Brock Lesnar: Death Clutch - Parte III (Cap. 32) | Literatura Wrestling
Com o objetivo de divulgar histórias contadas pelos próprios lutadores em livros adaptados e traduzidos pelos colaboradores deste blog, a Literatura Wrestling trás, nestes próximos meses, toda a vida de uma das estrelas mais conhecidas no mundo do wrestling atualmente num só livro.
Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!
Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!
Parte III: A Espada na Minha Garganta
“O CAMINHO PARA A REDENÇÃO"
“O CAMINHO PARA A REDENÇÃO"
O UFC 100 foi
marcado para o dia 11 de julho de 2009, no Centro de Eventos Mandalay Bay em
Las Vegas, e o meu combate com Frank Mir pelo título indiscutível era a atração
principal. Eu continuava a sonhar sobre o que ia acontecer nesse combate, e eu
sabia que iria dar um pontapé certeiro no rabo de Frank e ia dar cabo dele.
Frank gabou-se
tanto sobre como ele já me tinha derrotado, o que era uma coisa. Mas agora ele
estava a andar por aí como se tivesse a tirar conclusões precipitadas de que
ele iria derrotar-me de novo, e que ele já era um campeão. Ele está a andar por
aí com um título falso, e ele acha que carrega com o mesmo significado que um
título real? Frank teve a sorte de ter um combate com Big Nog pelo título falso
quando Nog estava muito doente.
Frank estava a
falar sobre como os meus socos eram como os que a irmã dele dava quando ela saltava
para cima das suas costas quando eles eram crianças. A sério? Eu transformei a
cara dele em carne de hambúrguer durante os oitenta e cinco segundos em que eu
dominei o nosso primeiro combate, e agora ele estava a falar de mim como se eu
fosse algum vigarista? Frank era tão arrogante, e isso só me fez querer dar um
soco na cara dele com tanta força que eu arrancasse a cabeça de seus ombros.
Mesmo agora,
só de pensar nele me faz querer dar cabo de Frank Mir novamente. E de novo. E
de novo.
Quando eu tive
que fazer a sessão de fotografias com Frank para a primeira revista da UFC, eu ficava
a olhar para ele e a perguntar a mim mesmo, "Como é que eu poderia ter
dado uma vitória a um tipo como ele? Como é que eu poderia deixar alguém como
ELE ter a sua mão levantada contra MIM?"
Assim que
começámos o campo de treinos, nós juntamos as peças sobre o que seria necessário
para derrotar Frank. Foi fácil chegar a um plano de jogo, porque eu sabia que
na minha mente, eu já o tinha derrotado pela primeira vez. Eu apenas tive que
controlar Frank, e era óbvio para mim e para os meus treinadores que se eu tivesse
as minhas mãos sobre ele, eu poderia controlá-lo facilmente.
Eu queria
muito este combate, não apenas porque eu queria tornar-me no campeão indiscutível
de pesos-pesados, mas porque eu queria a satisfação de dar cabo de Frank. Eu
queria derrotá-lo no seu próprio jogo. Eu odiava o facto de que Frank estava a
abrir a sua boca grande e gorda sobre como ele era um grande especialista em
jiu-jitsu, e sobre como ele me mostrou a diferença entre o jiu-jitsu e
wrestling, blá blá blá.
Frank afirmava
que ele era este grande faixa-preta em jiu-jitsu. Grande porcaria. Ei, vamos
encarar os factos... quando se trata de jujitsu, a verdade é que uma faixa
preta não significa absolutamente nada para mim. Porcaria de faixa preta. Eu
sou um faixa branca, mas eu derrotei um faixa preta no seu próprio jogo. Isso
não deveria fazer-me um homem com faixa preta?
Frank fez-me
desistir porque eu cometi um erro estúpido, e de repente, ele é o maior artista
de submissão do mundo. Desculpem a todos, mas homens como Frank conseguiram
faixas pretas com base em quantas horas passaram no dojo. As faixas vêm dos
próprios instrutores deles. Eles não têm que derrotar alguém num combate real, a
fim de ganhá-los.
O meu
treinador não me deu o título da Divisão I de Pesos-Pesados da NCAA. Eu
conquistei-o. A minha equipa de treinos também não me deu o campeonato do UFC.
Eu mereci-o ambos por ter dado cabo de alguém pela honra de ser campeão. Eu
merecia ser reconhecido como o melhor derrotando alguém mano-a-mano, no espírito
de competição. Frank ganhou a sua faixa preta, porque ele pagou ao seu instrutor
um monte de dinheiro ao longo dos anos e investiu no seu tempo. Grande negócio.
Um monte de pessoas
falava sobre como eu virei as costas para Frank após o árbitro dar as nossas
instruções no meio do Octógono. Eu acho que nós deveríamos tocar as luvas. Eu
não estava com disposição para tocar as luvas com Frank Mir. Eu não tinha
vontade de mostrar respeito a ele. Depois de toda a porcaria que ele disse
sobre mim, era hora de lhe dar o troco. Ei, eu disse um monte de porcaria sobre
ele também, e eu estava pronto para dar-lhe o troco no momento em que o árbitro
dissesse que era legal para eu fazê-lo.
Já que nós
estamos a falar sobre o tema de tocar luvas e todas essas coisas bonitas, vamos
esclarecer uma coisa. Há uma série de regras e regulamentos no UFC, mas tocar
luvas não é uma delas. Nenhuma comissão atlética estadual exige que os
lutadores devam tocar as luvas antes de combater. Então, na minha mente, EU NÃO
SOU OBRIGADO A TOCAR LUVAS OU A TER UM PINGO DE RESPEITO PELO MEU ADVERSÁRIO, seja
antes ou depois de um combate. Isto não é um bando de crianças da vizinhança a
brincar durante um dia ensolarado e brilhante no quintal. Isto é um desporto.
Na sua essência, é um combate.
Eu fiz
exatamente o que eu planejei fazer nesse combate. Eu derrubei Frank, controlei-o,
e bati na sua cabeça repetidamente, e com intenções violentas. Eu embaralhei o
seu cérebro antes do combate ser interrompidona segunda ronda. Eu desejei que o
árbitro tivesse deixado o combate seguir mais alguns segundos para que eu
pudesse ter a satisfação de esmurrar a cara de Frank mais algumas vezes.
Essa vitória
foi muito emocionante para mim. Eu tinha esperado dezessete longos meses para
fechar a boca de Frank, e senti-me tão bem quando eu finalmente fiz isso.
Então, lá
estou eu, no Octógono, cheio de adrenalina da luta, público a gritar, luzes e
câmeras na minha cara, Frank no canto com o rosto todo desfigurado, e Joe Rogan
coloca um microfone à minha frente e pergunta "Ei, Brock, como é que te sente?"
Como é que me
sinto?
Eu estive à
espera por dezessete meses para esmurrar esse idiota exagerado do Frank Mir na
cara, usando as minhas habilidades de wrestling para controlar o seu corpo,
maltratá-lo como uma vadia. Eu estive à espera dezessete meses para provar a
mim mesmo, ao público, a Deus, e a todos os outros que se importavam ou não se
importavam, que esse tipo não se compara a Brock Lesnar. Eu estive à espera dezessete
meses para dar cabo de Frank e bater na sua cabeça.
E foi aí que
tudo veio à cabeça. Toda a emoção. Toda a raiva reprimida.
Primeiro, eu levantei
o dedo do meio ao público com ambas as mãos, porque ainda estavam a vaiar-me. Eu
nem sequer pensei nisso. Eu apenas fiz. Um pouco de WWE ficou em mim? Um pouco
do lutador mau? Talvez. Então Mir veio até mim. Eu estava tão empolgado da
vitória que eu não vi que Frank estava realmente a vir para apertar a minha
mão. Tudo o que eu conseguia pensar era que eu dei o último soco, e agora eu teria
a última palavra. Então eu fiquei cara-a-cara com ele, diretamente no seu rosto
desfigurado.
Foi quando eu
fui para o meu discurso.
Eu não sei
porquê, mas aconteceu eu olhar para baixo e ver o logotipo da Bud Light no chão do
Octógono, e desliguei-me. Bud Light era um patrocinador da UFC, e eles tinham muitas
pessoas de lá no combate. Mas eles não eram patrocinadores de Brock Lesnar, por
isso eu disse que eu estava a ir para comemorar bebendo "Coors Light,
porque a Bud Light não me paga nada." Eu também mandei um "Eu poderia
até dar uma com a minha esposa esta noite."
Ei, Joe Rogan
perguntou-me como é que me sentia.
Bem, Joe, é
assim que eu me sinto.
Dana não
estava feliz. O proprietário do UFC Lorenzo Fertitta não estava feliz. Os meus
advogados, que foram perseguidos pelo corredor por Dana e Lorenzo e a levarem
uma bronca, não estavam felizes. Os meus próprios patrocinadores, sentado a
poucos passos de distância, não estavam felizes. Ei, se isso vosimporta, eu
estava muito feliz. Bem,pelo menos eu estava feliz por mais um bocadinho.
O que eu
deveria dizer? "Parabéns a Frank Mir por um grande combate"?
Estão a gozar
comigo? E para além disso, não há nada demais para essa história. Eu não sei
quantos problemas eu vou causar revelando qualquer coisa disto, mas é a
verdade, e é por isso que estou a contar essa história no meu livro. Se alguém
tem uma versão diferente, escreva o seu próprio maldito livro e diga ao mundo
como é que vêem isso!
Cerca de um
mês antes do UFC 100, Dana e Lorenzo voaram para Minnesota para negociar um
novo contrato comigo. Os meus advogados e eu levamo-los para um passeio rápido no
ginásio DeathClutch, e em seguida, fomos para um resort local para sentar e
conversar.
Para além do
contrato, discutimos maiores possibilidades de patrocínio. Eu pensei que as
pessoas do UFC estavam a definir alguma coisa para mim antes do UFC 100, mas
nós nunca ouvimos nada sobre isso novamente.
Eu não sei se
eu deveria estar chateado com isso, ou se é apenas uma daquelas coisas. Eu não
sou o homem mais fácil do mundo de se conviver. Eu também não sou alguém que
gosta de ser manipulado, então esta coisa de Bud Light estava em algum lugar no
fundo da minha mente durante o combate com Frank Mir, e quando vi o logotipo no
chão do Octógono, o gatilho disparou. Ei, eu estava no topo do mundo, a olhar
para baixo. E quando eu olhei para baixo, vi que grande logotipo da Bud Light,
e tudo o que passou pela minha mente era quanto dinheiro a UFC estava a fazer com
aquele patrocínio, e quanto eu não estava.
Toda a gente
teve um gosto de Brock Lesnar naquela noite. Não filtrado. Eu disse o que
estava na minha mente. Sem script. Sem porcarias. Alguns gostaram do que ouviram,
outros não. Eu não quero saber.
Antes da
conferência de imprensa naquela noite, Dana levou-me para uma casa de banho e fez-me
saber o que estava na sua mente. Eu disse mais tarde naquela noite que foi uma
"sessão de chicotadas", e acreditem em mim, foi. Dana estava a tentar
executar um negócio onde todos nós poderiamos ganhar um monte de dinheiro
juntos. Ele explicou que irritar os principais patrocinadores não era a maneira
de fazê-lo. E como eu estou sendo honesto aqui no meu próprio livro sobre isso,
deixem-me dizer que ele não fez a sua explicação tão bondosamente. Ele estava
chateado comigo, e a verdade é que ele tinha todo o direito de estar.
Isso foi
provavelmente a viagem mais rápida do mundo à casinha de cães. No momento em que
começamos o nosso caminho da base da arena até a conferência de imprensa, eu
tinha-me recomposto, e o lado profissional tomou conta de mim (se houver). Eu
tinha encontrado um barril de Bud Light numa das estantes no caminho, e peguei-o
e estava a levá-lo no meu ombro, mas Dana viu o que eu estava a fazer e negou a
ideia. Eu ainda acho que teria sido muito engraçado. Imaginem só a reação que
teríamos conseguido se eu tivesse entrado na conferência de imprensa com um
barril de Bud Light nos meus ombros.
Os meus
advogados colocaram uma garrafa de Bud Light na minha mão antes de entrar na
sala da conferência de imprensa, e eu coloquei-a à frente e no centro do meu
microfone quando me sentei para enfrentar os media. Todos eles deram umas boas
risadas nisso.
Como eu sou
um "verdadeiro homem de génio," eu também pedi desculpas à Bud Light.
Eu disse a eles: "Eu não sou preconceituoso. Eu bebo qualquer cerveja.”
Eu serei o
primeiro a admitir, eu fui pouco profissional naquela noite. Mas apesar de
todas as consequências da minha explosão, eu estava tão feliz quanto eu já
estive em toda a minha vida. Eu tinha encontrado uma carreira que me animou,
mas que também me permitiu estar com a minha família. Eu era casado com a
mulher que eu amava e sabia que eu iria passar o resto da minha vida feliz com
ela. Rena tinha acabado de dar à luz ao nosso filho Turk, um bebésaudável. Eu
estava a ganhar um bom dinheiro. Eu estava a sustentara minha família como eu
sempre quis, e não havia qualquer coisa necessária que nós não tínhamos.
A vida não
era apenas boa, era ótima. Este foi o maior momento da minha vida.
Traduzido por: Kleber (nWo4Life)
Adaptado por: FaBiNhO
No próximo capítulo: No próximo capítulo, Brock Lesnar nos contará sobre um momento muito delicado em sua vida! Se você perder o próximo capítulo, ganhará uma passagem só de ida para Suplex City!