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Opinião Pacífica #15 - Divagações



Como é seus pussys? Acho que esta vai ser a minha nova catchphrase. O que acham? gostam? Eu gosto, se não gostam, azar. De qualquer forma, aposto que não estavam à espera de me ver por aqui esta semana. Devem estar a pensar “tché, o gajo enganou-se, então mas não era só para a semana que o chavalo ia lançar artigo?”, pois era, mas como estou de bom humor e queria falar ai d’um assunto, aqui estou. Aproveitem que isto não vai ser sempre. Vai ser quando me der na gana, basicamente.

Pois bem, o que é que eu vim aqui falar afinal? Para ser honesto, nem eu sei bem. Apeteceu-me falar de umas cenas e pronto, aqui estou eu. Tudo começou aqui há uns dias quando vagueava eu pelos youtubes e vi um vídeo de um podcast qualquer em que o CM Punk dizia que, na preparação do combate dele contra o Cena no Money in the Bank 2011, o que menos houve foi exatamente isso, preparação.

Isso deu-me curiosidade para voltar a ver o mítico combate entre os dois porque, verdade seja dita, a minha opinião sobre o mesmo não é a melhor. Aliás, não é que eu ache o combate mau, longe disso, mas a verdade é que não vejo no combate em si o “five star match” que toda a gente diz ver e sei que não sou o único a ter esta visão.

A verdade é que, depois de rever o combate tendo em minha pose a informação de que este não foi minimamente preparado, sendo a única parte que foi planeada foi o final com o Vince e o Johnny Ace a virem interromper a cena e com o Cena a levar com o GTS nos cornos que iria por fim ao combate e inicio a uma nova era da empresa, a verdade é que a minha opinião sobre o match piorou até.

Nós temos casos recentes de combates que sabemos que não foram minimamente preparados e que até foram bons, por exemplo, o caso Sami Zayn vs Shinsuke Nakamura do NXT Takeover: Dallas, que é mais um daqueles combates que parece que toda a gente se masturba a ver aquilo e eu acho que “simplesmente” foi um bom combate. No entanto, esse foi um bom combate em que não se notou qualquer tipo de sloppynes ou de falta de preparação.

O que aconteceu com o Cena vs Punk, principalmente naqueles 10 minutos iniciais foi um combate bastante morto em termos de ação em ringue, muitíssimo parado enquanto claramente Punk e Cena estão a ter longas conversas dentro de ringue a decidir o que caralho vão fazer a seguir.

Já sei o que os defensores da pátria, os pseudo-entendidos do wrestling vão dizer: “AQUILO ERA PSICOLOGIA DE RINGUE! OS GAJOS ESTAVAM A TRABALHAR O PÚBLICO! O PESSOAL QUE ESTAVA NA ARENA ESTAVA TODO MALUCO GRAÇAS AO QUE ELES ESTAVAM A FAZER!”. E isto não deixa de ser verdade, ou pelo menos parte disto. O público que estava naquela noite na Allstate Arena em Chicago estava a mandar aquela merda pelos ares. É capaz de ser dos públicos mais hots que me recordo de ver na história do negócio.

A verdade é que aquele público iria reagir assim, fosse o combate bom ou mau. A história que a WWE montou foi excelente e ninguém pode tirar isso à empresa. O Punk era das personagens mais overs de toda a história, na altura, porque a WWE assim o fez (sem tirar qualquer tipo de mérito ao homem que estava a ter um trabalho de mic excelente e estava a corresponder muitíssimo bem aquilo que era pedido). CM Punk era um herói de Chicago e o público iria delirar mesmo que ele chegasse lá, manda-se uma valente de uma dedada no Cena, este cai-se redondo no chão e Punk fizesse a contagem para vencer (Fingerpoke of Doom, never forget (eu a ter que explicar referências caso haja alguém que não entenda (eu a dizer que tenho que explicar referências, fazendo parecer que sou bueda esperto (eu a fazer piadas de mim mesmo para parecer que sou bueda engraçado (eu a fazer piadas do facto de estar a fazer piadas sobre mim mesmo para parecer que estou bue a quebrar a “forth-wall” (eu a… ok, eu paro, desculpem)))))).

Mas a verdade é que isto fez-me perceber uma coisa. Eu, Marco Paz, não gostei assim tanto daquele combate. Porquê? Porque o eu gostar mais ou menos daquele combate vai depender de toda uma panóplia de coisas, desde todo o aglomerado de combates que eu vi até ao momento de visionamento daquele combate, o meu gosto pessoal (se gosto mais de catch wrestling, comedy wrestling, brawl, lucha libre, etc.), a minha opinião em relação aqueles dois lutadores, em relação à empresa, passando mesmo pelo meu estado de humor no momento em que estou a ver o combate.

Eu, Marco Paz, ser em constante mudança e aprendizagem, que muda de opinião em relação a algo todos os segundos porque todos os segundos estou a receber novas informações que fazem a minha forma de ver o mundo mudar ligeiramente, tenho uma opinião em relação ao combate diferente do que muita gente tem, mas essa é a minha opinião. E é disso mesmo que se trata o sistema de “star ratings” que tem estado em moda já há alguns anos. Da opinião de alguém em relação a algo no momento de visionamento desse mesmo algo.

Ora, eu, enquanto pessoa que tem um artigo quinzenal neste mesmo site onde digo quais foram os meus combates favoritos das duas semanas anteriores a esse mesmo artigo e que o faço dando pontuações a esses mesmos combates, comecei a questionar esse mesmo sistema que eu utilizo.

Por um lado, a verdade é que é praticamente impossível eu meter em palavras aquilo que realmente sinto em relação a um combate. As emoções são muito mais do que meras palavras e são poucos os escritores que são capazes de traduzir aquilo que sentem utilizando apenas combinações de representações simbólicas de sons que somos capazes de fazer com os músculos da nossa boca. Por isso, utilizar um sistema de rating que ajude a definir aquilo que sentimos em relação a um combate ajuda aos outros terem uma melhor percepção do grau de satisfação que obtivemos ao ver um combate.

Mas, por outro lado, parece-me imensamente injusto reduzir tudo aquilo que sentimos quando estamos a ver um combate de wrestling a um mero número. Até porque, apesar de eu poder notas iguais a dois combates, não quer dizer que eu goste igualmente dos dois ou que tenha sentido o mesmo em relação aos dois. Aliás, há combates em que eu dou uma nota menos boa que acabo por gostar mais do que combates que dou uma nota melhor.

Eu sou um fã de combates de comédia bem feitos e, geralmente, o Trent Seven consegue sempre meter-me a rir que nem um maluco. Mas não é por isso que eu dou aos combates dele notas extraordinárias. Geralmente, quando dou uma nota melhor a um combate dele, é porque ele está inserido num combate de Tag Team, porque singles matchs não me lembro do ultimo que tenha achado verdadeiramente bom (talvez contra o Pete Dunne no WWE UK Championship Special). Mas na verdade, é que eu acabo por desfrutar imensamente mais dos combates dele do que grande parte dos combates a que eu dou notas de quatro estrelas ou assim.

Isto porque o meu sistema de notas consiste no seguinte: metade da nota vai para o quanto eu gostei do combate, o quanto eu gostei de ver o combate, ou seja, metade da nota vai para a parte subjetiva da cena; a outra metade vai para a parte objetiva, ou seja, a qualidade do combate em si ou, pelo menos, a qualidade que eu acho que o combate teve, visto que eu sou apenas um fã, não um especialista de wrestling que já estudou ou entende bue da cena.

Mas a verdade é que, muitas vezes, por imensas razões, é impossível não deixarmos que o nosso lado subjetivo tome conta de nós e acabemos por dar notas inflacionadas a certos combates. Por exemplo, aqui há uns tempos eu disse que o WALTER vs Timothy Thatcher pelo ATLAS Title no Chapter 62 da PROGRESS tinha sido o meu combate favorito das duas primeiras semanas de Fevereiro e um amigo meu, rapidamente, constatou algo que me fez pensar, que eu, no que toca à PROGRESS, acabo sempre por inflacionar as notas devido ao meu imenso gosto pela companhia.

Perante tal situação eu nem pensei muito na questão e decidi defender o meu ponto de vista, o porquê de o combate que eu tinha escolhido era mesmo melhor que o combate que ele dizia que era melhor que o combate que este escolhia como o melhor combate da primeira metade de Fevereiro, o SANADA vs Okada.

Só uns tempos depois é que eu pensei realmente em tal assunto, o facto de eu inflacionar as notas dos combates da PROGRESS. A verdade é que a PROGRESS é mesmo a minha companhia predileta e que acabo sempre por inclinar para ela quando estamos a discutir qualidade em wrestling. Mas, a verdade é que não há mal nenhum nisso, porque quando eu me proponho a dar a minha opinião sobre os melhores combates que eu vejo, se eu digo que combate X da PROGRESS é o melhor combate que eu vi nos últimos tempos é porque realmente o é, para mim. E se eu digo que esse combate X merece pontuação Y, é porque, NA MINHA OPINIÃO, é isso mesmo que ele merece.

E isto levou-me a repensar no assunto Punk vs Cena e no porquê de tantas pessoas acharem que o combate mereceu realmente as cinco estrelas que o Meltzer lhe deu. Sim, muitas pessoas dizem que o combate merece cinco estrelas porque têm medo de ser diferentes e querem ter a opinião que a maior parte tem, porque é fixe ser socialmente aceite. É por isso que, apesar de o homem já ter demonstrado que é um bom lutador, que o John Cena continua a ser odiado por tanta gente ou porque é que o Roman Reigns, apesar de já ter provado que não é assim tão mau como o fazem ser, as pessoas continuam a crucificá-lo como se ele fosse o maior lixo do mundo.

Mas a verdade é que muitas outras pessoas realmente gostaram do combate ao ponto de dizer que ele merece as cinco estrelas. Porque um combate nunca é só um combate. Aliás, fazendo referência a um vídeo popular sobre wrestling do Max Landis, que aconselho vivamente a que todos vejam, a única coisa que um combate não é, é um combate. Porque entram tantas variáveis, tantas componentes, tantas peças que fazem parte d’um puzzle gigante que constituem um combate, desde o que levou ao combate, o ambiente do combate, as pessoas que estão no combate, e toda uma panóplia de coisas, que é tão injusto eu avaliar um combate apenas pelo combate em si.

Por isso, apesar de a minha opinião em relação ao John Cena vs CM Punk do Money in the Bank 2011 não ser a melhor, consigo perceber porque é que algumas pessoas dizem que esse combate é um combate que merece cinco estrelas, apesar de a minha opinião ser de que o combate merece apenas umas quatro.

Toda a experiência de ver wrestling é única a cada sujeito. Apesar de eu e tu vermos o mesmo combate, aquilo que vamos sentir ao ver esse mesmo combate vai ser imensamente diferente porque nós os dois somos seres individuais, emocionais e subjetivos imensamente diferentes. E isso é a base de tudo. É por isso que algumas pessoas gostam de RAP enquanto outras gostam de Heavy Metal. É por isso que umas pessoas gostam de Game of Thrones e outras odeiam. É por isso que umas pessoas amam Saramago ou outras preferem um Lobo Antunes. É por isso que umas pessoas preferem o Stone Cold Steve Austin e outras o The Rock ou, outras, o Triple H, ou o Undertaker, ou o Sting ou qualquer outro wrestler.

Acabo o artigo deixando uma pequena mensagem que eu acho que não posso deixar de transmitir a todos vocês que me lêem e conseguiram ler todo o artigo: o último álbum de Arctic Monkeys foi uma valente merda e é bom que o próximo seja alguma coisa de jeito, senão eu vou ficar muito chateado e reclamar imenso na internet. O que é que isto tem a ver com o artigo? Talvez nada, talvez tudo. A verdade é que eu sou péssimo a acabar estas coisas, por isso, como isto estava demasiado sério, foi isto que me surgiu. Boa noite a todos, senão for de noite, espera umas horas, volta a ler isto, e pronto, já está certo, e até ao próximo Opinião Pacífica.

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