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Opinião Pacifica #3: Evolução



A febre dos Pokemons está ai. O que é isto tem a ver com o meu tema de hoje? Talvez nada, talvez alguma coisa, talvez tenha sido apenas uma forma random que eu encontrei de começar o artigo porque eu tenho uma grande dificuldade em começar os meus artigos, mas prosseguindo. O Pokemon faz parte da minha infância, sempre joguei aos jogos quando era mais novo e ainda hoje jogo. Por isso, ver como, de repente, TODA A GENTE tornou-se um pseudo-especialista em Pokemons, dá-me gozo. Dá-me um grande gozo quando as pessoas tentam falar comigo sobre Pokemons e acham-se uns grandes especialistas porque quando eram putos viram 4 ou 5 episódios e lembram-se de alguns nomes de e assim. E isso é muito parecido com a sensação que tenho quando digo a alguém que gosto e vejo wrestling. "Quando eu era mais pequeno via isso, na SIC Radical."; " O meu favorito naquela altura era o Undertaker! Ou então o Triple H! Naquela altura é que era bom"; "Gostava quando era pequeno, mas deixei de ver porque tornou-se infantil e depois descobri que era tudo a fingir!" Esta ultima frase então deixa-me sempre com um sorriso na cara. Eu até já tenho um discurso preparado para quando as pessoas interrogam-me sobre como é que eu ainda vejo algo que sei que é a fingir. 

Continuando, algo que me apaixona tanto num produto como no outro é a evolução do próprio. Mais nos jogos do que no anime, um dos grandes pontos do Pokemon é evoluíres os teus Pokemons para os tornares mais fortes e melhores. No Wrestling, curiosamente, sinto o mesmo. Sinto que cada vez mais vemos evoluções na modalidade: tanto no produto em si, como nas mentalidades  e nos lutadores. E vou ter exemplos explícitos para demonstrar cada um destes pontos que mencionei. 


Os Lutadores

Vou começar com aquele que mais em contacto está conosco. Os lutadores, obviamente, evolui em com o passar do tempo. No inicio são sempre mais imaturos, mais energéticos, mais expontaneos e dão sempre mais nas vistas, quando que no final das suas carreiras, são lutadores muito mais maduros, muito mais premeditados, com uma psicologia muito maior, muito menos "risk-takers" e muito mais sábios. AJ Styles é um dos grandes exemplos que consigo recordar-me disto. Styles começou a dar nas vistas na TNA por ser um dos melhores highflyers do mundo, com moves inovativas e uma agilidade do outro mundo. No entanto, foram poucos os GRANDES combates que Styles deu nos primeiros anos da sua carreira, sendo que o melhor foi o famoso 3-Way Match entre ele, Samoa Joe e Christopher Daniels, um combate cheio de mestria, sim, mas algo característicos de lutadores mais jovens. Eu considero o 3-Way entre estes lutadores um combate do estilo do infame combate entre Ospreay e Ricochet no BOSJ deste ano. Lutadores jovens, a mostrar as suas imensas capacidades em ringue, a roubar completamente um show e a dividir opiniões. 

AJ Styles cresceu, ficou mais maduro e, hoje em dia, arrisca muito menos. É muito mais técnico, muito mais ground-based do que era antes. Normal, a idade pesa. Não é o Highflyer que era antes e à anos que não vejo AJ a aplicar a minha manobra favorita dele: o Spiral Tap. Este homem hoje em dia dá combates de alta qualidade uns atrás dos outros. Só este ano, já deu três combates que eu considero muito bons: vs Shinsuke Nakamura (um dos combates com mais probabilidade de vencer o combate do ano, NA MINHA OPINIÃO!), vs Roman Reigns (o segundo) e vs John Cena. Storytelling, Selling, Psicologia, Pacing, controlo do publico, a ação em si, tudo no ponto certo para dar excelentes combates. À 10 anos atrás, Styles dava combates desta qualidade com tanta regularidade? Não. E isto deve-se a uma evolução natural dos lutadores.

Agora falemos de um lutador que, na minha opinião, deve seguir mais ou menos o mesmo caminho que AJ, com uma grande diferença: Ele já está a dar grandes combates, com características de um lutador com largos anos de experiencia, com um selling fenomenal, com psicologia excelente e que se continua a evoluir a este ritmo, tornar-se-á no melhor lutador do mundo no espaço de 3 anos: William Ospreay. Maior parte de vocês deve conhecer este rapaz de 23 anos (!!!!!!!!), ele chegou às bocas do mundo com o já mencionado combate contra Ricochet, mas quem segue o circuito independente à muito que está ciente das capacidades deste menino. À muito que este se destaca pela sua enorme qualidade dentro do ringue com a sua tenra idade. Mas William tem um grande problema: ele está a dar cabo do seu corpo e precisa de abrandar. Will está a enfrentar algumas lesões, principalmente uma nas costas, mas quem o vê lutador não consegue ver isso pois Ospreay simplesmente dá sempre tudo por tudo. O tipo de wrestling que este anda a entregar está a lixar-lhe o corpo e este eventualmente vai ter que abrandar se não quer reformar-se aos 35 anos. E quando isso acontecer, quando essa transição de estilos se der, Ospreay irá tornar-se num lutador ainda melhor do que aquilo que já é hoje. 

É necessário haver estas evoluções nos lutadores. Não apenas nos seus estilos, mas também nas suas personagens. Todos ficam mais maduros com o tempo, todos evolui em e todos a certo ponto têm que estabilizar. No inicio, é normal que os lutadores sejam genéricos e utilizem o fator in-ring para se destacar, mas com o passar dos anos, os lutadores têm que criar uma personagem para continuarem diferentes, para continuarem na ribalta. E esta evolução na mentalidade é o que faz o Wrestling progredir, especialmente nos dias de hojes em que vemos tantos estilos diferentes... e é mesmo disso que vamos falar a seguir.


Mentalidades, Produtos e Estilos

 O Wrestling em si, como um negócio ou como um desporto, evoluiu desde o seu inicio, obviamente. Ainda aqui à dias o famoso canal de wrestling do Youtube, WhatCulture Wrestling, lançou um video interessantíssimo sobre as origens do wrestling e como este era no seu inicio. Nos anos 20, com combates longos de 1, 2 ou até 3 horas de apenas catch-wrestling, algo que é muito diferente dos combates de 15 minutos cheios de ação que temos hoje em dia. Mas o wrestling sofreu MUITAS alterações com o tempo. Nos anos 80 o produto não estava tão virado para o wrestling em si mas sim para o fator do entretenimento, os larger than life wrestlers com força super humano ou com uma altura inigualável ou qualquer característica que os torna-se completamente diferentes de tudo o resto. 

Nos anos 90 começou-se a dar mais importância ao que se passava dentro do ringue mas aquilo que acontecia fora deste também importava bastante. a Attitude Era chegou e a mentalidade das personagens de cartoon e completamente fora da realidade começaram a desaparecer e deram lugar a lutadores com que a audiência se pudesse identificar. Um Redneck que gosta de beber cerveja e mandar uns manguitos ao patrão, naquela altura, quem não adoraria um herói destes? 

Veio o virar do milénio e uma nova especie de lutadores começaram a destacar-se. Mais uma vez, o foco na qualidade in-ring dos lutadores é algo que os promotores cada vez ligam mais. Pessoas como Chris Jericho, Eddie Guerrero, Chris Benoit, Brock Lesnar e outras personagens dotadas de skills em ringue começaram a ter destaque e a elevar-se enquanto os nomes da antiga era ainda perduravam.

Hoje em dia, a mentalidade é, obviamente, diferente de à 10 anos atrás. Se lutadores como Daniel Bryan ou Finn Balor estivessem na WWE na altura, provavelmente não teriam o sucesso que tiveram e têm hoje em dia, muito devido a que, mesmo Eddie e Benoit tendo aquele sucesso, sempre foram vendidos como "wrestlers pequenos". Finn Balor não. Seth Rollins não. Outros que estão para vir não serão vendidos como tal. Porque? Porque a mentalidade do produto evoluiu. Quem diz que Vince McMahon está desatualizado e que adora gajos grandes e tal, está enganado. Vince McMahon está um pouco velho para o negócio, sim, mas ele sabe o que é bom para o negócio. Não só para a WWE, mas como para o Wrestling em geral. Ele está a apostar em lutadores mais pequenos quando está a ser necessário, sem nunca deixar de ter "um par de gajos grandes e com muculos" por perto, porque esses também são necessários para o produto. E é uma das coisas que Às vezes deixa-me algo frustrado no wrestling é o facto de haver sempre gente a reclamar do produto ou dos lutadores, gente que por muito bom ou muito mau que o produto esteja, tem sempre algo a dizer, que nunca está satisfeito, mas que são aqueles pelo qual o produto são feito. E, em certos aspetos, também eles têm evoluído e têm que continuar a faze-lo.


Os Fãs

Tu! Sim, tu! Os fãs, assim como tudo o que está relacionado com o Wrestling, evolui. Os gostos mudam com o passar dos anos e o produto é direcionado para eles, por isso, tem que ser do agrado destes. Quando este não o é, estes mudam de canal e simplesmente deixam de assistir ao produto e, por consequência, os ratings baixam. Mas será assim tão simples? Será que é tão simples como "dar ao publico o que ele quer e eles irão assistir"? Alem do mais, será que o que o publico quer é o melhor para o produto?

Numa era em que existe mais wrestling do que nunca disponível para os fãs verem, é também uma era extramente difícil de agradar os fãs, especialmente se o teu trabalho é ser booker numa grande companhia americana como a WWE, Ring of Honor ou TNA. Quero já deixar uma coisa bem explicita: apesar de ser uma das grandes fontes de rendimento das empresas, os ratings não refletem aquilo que é a realidade do produto. Os ratings estão baixos? Estão... os da TV. Todos nós sabemos que a tendencia é cada vez mais o publico migrar da TV para o Computador ou para os Smarthphones. E é também de conhecimento geral que, enquanto que na America possa não se fazer tanto isto, mas no resto do mundo se faz, os shows semanais das empresas não são apenas vistos por aquele numero de pessoas que os Ratings dizem. Muitas mais vêm por streams illegais, secalhar o numero que vê os programas todas as semanas pela net de forma ilegal é igual ou superior ao que vê de forma legal pela TV. 

Com tanta gente a ver, é normal que não seja fácil agradar tanta gente. Todos querem ver os seus lutadores favoritos serem pushados ao Main Event. Todos querem que certos lutadores tenham oportunidades na empresa e que sejam contratados. Todos querem que lutador x e y seja despedido ou que perca destaque na empresa. Mas nós fãs temos uma característica que tanto é boa, como pode ser incrivelmente má: somos fanáticos. Quando queremos algo, queremos mesmo. Quando todos nós, TODOS NÓS, quisemos que Daniel Bryan tivesse um lugar de destaque na empresa e que ganha-se o titulo principal, este teve uma das melhores storylines de sempre e teve um dos melhores momentos de sempre que existe lembrança no wrestling. Os fãs são quem tem realmente o poder... mas isso é mau. Bastante mau. Porque, maior parte das vezes, os fãs não sabem o que querem. 

Ora os fãs querem que sejam dadas oportunidades a pessoal diferente, que pessoal que está à anos no mid card (como por exemplo, Dolph Ziggler) receba finalmente oportunidades no Main Event, ora estes acham mal que certo wrestler tenha recebido a opurtunidade de se mostrar e de ter um lugar ao sol porque, segundo estes, não tem capacidades para tal (como por exemplo, Dolph Ziggler... percebem o padrão?). E eu não estou a falar apenas de vocês que me leiem. Estou a falar também de mim. Eu digo sempre que é necessário caras novas, que é necessário pessoas que possam substituir os John Cenas, os Randy Ortons e os Brock Lesnars, mas quando tentam dar um grande push a alguém novo como Finn Balor, eu reclamo e mando vir. Tambem eu faço isso. E está no nosso ADN. Cada um com a sua embirração. Conheço pessoas que não gostam do Zack Sabre Jr. e que o acha Overrated como tudo, como pessoas que acham que o Great Khali tinha potencial para muito mais caso não o tivessem tornado numa piada. 

Isto é algo que à WWE não faz muita diferença, pois eles sabem o que fazer com estas mudanças de opinião repentinas e sabem como trabalha-las e usa-las para proveito próprio. Mas agora, e as empresas que não conseguem fazer isto? Empresas mais pequenas como a ROH ou TNA, ou até mais pequenas ainda, possam ver as suas top stars receber um hate massivo apenas porque sim, de um momento para o outro, como foi o caso de Jay Lethal quando ganhou o titulo mundial? 

Com isto tudo, o que eu quero dizer é que, assim como o wrestling em geral evoluiu, também os seus fãs têm que evoluir. Tambem nós, como fãs dos produtos e desta modalidade, temos que evoluir na forma como olhamos as coisas. Sou apologista de deixar as coisas andar e depois de termos o resultado final, ai sim fazer-mos a nossa analise e a nossa critica, mas sou ser humano e quando vejo algo que não gosto mesmo tambem vejo para a internet queixar-me. Enfim. Temos que deixar todos de ser Pikachus e evoluir, porque ficar sempre na mesma forma, ao fim de umas temporadas, começa e chatear e a perder a graça.

O meu nome é Marco Paz, e este foi o Opinião Pacifica desta semana. De um fã que tem que evoluir, para todos os outros. PEACE!




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