na luta. John Cena acabou derrotado por JBL no Great American Bash (Parking Lot Brawl) e como tal, faria sentido ter JBL como candidato ao título, agora, de Batista. Ao mesmo tempo, Shawn Michaels estava fora do Summerslam, por motivos de storyline. Simultaneamente, William Regal regressava de suspensão (mascarada como despedimento), com assuntos pendentes com CM Punk.

Entre o Bash e o Summerslam, Punk seria novamente posto sob pressão de provar o seu valor como wrestler, bem como a sua capacidade de singrar na WWE. Chris Jericho desafiaria-o numa RAW.

- RAW – 04/08: Chris Jericho vence CM Punk.

Jericho recusaria deixar de castigar Punk depois do combate e ainda prendeu um Walls of Jericho enquanto gritava: “you’re pathetic, Punk. Come back to face me when you can handle it!”. Também o Y2J ficaria de fora do Summerslam, por Shawn Michaels estar “lesionado”. Já CM Punk seria vítima de um ataque por parte do regressado William Regal, que aclamava conseguir vencê-lo de novo (Regal tinha derrotado Punk há uns meses na final do King of the Ring) e provar ser muito melhor que Punk.

- Summerslam – 17/08: William Regal vence CM Punk.

Capítulo II: Ainda à prova
CM Punk ficaria progressivamente mais frustrado. Ele sabia que o seu valor existia. Ele sabia do seu potencial. Mas não o tinha conseguido provar facilmente na RAW, pelo menos até agora. E isso levou a que Punk adotasse um comportamento mais agressivo (não que Punk alguma vez tivesse sido um pão sem sal enquanto babyface na WWE), mas desta vez a sua revolta levaria a que este tivesse gosto em provocar dor em quem duvidasse de si, sendo mais um “no non-sense”, “take no shits” babyface. Já Regal, com promos cativantes e cheias de lógica, como nos habituou, apimentadas por um in-ring style ruthless, teria uma run perto do main event como merecia.

Pessoalmente, adorei o conceito dos Scramble Matches do Unforgiven 2008 (o próximo pay-per-view na lista). Então, vamos mantê-lo. Para contextualizar: cinco wrestlers teriam um combate de 20 minutos. Dois começavam, a cada cinco minutos, um entrava. Quem tivesse uma fall ganha quando a contagem chegasse ao final, era o campeão. Batista entraria com o título. Para determinar os restantes quatro participantes, entram os combates de qualificação.

- RAW – 18/08 – Qualificação: William Regal vence CM Punk (depois de um soco com soqueira).

Veríamos Regal a voltar às origens, utilizado o seu Power of the Punch como finisher para ter a oportunidade de ter um combate pelo título mundial no Unforgiven. Punk perderia. Nos outros dois qualifying matches, Kane e Rey Mysterio derrotariam Kofi Kingston e JBL, respetivamente. Na semana seguinte, um triple threat de repescagem:

- RAW – 25/08 – Qualificação: CM Punk vence JBL e Kofi Kingston (pinfall em JBL).

No Unforgiven, CM Punk tinha duas focos: a conquista do World Heavyweight Championship e castigar William Regal. Regal e Mysterio seriam os primeiros a entrar, para cinco minutos iniciais cheios de contra-ataque e mistura entre técnica e high-flying. CM Punk entraria em terceiro lugar, partindo logo para cima de Regal. Seguir-se-iam Kane e Batista em último.

- Unforgiven – 07/09 – World Heavyweight Championship – Scramble: CM Punk vence Batista (c), Kane, Rey Mysterio e William Regal.

William Regal seria campeão interino perto do fim, após recorrer novamente ao Power of the Punch para colocar Rey KO até ao final. Batista perseguiria Regal e no ringside acabaria também vítima da soqueira. Contudo, Punk, no ringue, acabaria com Kane com o Go To Sleep para recuperar o título mundial.

Na outra grande rivalidade da RAW, Shawn Michaels conseguiria superar Chris Jericho num Unsanctioned Match brutal, acabando em referee stoppage. Punk, por sua vez, novo campeão, daria início à “Fall of Punk” com uma promo confiante: “I am worthy of being world champion. I’m going to prove that I’m not just a young prospect. I’m not a hero as well. But I’m going to prove that I can be a legend in this business, like I always dreamt of! This marks the start of The Fall of Punk!”

A primeira parte do re-booking ao primeiro grande push de CM Punk termina aqui. Na próxima semana, não percam a conclusão!
Com tecnologia do Blogger.