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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 10 - Parte 1


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


Capítulo 10: "Carpet" Diem
Quinta-Feira, 3 de Abril, 2014 - 20:19

A semana de Wrestlemania aumenta na "passadeira roxa" no Museu de Arte de Nova Orleães para a acção de caridade Superstars for Kids, um dos muitos eventos de divulgação comunitária da WWE durante este trecho anual de dias antes da 'Mania. Entre os convidados de honra estão um Daniel Bryan maneiro e a sua belíssima noiva, Brie Bella, que saem do seu carro privado para um muro de luzes em flash e procura, entre cotoveladas, de uma frase impactante ou de uma pose. Como os mortos-vivos de George Romero sobre um corpo fresco, um enclave de mídia e microfones rodeia "Braniel" para respostas rápidas a questões que já tinham respondido duas vezes, há três repórteres atrás. No entanto, o entusiasmo do casal é puramente contagiante. No limite do passeio violeta encontra-se um "Twitter Mirror" de seis pés, fornecido especificamente para este evento maior que é a 'Mania. Os dois amados viram-se um para o outro e colidem as faces para a mídia social, com a foto a capturar o seu beijo para o retweet do WWE Universe.

Socializar não é o que Daniel Bryan faz melhor. É por isso que Brie lidera a carga na maioria das conversas entre a plateia mista de mestres do ringue (Hulk Hogan), celebridades (Marlon Wayans), e oficiais de Nova Orleães como o Presidente Mitch Landreau, que especificamente abordou o casal. Landrieu dá-lhes as boas-vindas, expressa o seu júbilo pelo aparecimento da Wrestlemania na Big Easy, e convida os "Braniel" de volta ao museu na Segunda-Feira para uma tour privada, pré-Raw.

Apesar de áspero e feroz dentro do quadrado redondo, Bryan não podia ser mais suave no seu quase imperceptível toque-tornado-carícia no pescoço de Brie durante a conversa. Se já viste os seus golpes em ringue, é como ver um animal selvagem a repousar a pata. É um sinal subtil de adoração e demonstra a mais simples forma de afecto num toque suave. Antes de Bryan poder dizer "mantimentos ecológicos", o presidente despede-se e avança para preparar o discurso festivo e as festividades que viriam.

O cenário da festa do Superstars for Kids está no "beco proverbial" do "Casal do Povo", pode-se dizer. O museu como localização é significativo não só pela arte rara em exibição, mas também por puxar visões do seu relacionamento desde o seu início. A sua primeira saída social juntos foi há alguns anos atrás no Museu Isabella Stewart Gardner em Boston. Ela convidou-o.

"Não era um encontro romântico na altura, mas olhando para trás, foi o nosso primeiro encontro," diz Bryan com um riso. "Começámos a falar depois de partilharmos uma storyline juntos. Antes disso, não nos falávamos propriamente muito. Nunca fui alguém de falar muito com as Divas ou nada disso."

Dois anos mais tarde, o par passa pelos corredores do Museu de Arte de NOLA como um homem e uma mulher noivos e a planear um casamento no seu futuro não muito distante e brilhante juntos.

"Tínhamos tantos interesses semelhantes," diz ele. "Tínhamos a mesma sensibilidade e somos os dois meios hippies."

Tenta desfrutar a tua noite quando o gajo cuja cabeça planeias encartar à patada na Wrestlemania está a menos de 30 metros de ti. Chegando mais tarde que Bryan e Brie, "The Authority" (Triple H e Stephanie McMahon) já acabaram de fazer as suas rondas no tapete púrpura, cor de 'Mania, e em vários cenários de meet-and-greet. Agora estão a misturar-se com os convidados à distância. "Braniel" focam-se na arte e em boas conversas com o cast do Total Divas, incluindo a irmã gémea de Brie, Nikki, ainda mais a sua mãe e irmão. Não há como escapar à voz de Stephanie McMahon, chefe da marca da WWE, assim que é projectada por todo o cenário durante o seu discurso para todo o evento. Esta noite, ela e o The Game concentram-se nas suas responsabilidades corporativas. Coisas mantêm-se mais civilizadas do que as chicotadas verbais e físicas que têm sido trocadas na programação da WWE nas semanas, ou até meses recentes.

"Não sabes como são as relações pessoais das pessoas, mas o que aparenta é que a relação do Triple H e da Stephanie é afirmada em poder," diz Bryan a descrever francamente a sua percepção do casal corporativo. "Somos todos tão diferentes," acrescenta ele. "Para nós, a felicidade e fazer coisas com significado são mais importantes. Eles são obcecados com ser um casal poderoso. A Brie e eu somos o oposto."

Bryan e Brie mantêm olho no relógio. O evento de mídia internacional de manhã do "Yes! Man" obriga o casal a ficar por aí na noite. Saem dos corredores de mármore do museu e escapam pela escadaria abaixo, onde um SUV preto os espera para os levar de volta a "casa" por esta noite.



Após ter sido despedido pela WWE em 2001, o meu principal objectivo era regressar ao Japão e tornar-me um competidor regular lá. Essa era, na verdade, a minha situação ideal quando comecei com o wrestling, a pensar que wrestlers Americanos que conseguiam viver de lutar no Japão passavam melhor. Na minha mente, eles podiam lá ir, fazer o que adoram, e depois, quando voltassem para os "States", podiam caminhar por aí sem que os chateassem, sem ter que lidar com os aborrecimentos de ser ligeiramente famoso.

O chefe de relações com os talentos na WWE era o John Laurinaitis na altura, que tinha um longo historial de trabalhar com a All Japan Pro Wrestling, e pouco depois do meu contrato de desenvolvimento ser terminado, ele disse-me que tentaria meter-me lá. O Regal também me deu o número do Brad Reinghans, um wrestler mais velho do Minnesota que tinha a habilidade de colocar pessoas na outra promoção de topo do Leste, a New Japan Pro Wrestling. Infelizmente, nenhum deles foi capaz de me meter e ambos eventualmente pararam de responder às minhas chamadas.

Com tudo dito, saltei e agarrei-me à oportunidade quando fui convidado para um "tryout" para a New Japan em Santa Monica, em Março de 2002. No dia anterior ao tryout, Roland tinha agendado voos para vários talentos do APW, incluindo eu, para Las Vegas para comparecer no Cauliflower Alley Club (CAC), um jantar de reunião anual para wrestlers retirados e activos. Chegámos no dia anterior para que vários dos wrestlers da APW pudessem aparecer no show de futuras lendas da CAC, a presunção sendo que pudesse colocar alguns olhos influentes sobre nós.

Apenas me lembro de uma coisa desse espectáculo no Cauliflower Alley. Eu ia lutar com o Brian Kendrick no espectáculo e, antecipadamente, estávamos a falar nos bastidores. Brian virou-se e viu um jovem wrestler magricela a fazer um alongamento deitado de costas enquanto arremessava as pernas por cima da cabeça e as deixava lá ficar. Brian foi ter com o miúdo, que ele nunca tinha conhecido antes, e casualmente lhe disse, "Hey, sabes que essa é a melhor maneira de chupares a tua própria pila, certo?" O moço estava aterrorizado enquanto assistia ao Brian a deitar-se no chão ao seu lado e a demonstrar os movimentos. Com isso, Nick Bockwinkel - uma lenda do wrestling e o homem responsável pela minha vitória no torneio King of the Indies - entrou na sala, vestido com perfeição. Brian não o viu a entrar, então Bockwinkel viu toda a demonstração enquanto o Brian dizia ao miúdo para apenas "deixar a gravidade fazer todo o trabalho." Brian olhou para cima bem a tempo de ver um Bockwinkel chocado, a abanar a cabeça em nojo e a retirar-se da sala. Eu quase caí para o chão com o riso.

Após o evento CAC, conduzimos de Las Vegas até Los Angeles, ficando com o amigo do Brian, Jordan (que tinha um grelhador Foreman com formigas, que ele recusava-se a matar, a andar por aquilo tudo). Brian e eu tínhamos que estar no "tryout" às 10:00, logo acordámos cedo na manhã seguinte e dirigimo-nos a Santa Monica.

O Inoki Dojo era num armazém grande, e era o centro de treinos de wrestling mais agradável em que já tinha estado até então. Era enorme. Tinham tapetes de wrestling amador no chão, sacos de kickbox, bom equipamento de pesos e a coisa mais fixe: um ringue oficial da New Japan Pro Wrestling. Havia algumas câmaras de TV e equipas de filmagem com o intuito de lançar algumas das imagens para o ar na televisão Japonesa. Ver toda a produção foi emocionante, ainda mais porque o próprio Antonio Inoki, um WWE Hall of Famer e fundador da New Japan, estava lá para nos ver e avaliar. Ou assim achávamos nós. Havia cerca de quinze gajos independentes, maioritariamente locais, para o "tryout" e todos executámos uma série de exercícios de relaxamento para aquecer, seguido de um combate. Brian e eu lutámos um com o outro no primeiro combate, dando o nosso melhor para impressionar e a sacar das nossas cenas mais porreiras. A meio do combate, Brian resmungou para mim, "Aquele filho da puta nem sequer está a ver! Olha para ele!" Eu consegui olhar apenas para ver Inoki, agarrado à sua vara gigante, a fazer o que aparentemente era um dos seus exercícios de assinatura enquanto via o lutador de MMA Don Frye num dos tapetes. Inoki tinha as costas literalmente voltadas para nós para assistir ao Don Frye a alongar.

Quando Brian e eu concluímos o nosso combate, todos os outros wrestlers no exterior aplaudiram. Depois foi a nossa vez de ficarmos ao pé do ringue para ver as outras exibições e notámos que o Inoki não viu um único deles. Acontece que eles não estavam verdadeiramente interessados em scouting ou avaliação a talento nenhum. Eles apenas queriam que o dojo parecesse cheio em frente às câmaras Japonesas. Eu estava incomodado por termos desperdiçado o nosso tempo, mas o Brian estava especialmente enfurecido. Após o "tryout", Christopher Daniels e eu estávamos sentados num sofá no dojo enquanto Brian estava de pé a falar connosco. Inoki estava a fazer macacadas na máquina de musculação "Cross-over" que, na verdade, nem estava completamente montada. Apenas parecia que estava. Quando Inoki saltou para a viga, para fazer um levantamento, tudo aquilo colidiu sobre ele, pesos e tudo. Todos se apressaram a ajudá-lo, excepto nós os três. Daniels e eu ficámos sentados no sofá e, enquanto mais pessoas corriam precipitadamente, Brian disse alto, "Bem feito, a esse filho da puta."

Apesar da minha primeira experiência desapontante ali, sempre que o Inoki Dojo me dizia que havia uma oportunidade para um "tryout", eu fazia a viagem. Era uma viagem de carro de seis horas de Fremont até Santa Monica, e os "tryouts" eram sempre de manhã. Eu conduzia de noite após acabar o treino na APW, depois encontrava algum lugar para estacionar o carro e dormir nele até à hora. Nenhuma das subsequentes viagens até ali foram tão más como a primeira porque eu tinha a certeza que ia ser esperar muito. Mesmo que existisse apenas uma chance de um minuto que me levaria a uma oportunidade no Japão, eu tinha que aproveitar e arriscar.

(...)

No próximo capítulo: Depois do desgosto, Bryan manteve a tal atitude positiva e o esforço imenso e lá chegou onde queria! Segue o seu percurso na segunda parte e vejam Bryan a enfrentar as suas primeiras grandes plateias! Não consta que o Kendrick ande a fazer mais coisas estranhas...

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