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Forgotten Superstars # 5: O Perigo Árabe




Saudações a todos os leitores do Wrestling Notícias! Desta vez, eu sigo a sugestão do comentarista, e amigo Diego Meira, para trazer mais um capítulo interessante, que vem da Ruthless Agression Era. No tempo em que a WWE estava fazendo a sua transição de "Wrestling" para "Sports Entertainment".

Mas, mesmo naquela época, ela poderia cometer alguns deslizes, que simplesmente destruiriam a carreira das pessoas de acordo com os acontecimentos externos à empresa. E com o wrestler que nós estamos tratando, podemos afirmar isso claramente. Às vezes, a WWE não consegue ter o total controle do que acontece com seus empregados e como acontecimentos na sociedade podem influenciar as gimmicks dos mesmos. Mas ela poderia ter evitado o fim de uma carreira promissora.

Quem é? - Mark Copani, nascido em Syracuse, no estado de New York. Etnicamente, segundo ele, é 100% italiano. Entretanto, na WWE, ele recebeu a identidade árabe-americana de Muhammad Hassan. Antes de ir para a WWE, ele estava estudando História na universidade, mas deixou o curso para perseguir o seu sonho de infância, que era fazer parte do wrestling profissional.

O que ele fez na WWE? - Copani teve uma curta passagem na WWE, porém é algo que ainda está na memória dos fãs mais antigos. Ele começou a buscar o seu sonho de se tornar um wrestler a partir da OVW em 2002. 

Naquela época, ele fez o seu debut como "Mark Magnus". Com seu físico credível, e sua habilidade de fato, convincente, apesar de um novato, ele conseguiu ganhar o OVW Heavyweight Championship, no dia 13 de agosto de 2003. Ficou com o título, até 10 de dezembro de 2003, onde sofreu pin de dois lutadores ao mesmo tempo, em uma Triple Threat Match.

Em 2004, Jim Cornette ofereceu uma oportunidade a Copani: a de interpretar um personagem árabe que cresceu nos Estados Unidos no roster principal da WWE. Mark decidiu aceitar. Ele pensava que poderia ser algo engraçado e interessante, mas ele também sabia dos riscos e como tudo poderia ir por água abaixo. Era tudo ou nada. Era o estrelato, ou o limbo.

E assim, nasceu Muhammad Hassan, No dia 13 de dezembro de 2004, em um Raw feito em Alabama, depois de dois meses de dark matches. Ele interrompeu uma promo de Mick Foley que falava sobre as tropas dos Estados Unidos. Não poderia ter sido em um local e em uma hora melhor. A reação do público foi instantânea. 


Ele começou a sua jornada na WWE acompanhado de seu manager Khosrow Daivari (de quem falarei com certa frequência neste artigo, porém será melhor explorado em outro, no futuro). Ele se descrevia como um árabe americano, que se sentia julgado pelo preconceito da sociedade americana, depois dos ataques de 11 de setembro de 2001. Era uma gimmick, sem dúvida, forte, e que tocava nas feridas mais inconfessáveis dos americanos, naquela época ainda bastante afetadas.

Por um tempo, ele levantava as mãos para louvar Allah, mas deixou de fazer isso, devido a reclamação da comunidade de árabes nos Estados Unidos. Desde o início, sua gimmick foi intensamente pressionada. E lembremos que, na época, Copani tinha apenas 24 anos. Tinha todo um futuro pela frente na WWE.

Sua atuação até janeiro de 2005, foi de interromper as promos de outros wrestlers, e fazer a sua própria, reiterando o preconceito americano contra os árabes que vivem no país. Era uma verdade que, naquela época, ninguém estava muito disposto a ouvir. Rapidamente, Muhammad Hassan se tornou um heel pelos mesmos motivos em que seu personagem era uma vítima.

Então, ele direcionou sua fúria para os announcers do Raw, que faziam parte de uma mídia americana racista, segundo Hassan.Na época, em janeiro de 2005, eram Jerry "The King" Lawler e Jim Ross. Eles foram confrontados por Muhammad e seu manager. O que culminou em uma luta entre Lawler e Hassan, a qual, o árabe-americano venceu.


Desde então, ele passou por uma série de vitórias, passando por The Hurricane, Sgt. Slaughter, até nomes como Chris Benoit e Chris Jericho, o que aumentou ainda mais a sua notoriedade como heel, a ponto de todos os wrestlers, heels e babyfaces, se juntarem para eliminá-lo na Royal Rumble de 2005.

Ele teve uma aparição na Wrestlemania daquele ano, onde, junto com Daivari, atacou Eugene, que fora salvo por Hulk Hogan. No Raw da noite seguinte, ambos confrontaram Shawn Micheals. Dessa forma, isso gerou em um confronto de duplas, com Hogan e Michaels vencendo no Backlash. Hassan culpou Daivari pela derrota, atacando-o, posteriormente.

Ele ainda enfrentou o Batista, que na época era World Heavyweight Champion. E chegou a ganhar por desqualificação, mas perdera em seguida. Este talvez, tenha sido o ponto mais alto deste wrestler. Teve ainda chance de ganhar o Intercontinental Championship, em uma handicap de 2 contra 1, acompanhado de Daivari e contra Shelton Benjamin. Mas depois de uma luta controversa, Daivari acabou sendo superado por Shelton, o que fez com que Hassan perdesse esta oportunidade.

Hassan foi vencido por pin pela primeira vez por John Cena, o campeão da WWE na época, em 20 de junho de 2005.

No draft de 2005, em 23 de junho, Hassan e Daivari foram movidos para o Smackdown. E ali, começaria uma das semanas mais controversas da história da WWE. 

Nas gravações do Smackdown, no dia 4 de julho, foi decidido que Hassan e Undertaker iriam lutar no Great American Bash, e que Daivari iria enfrentar o Deadman no Smackdown daquela noite. Undertaker venceu fácil. Entretanto, Muhammad Hassan apareceu e invocou homens de máscaras para atacar o adversário de seu manager.

E assim se deu o segmento que marcou a carreira de Mark Copani:


Três dias depois, deu-se o atentado de Londres. United Paramount Network televisionou o segmento com vários avisos durante o evento, para os Estados Unidos. No Canadá, também foi mostrado dessa forma no The Score, entretanto, na Austrália e na Europa, o segmento foi retirado.

Críticas duras do New York Post e outras mídias vieram, o que gerou uma promo de resposta do Hassan, que atentava para o racismo da mídia.


A situação, entretanto, estava insustentável. Hassan ficou de fora de vários shows até o Great American Bash, e naquela época, fora vencido por Undertaker. Depois da derrota de Hassan, a WWE sustentou o fato de que o wrestler havia sofrido sérias lesões, depois de um Last Ride de Taker. O fato é que, aquela era apenas uma saída mais fácil para desmontar a gimmick e retornar Daivari e Hassan para o território de desenvolvimento. 

Os fãs ficaram revoltados com o fim repentino de Hassan. Não durou muito, até que a WWE anunciasse o fim do contrato. E também, o fim de Mark Copani como um full time wrestler.

Ele poderia ter feito mais na WWE? - Disso, não dá para ter nenhuma dúvida. Ele realmente demonstrava paixão no que fazia e encarnava de maneira maravilhosa a sua gimmick árabe. Talvez, bem até demais. A WWE poderia ter dado um jeito de reverter isso, de alguma forma, mas optou pela saída mais fácil, que foi a de aniquilar Hassan, e wrestler que o carregava junto, dadas as pressões externas. Fruto do próprio estereótipo preconceituoso que a empresa usa em certas gimmicks.

Então, sigamos para os três pontos positivos de Mark Copani:


  • Físico Convincente: Eu, particularmente, não costumo ligar para o físico dos wrestlers. Mas dava para dizer que, para a WWE, o Muhammad Hassan era forte o suficiente para ser um futuro campeão. Não havia nada nele que o desabonasse. Era alguém que realmente parecia um lutador em constantes treinos, ou um fisiculturista.
  • Química Heel Automática: Um dos maiores heels da história da WWE, nos últimos 15 anos. Eu não conhecia muito bem o trabalho dele, mas era alguém que poderia atrair a fúria de uma crowd inteira em instantes. Não só pela sua gimmick árabe. Mas por aquilo que ele falava. Era a verdade que nenhum americano estava querendo ouvir na época. E nada dói mais que a verdade.
  • Possibilidade de Storylines Complexas: Sim, ele poderia, em um passe de mágica, passar de heel, a vítima. Se a empresa soubesse gerir melhor os seus wrestlers, claro. O fato é que Muhammad Hassan nunca seria visto com bons olhos pelo universo dos fãs, se não fosse feito uma recuperação dentro da própria gimmick de árabe. Se ele pudesse ser mantido por mais tempo, ele até poderia ser um mensageiro pela liberdade e pela luta contra o preconceito. Mas dentro de uma empresa preconceituosa e recheada de Republicanos, ele não teve a mínima chance.
Termino este artigo, dizendo que este foi um talento desperdiçado por pressões externas. Mas mesmo assim, a WWE tem culpa. Primeiramente, por ter dado uma gimmick tão "perigosa" para ele. E depois, por não tê-lo blindado de forma suficiente, fazendo com que Mark Copani se aposentasse da carreira que tanto queria atuar.

Então, este foi mais um Forgotten Superstars, meus caros! Não esqueçam de deixar suas sugestões, elogios e críticas sempre na caixa de comentários, para fazer deste recanto um lugar cada vez melhor.

Um grande abraço!



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