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Slobber Knocker #111: Razões para Lesnar vencer vs Razões para Lesnar não vencer


Dou-vos as boas-vindas a mais um Slobber Knocker, à medida que nos aproximamos cada vez mais do SummerSlam, o evento mais importante do Verão aqui nesta nossa área. Há muitas razões para voltarmos a cabeça na sua direcção, mas para já dou mais atenção àquilo que, por norma, deve chamar mais atenção: o main event.

Reacções mistas à escolha deste main event e com razão. E apenas algo pode dividir mais opiniões que esta escolha: o seu resultado. Malta a dizer para um lado porque é que devia ser isto, outros para outro lado a dizer porque é que devia acontecer aquilo. Eu cá nem tenho assim grande opinião, estou mais naquela de deixar acontecer e ir vendo. Daí que para este artigo, faça a coisa de forma muito simples: transformar aqui o Slobber Knocker um pouco em Bleacher Report por uns instantes - os sacanas que não peguem no mesmo assunto e com o mesmo formato, enquanto trabalho nisto - e listar razões para cada uma das hipóteses de resultado.

Vejam lá as seguintes hipóteses e, se não estiverem de acordo, não se preocupem... Existem outras tantas para o outro lado!

Razões para Brock Lesnar vencer:


1. Dar continuação ao bom momentum pós-conquista de streak

Desde que regressou, Lesnar tem estado em constante ziguezague, ora vence para aqui, ora perde para lá. Não deixa de ser uma temível besta por isso. Mas o derradeiro passo para se estabelecer como algo fenomenal e imparável deu-se este ano. E é óbvio que não me refiro ao quasi-combate com Big Show, se é que se lembram desse sequer. É, claro, ao momento mais chocante dos últimos anos e possivelmente de todos os tempos: o fim da streak invicta de Undertaker na Wrestlemania, que já levava 21 anos sem resposta. Viu o seu fim às mãos de Lesnar num combate razoável que não seria tão memorável senão tivesse aquele bombástico e polémico final e resultado. E agora ninguém lhe tira isso: foi ele o homem que conquistou a streak, o que mais ninguém conseguiu antes, o que parecia impossível.

Este deve ser o derradeiro ponto do seu regresso. Já distribui porrada por tudo e todos e foi equilibrando o seu rácio de vitórias e derrotas, pesando agora mais nas vitórias. Mas o seu momento foi na última Wrestlemania quando pôs fim à streak de Undertaker. Quão amargo seria o sabor de uma derrota limpa para John Cena após tal feito? Nem ao Cena favorecia assim tanto, era como se tivesse acabado com a streak em segunda mão, derrotando um tipo que já derrotou há dois anos atrás. Lesnar deverá ter ficado mais perigoso e faminto desde o seu regresso em 2012, evoluindo do monstro capaz de dar uma carga de lenha a Cena mas sem conseguir capitalizar, acabar o serviço e vencer, para o monstro capaz de parar a streak de Undertaker. Perder para Cena mataria essa sequência. E Undertaker ainda saía mal visto no meio disto tudo, estando ele nem perto sequer.


2. Favorecer quem lhe retirar o título

Sim, isso de derrotar o homem que derrotou o Undertaker é qualquer coisa, mas tem que acontecer. O Cena fazer isso agora não tinha grande efeito, nem é ele que mais precisa disso. Mas para algum jovem em crescimento ou algum main eventer em estabelecimento conseguir colocar travões em Brock Lesnar e acabar com o seu reino de terror... Era uma regalia. É claro que isto teria que ser num grande palco e com bastante build up e hype. Não precisavam de nos lembrar tantas vezes da grandeza de tal feito, porque assim parecia que nos estavam a esfregar na cara o resultado, mas seria inevitável e eles iam fazê-lo na mesma.

Temos que pensar nesta malta que ocupa o main event actual e o do futuro. Falando em alguém já melhor estabelecido: isto seria mais um grande feito para o fantástico percurso de Daniel Bryan e seria uma óptima maneira de lhe dar mais uma árdua e desvantajosa batalha até ao título, sem ter que andar às turras com a autoridade outra vez e da mesma forma. Pensamos também em alguém como Roman Reigns que podia ter aqui o seu bilhete de ouro garantido, quando já tem uma forte passagem para o main event fixo. Podia ser "o seu" momento e uma boa maneira de conquistar o seu primeiro título. Também não nos podemos esquecer que uma mala pode fazer maravilhas por Seth Rollins e que, neste cenário pode trazer-lhe maravilhas ainda maiores. E será esticar muito imaginar um Bray Wyatt fazer algo mais impensável ainda e conseguir entrar na cabeça de Lesnar e intimidá-lo? Há muitos cenários possíveis e um vasto leque de malta nova a poder beneficiar.

3. Dá mais propósito ao regresso de Brock Lesnar

Desde que voltou, tem feito pouco mais que distribuir sovas. Não há mais do que isso? Pelo menos este ano, pode dizer-se que já tem um feito propriamente dito: conquistou o inconquistável e derrotou Undertaker na Wrestlemania. Logo este podia ser o ano em que Lesnar tem objectivos mais definidos, do que pegar-se com alguém e terum combate sem regras. É plausível que uma besta destas se movimente simplesmente pelo desejo e necessidade de destruir, mas por que não acrescentar-lhe um pouco mais de substância?

Já na altura da sua primeira "saída", Lesnar afirmou que "já não tinha mais nada a cumprir na WWE." Este ano está a provar o contrário, ao provar que tinha: a streak. Agora é uma questão de aproveitar e já que está nisto de ganhar coisas grandes... Por que não aumentar o brilho do seu 2014, acrescentando-lhe um título? Daria mais propósito à sua estadia, como diz no subtítulo. Caçar aquilo que todos andam a tentar caçar e não apenas chegar lá e dizer que é o Brock Lesnar. Já tivemos muito disso nos últimos dois anos.

4. Paul Heyman de novo ao lado de um Campeão

Sabemos que Paul Heyman consegue fazer maravilhas com qualquer um. Com as suas promos, está bem posicionado em qualquer parte do card, porque dá espectáculo garantido, mas com um Campeão, um tipo de topo é que ele está bem. Em termos de promos, Lesnar nem é assunto. Se há pavor semelhante ao de ver o Great Khali dirigir-se ao ringue, é o de ver Brock Lesnar a pegar num microfone. Mas felizmente, tem Heyman ao seu lado. E, automaticamente, somos também levados para o paralelismo. A última vez em que vimos Heyman no canto de um Campeão foi nos bons tempos do tremendo reinado de CM Punk. Acrescentar a isso o génio de Heyman que fez resultar a vitória de Lesnar sobre Undertaker, com a repetição da agora mítica frase, imaginem como ele apresentaria o seu cliente que conquistou a streak invicta de Undertaker na Wrestlemania e que conquistou o WWE World Heavyweight Championship de John Cena no SummerSlam. Para isso, até vale a pena esperar...


5. Podemos ter mais Lesnar em TV

Não é garantido, mas é possível. Brock Lesnar não é propriamente uma estrela de Hollywood a promover filmes um pouco por todo o lado. A sua razão para aparecer quando lhe apetece não se resume a muito mais do que "porque é o Brock Lesnar". No entanto, um título pode mudar isso e fazê-lo manter-se um pouco mais. Se não tem mais para fazer fora e tem uma razão mais que legítima para estar em TV a miúde, então não tem por que não acontecer.

Não digo que Lesnar seja propriamente uma peça indispensável para o roster e para os programas televisivos. O produto passa bem sem ele e o público já parece estar automatizado a estar à espera dele apenas por épocas. Mas sempre lhe limpa aquele sujo estatuto de part-timer que não é assim tão bem recebido actualmente. Nem que seja só por um bocado. Um bocado em que aceitamos melhor que Lesnar apareça, porque realmente ele está sempre lá. E até pode dar em algo de jeito - para além de Paul Heyman - e termos Lesnar a servir de macaco para Authority. Um macaco verdadeiramente temível e que, por cima disso, ainda é Campeão e não parece haver à vista quem lhe retire esse estatuto. É bem possível que se borrifem para isto e só o façam aparecer em PPVs, mas a atitude certa seria aproveitar um reinado para fazer de Lesnar um Superstar a sério e não um que hiberna frequentemente.

Razões para Brock Lesnar não vencer:


1. Ter um part-timer como Campeão

Passamos agora para o outro lado e vemos as desvantagens e as razões para que Lesnar não ande de novo com um cinturão, ou neste caso, dois. E o primeiro é logo o mais óbvio e o que mais facilmente e rapidamente se atira na argumentação. Dar o título a um part-timer. Repetir-se o filme de The Rock - e não propriamente um dos seus cliché-fest de acção - do ano passado. De forma mais directa e feia, cuspir na cara dos trabalhadores que dão cabo do corpo ali a diário, arrumando-os para o lado, para que o cobiçado prémio possa ser atribuído àquele gajo que aparece um punhado de vezes num ano. 

De certa forma, torna-se insultuoso e pode desmoralizar os talentos no backstage. Já chamei a esta era a "Insecurity Era", em que parecem estar sempre inseguros e em que não confiam nos talentos jovens, recorrendo sempre a nomes do passado para chamar a atenção. Mesmo por muito que se cante o nome dos outros que lá estão. E também pelos bookings preguiçosos aos estreantes, esperando talvez, que eles fiquem over com a graça da Virgem. E o título que fique nesse, que mal lá pára. Imaginem no vosso local de trabalho, que um gajo que falta sempre, aparece quando lhe apetece, mas que o chamam na mesma porque ele já lá esteve há uns anos atrás... Tem um aumento. Não deve saber tão bem. E, na WWE, é o que volta a acontecer se a vitória de Lesnar se der...

2. Limita-se o número de candidatos ao título

Apesar que, desde que se unificaram os títulos, têm sido bastante cautelosos na hora de escolher os seus candidatos, com este Campeão em questão iam ser mais selectivos ainda. Porque é mais um dos problemas, entre muitos, dos part-timers. Não é qualquer um que é digno de lhe tocar e de o enfrentar. E não vendem qualquer lutador como credível para deitar abaixo e derrotar esse monstro que aparece de vez em quando - o problema de construirem poucos Superstars com credibilidade para... Qualquer coisa. Não digo que coloquem o Adam Rose ou o Kofi Kingston a enfrentar o Brock Lesnar, mas já deviam ter um leque bem mais vasto de main eventers.

No lado contrário, falei do bem que faria uma vitória sobre Lesnar a um Superstar ascendente. Mas... Conseguiriam eles construir tal? Quanto medo teriam de apresentar, sequer, um plano como esse? Para já, o único que vejo em quem teriam confiança de tentar tal, é Roman Reigns. E já pensaram em Daniel Bryan e ainda acho que eles não seriam já capazes de o colocar de lado. De resto, parece que não há ninguém que achem "do calibre". Dessa forma, quem sobra? Cena outra vez? Mais óbvios como o Randy Orton? Trazer o Batista para isto? O Undertaker não vai voltar para vingar a Wrestlemania, porque não lhe faz muito e não lhe ia reinstalar o zero na streak. Por muito que estejam em negação, não há CM Punk para lá ir outra vez. Quem mais? O Sting? - mas este, até parece que o estou a ver a enfrentá-lo, chateado, por este ter acabado com uma coisa que ele queria conquistar... Anotem esta aí. Com isto desta forma, sobra pouca gente. Lesnar, infelizmente, parece estar demasiado restrito.


3. Risco de um Campeão ausente

Aqui é a contradição ao ponto 5 das razões opostas. Porque há duas opções para o que possa acontecer e eles às tantas ainda pendem mais para esta do que para a outra. Retornando ao ponto 1, Lesnar é aquilo a que a população se referiu "carinhosamente" como um part-timer e isso indica que ele aparece só quando houver uma situação digna de aparecer - leia-se, um PPV grande. Se lhes der na telha, mandam-no para casa, de férias, para aparecer a tempo de defender o título um par de vezes em PPVs, até que se cansem e o façam perder de forma escandalosa. Anunciam-no num Raw ou outro, como se fosse um convidado especial, apesar de ser o Campeão, o que por norma já devia lá estar.

Muitas destas situações são paralelismos propositados ao recente reinado de The Rock que causou boa polémica e que ainda faz azia a muitos fãs que nunca quiseram isso, para ficarem convencidos de que era isso que precisavam. O certo é que as situações de Lesnar e The Rock não podiam ser mais diferentes. Lesnar não é nenhum actor - mais longe disso não podia estar - e não anda a promover nenhum filme. O outro tinha uma desculpa para não aparecer - mas não para ter o título. Este, pode muito bem lá estar, mas eles também podem achar que tem o mesmo estatuto que o outro ex-WWE Champion aqui mencionado e preferir que ele fique em casa, em vez de estorvar em TV - apesar de o terem premiado com o título. Como já disse no outro ponto, onde mencionei o oposto disto, há duas maneiras por onde isto podia correr, e esta também é uma das opções. E uma opção forte, infelizmente.

4. Risco de promos de Brock Lesnar

Sim, tem Paul Heyman a seu lado. E não há lá muitos que se possam colocar a seu lado na arte de dar uma promo e é dos que mais gosto dá ouvir. Não, não temos garantia que ele faça todo o trabalho oratório. Por muito possível que seja ver Lesnar frente a frente com um rival que cobice o seu título, não podemos estar à espera que seja Heyman a dizer tudo o que ele queira dizer. E, temam, eventualmente chega a altura de Lesnar pegar no microfone.

Lesnar é daqueles que só para dizer algo muito curto e directo. E não é porque o faz bem, porque nem isso, é mesmo porque muitas das vezes sai algo hilariante - Let's! Do! THIS?! Mas sendo um Campeão a lidar com os candidatos ao seu título... Heyman tem paleio que chegue para isso, mas não é ele que está na cabeça de Lesnar nem pode dizer o que pensa. Já não é uma situação em que Lesnar vem destruir alguém para depois ir embora. Aqui já é algo contínuo, eventualmente Lesnar terá que dar a conhecer um pedaço da sua mente. Aquela mente. Com aquela voz e aqueles talentos oratórios. Fujam!


5. Mais um curto reinado para John Cena

Não é que deseje que o Cena se agarre e ande com aqueles cintos ao pescoço, como o salvador de toda a WWE. É por uma questão muito simples. 15 títulos mundiais. Em 10 anos. Não podem ter sido muito longos. E, à excepção daquele longo que fartou toda a malta e que já entrava nos topos dos registos e apenas foi superado pelo de CM Punk como o mais longínquo dos últimos anos... São todos breves. O que não lhe dá assim uma imagem tão grandiosa. Afinal ele tem muitos títulos. Mas em pouco tempo. Assim dá a entender que ele também os perde num instante.

Cada vez se tem dado mais importância aos números. E eu mesmo gosto de fazer contagem. Mas qual é o valor de dizer que o Alberto Del Rio já é Campeão Mundial por 4 vezes? De que forma é que isso o conserta? Da mesma forma se pode falar de Cena. Já tem quase tantos títulos quanto Ric Flair, mas temos que comparar a longevidade de carreiras e como funcionam os reinados em tempos diferentes. Sim, pode-se dizer que seja impressionante a rapidez com que Cena recupera os títulos, mas também tem que entrar em questão a rapidez com que os perde e aí já deita tudo por terra e acaba por ter mais peso que a questão anterior. Com este seu 15º reinado, acabá-lo já, logo após dois meses do seu início, seria mais um despachado e mais uma estrada para o 16º, o igualador de recorde. Com essa rapidez e facilidade. Resumindo, números elevados é muito bonito, mas há situações em que não dizem assim tanto.

Cinco para cada lado, estive dos dois lados do julgamento e apresentei propostas para que se aceite a ideia da vitória e da derrota de Brock Lesnar. No caso de discordarem muito dealgo que achem assim tão descabido, não se preocupem, fiz outros tantos para o outro lado. Mais imparcial que isto, só um documento informativo e mesmo assim não sei. De qualquer modo, convido-vos a comentar o assunto e a debater as possibilidades. Mas lembrem-se, não me atirem para nenhum lado porque apresentei aqui os dois e não podia estar mais neutro nesta situação.

Por aqui fico e me retiro, com o artigo já concluído e com a bola já no vosso campo. Espero que tenham gostado minimamente do tema e que não o tenham achado muito simples e breve, espero que tenha sido algo satisfatório. Para selar isto, deixo a habitual questão, que não foge do tema e até nem acrescenta nada e volta à estaca 0:

"Acham que Brock Lesnar como WWE World Heavyweight Champion é mesmo best for business?"

O espaço é vosso e eu lá farei por cá estar de novo na próxima semana. Até lá fiquem bem, continuação de um bom Verão, agora com as entradas no meu mês de Agosto.

Cumprimentos,
Chris JRM

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