Brock Lesnar: Death Clutch - Parte III (Cap. 33 - Parte 1) | Literatura Wrestling
Com o objetivo de divulgar histórias contadas pelos próprios lutadores em livros adaptados e traduzidos pelos colaboradores deste blog, a Literatura Wrestling trás, nestes próximos meses, toda a vida de uma das estrelas mais conhecidas no mundo do wrestling atualmente num só livro.
Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!
Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!
Parte III: A Espada na Minha Garganta
“O QUE ESTÁ ERRADO COMIGO?"
“O QUE ESTÁ ERRADO COMIGO?"
Ao entrar no UFC 100, eu estava como um urso
mal-humorado com uma dor no rabo. A semana de combate é miserável, porque eu ficava
apenas sentado, à espera de entrar numa luta com alguém. O treino é longo. O
trabalho, na sua grande maioria, já tinha sido feito. Recebi telefonemas de
amigos, a perguntar-me "o que está a acontecer?" Não é nada. Eu estou
apenas sentado, à espera de entrar numa jaula em frente a milhões de pessoas e ou
dar cabo de alguém ou sentir-me envergonhado pelo meu adversário. É apenas isso.
A semana de um combate é a semana mais longa do
calendário para mim. Eu gasto o meu tempo a tentar pensar em qualquer coisa
exceto o que está na mente de todos... O COMBATE. Não há mais nada a fazer, a
não ser ficar louco à espera que chegue a noite de Sábado, quando vais para a
arena e, finalmente, começas a fazer realmente o que passaste meses e meses a
treinar. O feno, como eles dizem, está no celeiro. Mas eu tenho que ir a
conferências de imprensa e falar sobre o combate. Eu tenho que ir às pesagens e
falar sobre o combate. Os repórteres fazem sempre as mesmas questões todo o
tempo. A minha cara está em todo o lado. Eu não posso fugir disso. Para onde
quer que eu olhe, todos com quem eu falo, estão sempre ali.
Fui ao cinema oito vezes durante a semana do UFC 100.
Amanhaceres, filmes noturnos, qualquer coisa para escapar da propaganda durante
umas horas. É como a calma antes da tempestade.
Marty Morgan é o meu treinador porque ele tem estado
comigo durante anos. Marty compreende-me, o que significa que ele sabe quando
falar comigo sobre o combate, e quando me deixar em paz com os meus próprios
pensamentos. Ele sabe quando eu preciso estar com os meus parceiros de treino,
e ele sabe quando eu não deveria ter ninguém perto de mim. Quando outra pessoa conhece-te
assim por dentro e por fora, ele não pode ser substituído. Ele é a chave, a
cola que mantém tudo junto.
Graças a Deus, a minha esposa era madura o
suficiente para entender o que eu precisava de fazer. Ela passou a última parte
da sua gravidez praticamente sozinha enquanto eu treinava. Mas ela entendeu, e
ela não poderia ter sido mais encorajadora.
Vindo do UFC 100 foi um negócio totalmente
diferente. Estávamos todos num alto nível emocional. Mesmo que eu estivesse o
mais feliz que já tinha sido, eu tive que limpar a minha cabeça. Eu tive que
sair do modo de combate, e de volta para a mentalidade de ser apenas um marido,
e ser o "papá" para os meus filhos.
Essa é a parte que as pessoas precisam de
compreender. Ao entrar num combate, eu sou Brock Lesnar, campeão do UFC, lutador
de artes marciais mistas. Lutador profissional. Mas no minuto em que o combate
principal acaba, eu só quero passar um tempo com a minha esposa, filhos e o
resto da minha família.
Assim que a conferência de imprensa pós-luta do UFC
100 acabou, voámos para Jackson Hole, Wyoming, e passei uma semana a
esconder-me na floresta. Fomos para Yellowstone. Eu conheci o meu novo filho.
Quando regressámos à civilização, eu recebi a
mensagem que Dana queria que eu defendesse o título contra Shane Carwin.
Eu aceitei o combate. Porquê? Porque eu nunca recusei
um combate contra qualquer um que o UFC me ofereceu. Vocês querem que eu lute contra
Shane Carwin? Então eu vou lutar contra Shane Carwin. Vou lutar contra Shane
Carwin, e eu vou defender o meu título contra ele da mesma forma que eu planeio
em fazer com todos os outros pretendentes de topo que colocarem à minha frente.
Mas quando eu comecei a treinar para o combate com
Shane, eu estava a sentir que algo estava errado. Eu estava exausto o tempo
todo. Cansado. Esgotado. Nenhuma energia.
Havia dias em que eu chegava a casa do treino, e eu
literalmente não conseguia sair do sofá. Eu estava a lutar contra alguns
problemas de estômago há algum tempo, mas eu não pensei muito nisso e apenas
continuei. Isso foi um grande erro. Eu deveria ter escutado o meu corpo.
Agora eu tinha um problema real. A minha saúde
estava a piorar a cada dia, e a luta estava-se a aproximar. Eu tive que tomar
uma decisão. Eu queria ser justo com o UFC, porque eles já estavam a promover o
combate. Mas eu sabia que não havia nenhuma maneira de que pudesse continuar no
campo de treinos e estar em qualquer tipo de forma para lutar. Algo estava
errado comigo. Muito errado.
Eu não sou um desistente, por isso adiar o combate contra
Shane Carwin foi uma das decisões mais difíceis que já tive de fazer. Falei
sobre isso com a minha esposa, Marty, e com os meus advogados, e todos nós
concordamos que eu não tinha escolha. Eu estava doente, e eu precisava de cuidar
de mim mesmo.
Eu fui ao médico local, e fui diagnosticado com
mononucleose. Isso fez sentido para mim na altura. O campo de treino pode-te
deitar abaixo. O meu sistema imunológico estava cansado. Eu estava suscetível a
algo como mononucleose, isso acontece com os lutadores muitas vezes. Desta vez,
estava a acontecer comigo. Ou assim eu pensava.
Eu não estava feliz em deixar tantas pessoas
decepcionadas, e eu realmente não estava feliz por estar doente, por isso levei
a minha família numa viagem para o Canadá. Imaginei que poderia passar algum
tempo no deserto, e eu pudesse descansar e ficar saudável novamente.
Pouco tempo depois de chegamos a Manitoba ocidental,
eu acordei a meio da noite com a pior dor que eu já experienciei. Eu nunca me
senti assim antes. Eu estava a suar baldes, apenas a encharcar os lençóis, e eu
estava a delirar. Eu nem sabia onde é que estava. Lembro-me de ter visto Rena a
olhar para mim, e depois voltei a dormir.
Eu acordei pouco tempo depois disso, e disse à Rena que
eu precisava de ir para um hospital.
Rápido.
Eu não conseguia ficar em pé sozinho. Isso diz-vos
alguma coisa, não diz? Brock Lesnar. O campeão do UFC. Vocês sabem, o Homem
Mais Duro do Planeta. E eu não conseguia nem ficar em pé. Não poderia ajudar a
mim mesmo. Não conseguia levantar-me da cama para o carro para salvar a minha
própria vida.
O meu irmão Chad estava connosco, e ele é grande o
suficiente para me carregar para o carro. Ele colocou-me lá dentro e saímos
como homens malucos. Mas de tão rápido que ele estava a conduzir, eu ainda queria
dar-lhe socos na cara por não estar rápido o suficiente. Pobre Chad. Ele poderia
ter colocado os dois pés no acelerador e ter feito o ponteiro do tacômetro ficar
no vermelho por todo o caminho, e ele ainda não estava rápido o suficiente para
mim.
Eu estava com tanta dor, e eu queria ajuda, mas nós
estávamos no meio do nada. Pode parecer engraçado para vocês, mas a pradaria de
Manitoba fica a pelo menos duas horas da cidade mais próxima de qualquer
tamanho. O velocímetro marcava 160 quilómetros por hora, e eu estou a pensar em
como posso lutar contra a dor e bater no meu irmão porque ele está a conduzir
em passo de caracol. Pelo menos era assim que eu sentia.
Chegámos a um hospital numa cidade chamada Brandon,
e eles colocaram-me na morfina imediatamente. Eles cuidaram da dor imediata,
mas eu ainda não sabia o que estava errado comigo.
Depois de eu estar estabilizado um pouco, os médicos
tiraram um raio-X do meu estômago, mas isso não mostra tecidos, e não lhe davam
uma visão completa do que estava a acontecer. Os médicos sabiam disso, e queriam
fazer uma tomografia computadorizada (CT), mas eles só tinham uma máquina no
hospital, e estava partida. Eles disseram-me que seria consertada às 11 horas da
manhã seguinte.
A morfina estava-me a dar uma terrível enxaqueca.
Oito horas de idas e vindas, e eles ainda não tinham a máquina consertada. Falem
sobre estar no lugar errado na hora errada. A pior parte disso para mim foi a
total falta de controlo.
Vocês podem chamar de ego, petulância, arrogância,
ou qualquer outra coisa que vocês querem, mas eu estou acostumado a estar no
controlo. Algumas pessoas foram feitas para liderar, outras foram feitas para
seguir. Eu nasci para assumir o comando.Não é só o que eu faço, é quem eu sou.
Todo cheio de morfina naquele hospital, eu estava
impotente, e estava a odiar cada segundo dela. Rena que, sem o conhecimento de
nós, estava grávida do meu terceiro filho, o nosso segundo filho, estava sentada
ao lado da minha cama de hospital, vendo as horas passarem. Ela nunca me tinha
visto assim. Ela estava com medo, mas estava pronta para entrar em ação no
momento em que fizemos um plano de jogo.
Mais tempo passava. Ainda nenhuma novidade sobre a
máquina. A minha condição estava a piorar. Eu não sabia se estava a morrer, mas
com certeza senti como se estivesse.
O hospital deu-me mais morfina, e começou-me a dar caldo
de galinha. Queriam algo dentro de mim, algum alimento, mas o meu corpo
rejeitou o caldo de galinha e eu comecei a vomitar por toda a parte. Poderia
ser por tanta morfina, mas eu poderia dizer que algo estava seriamente errado
comigo. Quando o teu corpo não pode sequer lidar com caldo de galinha, estás em
apuros, mas isso era secundário pelo fato de que eu não tinha ideia do que
estava errado, uma vez que eles não podiam conseguir uma imagem do meu
estômago. O médico também não sabia. Ele estava à espera da parte da máquina. O
tempo estava-se a escapar, e fiquei-me a perguntar se eu jamais iria sair vivo
desse hospital.
Eu coloquei a minha fé nos médicos naquele hospital.
Eu não deveria. Isso quase custou a minha carreira. Isso quase custou a minha
vida.
Outro dia passa, e eu ainda estou a ir pela colina
abaixo. Eu estive no hospital todo o fim-de-semana, e eles ainda não tinham uma
tomografia computadorizada. Eles continuavam-me a dizer que a peça para a
máquina está a chegar, e que eu só preciso de esperar mais um pouco.
Eu estou mais um pouco preocupado. Quanto tempo isto
vai demorar? Pode por favor ser um pouco mais preciso do que "Estamos à
esperada peça" ou "Ela estará aqui muito em breve"? O que é
muito em breve? Quanto tempo eu tenho até que me cortem apenas para me manterem
vivo?
Quando eu disse à Rena que eu ia morrer à espera que
eles consertassem a máquina de ressonância magnética, nós os dois sabíamos o
que tínhamos de fazer. Eu disse: "Vamos sair rapidamente daqui." Ela
estava feliz em ouvir-m ea dizer isso porque ela estava a pensarna mesma coisa.
Liguei para um dos enfermeiros e pedi mais medicação
para a dor. O que eu não lhe disse é que eu precisava de medicação para a dor,
porque eu estava a planear sair de lá, e tinha uma longa viagem pela frente.
Rena e eu pretendíamos entrar no carro e ir para a fronteira dos EUA o mais
rápido possível quanto poderíamos ir, para que eu pudesse enfiar-me num
hospital verdadeiro.
Antes de sairmos, no entanto, precisávamos de um
plano. Bismarck, Dakota do Norte, era a cidade dos EUA mais próxima, então
liguei para Kim Sabot. O seu filho Jesse tinha sido o meu companheiro de quarto
na Faculdade Estadual de Bismarck. Kim já tinha lidado com os seus próprios
problemas de saúde durante um longo período de tempo, e ele assegurou-nos que o
hospital de Bismarck poderia cuidar de mim.
Destino? Bismarck!
Traduzido por: Kleber (nWo4Life)
Adaptado por: FaBiNhO
No próximo capítulo: No próximo capítulo, a conclusão desse período difícil na vida de Brock Lesnar! Se você perder o próximo capítulo, ganhará uma passagem só de ida para Suplex City!