Queen Of The Ring #12 - A (Possível) Salvação do Smackdown
A semana passada recebemos a notícia de uma mudança na programação da WWE,
ou seja, essencialmente o Smackdown, esse programa quase esquecido por muitos,
vai receber uma injecção de novidades e ser reavivado de morte certa. Foi
anunciado que o programa terá o seu dia fixo com transmissão ao vivo, calhando
a uma terça-feira e que terá uma roster independente do RAW. Isto levantou
imediatamente a questão de brand-split que já existiu na WWE e que
aparentemente as chefias querem trazer de volta.
Esta notícia gerou alguma agitação, se assim lhe quisermos chamar, entre os
fãs de wrestling e os fãs da companhia e portanto penso ser interessante
mencionar aqui algumas considerações e também se fará sentido dar este passo ou
se será um tiro no pé.
Primeiro do que tudo eu devo dizer que o Smackdown já estava morto para
mim. É neste momento um programa completamente obsoleto que acredito que apenas
uma minoria acompanhe semanalmente, se é que alguém acompanhe. Se por um lado
penso ser viável algumas queixas em relação a conteúdos criativos no RAW então
do Smackdown nem há ponta por onde se pegue, no entanto enquanto o RAW num
programa de 3h consegue produzir algum conteúdo com interesse, nem que seja um
ou outro combate bem disputado, do Smackdown já não posso dizer o mesmo, o que
tornou o programa reduzido a nada.
Alguma coisa efectivamente precisa de ser feito porque o programa é
praticamente inexistente neste momento. Deste ponto de vista eu sou alguém que
apoia esta ideia porque manter a programação do Smackdown como está actualmente
não traz qualquer fruto à WWE e além disso considero que quando as coisas estão
mal, vale sempre a pena arriscar, neste momento a WWE não tem nada a perder
neste campo porque o pior que pode acontecer é continuar com o Smackdown no
ponto em que está.
No entanto, estas andanças de um novo programa ao vivo e com uma certa
independência em relação ao RAW pode ser até bastante positivo, mas só com tudo
feito muito direitinho. A minha primeira questão seria a duração da
programação, uma vez que se considerarmos semanas onde temos um PPV ao domingo,
vamos ter três horas e meia, ou até mais, aí, mais o RAW na segunda que
contabiliza mais umas três horas e finalmente um Smackdown na terça com cerca
de duas horas. Eu não me importo de ver muito wrestling, mas isto pode ser
considerado demasiado, principalmente que com duas brands distintas a WWE se
quiser manter o RAW com três horas vai ter muitas lacunas a preencher. A minha
primeira sugestão aqui seria claramente reduzir a duração do RAW para um espaço
de tempo apenas essencial e necessário, equilibrando mais estes horários.
O preenchimento de lacunas, como referi, será uma preocupação inerente a
esta decisão. Por um lado é claro que com a existência de dois rosters, um para
cada brand, abrem-se portas a muitos talentos que andam na WWE sem rumo, que
necessitam de muito tempo de antena para se fazerem valer. Isto pode ser bom e
mau. Bom por um lado porque algumas estrelas estão mesmo a necessitar de uma
oportunidade que bem merecem e que devido ao roster gigante do RAW neste
momento, simplesmente não têm espaço, mas ao mesmo tempo poderá ser mau porque
francamente há outros “talentos” que poderiam beneficiar com mais tempo de
antena mas isso não quer dizer que sejam interessantes.
Dar tempo de antena a quem consiga dar bom rumo a um programa, sim, claro,
vamos a isso, mas dar tempo de antena a estrelas que simplesmente não se
encaixam e não conseguem despertar interesse no público é mau. Aqui se vê toda
a necessidade de fazer esta divisão de roster com muita ponderação. A WWE tem de escolher muito bem que estrelas
vai querer mandar para o Smackdown, não se limitando apenas a talentos com
menos visibilidade correndo o risco de tornar o Smackdown naquilo que
invariavelmente acabou sempre por ser, um programa secundário, tornando a
passagem de talentos para lá como uma espécie de despromoção.
O que me leva ao ponto seguinte. Depois de termos um roster competente
tanto no RAW e no Smackdown, e de forma a não haverem lacunas ou não haver
espaços mortos, garantido que, no entanto, nunca na vida todos vão ficar
satisfeitos com tudo, é impossível agradar a gregos e troianos, impõe-se a
questão dos títulos.
Ainda não há muito tempo vimos a transformação do título da WWE e do título
de Pesos-Pesados num só título principal da companhia. Eu achei uma boa jogada
até porque com apenas um título principal, este tem a importância devida como
principal da companhia e os demais títulos, nomeadamente, o título
Intercontinental e dos Estados Unidos ganharam um novo folgo que já há muito
necessitavam. Eram títulos considerados muito secundários e que muitas vezes
nem sequer eram defendidos em PPV nem tinham qualquer destaque, eram meros
cintos. Mas isso mudou para melhor e agora não queremos que mude novamente para
pior.
Se tal como os talentos também os títulos vão ter de ser divididos pelos
dois rosters, seria de todo mais interessante manter-se o título principal como
está e podendo ser defendido entre as estrelas de topo de cada um dos rosters,
dando depois exclusividade ao titulo Intercontinental para um show e o dos
Estados Unidos para outro, mantendo assim o interesse que existe nestes títulos
e mantendo-os como importantes, tendo assim também mais potenciais talentos a
hipótese de lutar por eles. Talvez por uma questão de não termos muitos
talentos femininos a divagar aqui e ali eu apoiava que também o título feminino
se mantivesse como está mas a ter protagonismo nos dois rosters, aplicando-se a
mesma regra nos títulos de equipas.
Isto seria de todo positivo para dar ainda mais dinâmica e importância aos
títulos Intercontinental e dos Estados Unidos, uma vez que, apesar de
actualmente o título Intercontinental até andar bastante bem, com bastante
protagonismo e até com um combate incrível neste último Extreme Rules, já do
título dos Estados Unidos não se pode dizer o mesmo.
Eu não acho que esta seja uma “jogada” da WWE necessariamente má mas claro
vai depender muito do rumo que lhe dão. Como disse anteriormente de certa forma
a WWE faz bem em tentar esta mudança uma vez que da maneira como está o
Smackdown actualmente também não têm muito a perder e com as coisas bem
pensadas e ponderadas até seria uma forma de revitalizar este Smackdown
degradante, podendo igualmente a programação do RAW beneficiar com isto.
Tem tudo para correr bem mas ao mesmo tempo para correr mal sendo que a
forma como esta divisão vai ser feita vai ter imensa influência no resultado
final, que pessoalmente, espero que seja positivo.