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Dias is That Damn Good #205 – "Um Patrão Negligente"

Boas Pessoal!



Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)

No Pro Wrestling as diversas promotoras que compõem o business estão extremamente dependentes das qualidades e capacidades de quem as administra e chefia. São os "owners" quem pode dotá-las da capacidade e viabilidade financeira necessárias à sua subsistência, são os "patrões" e a credibilidade dos mesmos que permitem a celebração de acordos comerciais e de televisão indispensáveis à promoção e disseminação dos seus produtos e, em última análise, são os "donos" que têm a palavra-chave sobre a estratégia, planos e caminhos que as companhias trilham. Neste sentido, uma administração capaz e preocupada com a sua companhia permitirá sempre o seu crescimento e desenvolvimento; uma administração não tão capaz mas interessada, certamente, encontrará soluções para a viabilidade da sua empresa; mas, por outro lado, sendo capaz ou incapaz, uma administração desinteressada e despreocupada, constituirá, sempre, uma grande limitação e condicionante à evolução da sua promotora.

Deste modo, pegando no terceiro caso atrás mencionado que é o que me importa tratar hoje, percebemos que é, sobretudo, a ele que nos referimos quando olhamos para a empresa que é detentora da Ring Of Honor (o Sinclair Broadcast Group). Assim, aquilo que me proponho abordar ao longo do presente artigo está relacionado com esta má gestão e aproveitamento que o SBG tem feito das potencialidades e qualidades da ROH e, acima de tudo, com a negligência que tem pautado a gestão que o mesmo grupo tem feito da promotora.

Não percam, por isso, as próximas linhas...



A Ring Of Honor foi criada, corria o ano de 2002, por Rob Feinstein e Gabe Sapolsky, sendo o seu presidente e detentor Cary Silkin. Nessa altura, rapidamente aproveitou o espaço deixado vago, pelos últimos pequenos territórios que sustentaram a sua actividade até aos anos 90 e pelo encerramento da WCW e da ECW, para se estabelecer como uma das promotoras mais importantes em solo norte-americano. Altamente diferente dos antigos territórios independentes e pioneira no estrito sentido do indy wrestling, a ROH marcou a sua posição e tornou-se visível e conhecida pelos seus espectáculos que, para além de contarem com alguns ex-talentos da ECW e outros jovens wrestlers de elevado potencial, pautavam pela apresentação de combates repletos de grandes spots e conduzidos a uma velocidade frenética. Com o passar do tempo a pequena promotora foi crescendo, assegurando uma base de fãs bastante fiel e revelando um sem número de talentos que, posteriormente, brilhariam ao serviço da WWE e TNA (como AJ Styles, Samoa Joe, CM Punk, Daniel Bryan, Austin Aries, entre outros). Os anos de 2008 e 2009 marcariam, contudo, um novo rumo e página na história da promotora, com a substituição de Gabe Sapolsky por Adam Pearce (no booking da empresa) e a celebração de um contrato que permitia à companhia apresentar um pequeno programa na estação de televisão HDNet Fights. Durante este período a ROH passaria também a realizar iPPVs e a chegar, deste modo, a um maior número de fãs e telespectadores. Já em 2010, Adam Pearce seria substituído como booker por Hunter Johnston (mais conhecido como Delirious) e em 2011, chegaria ao fim o acordo celebrado com a HDNet Fights. Depois de um período que talvez tenha sido o mais difícil e complicado na história da promotora, o Sinclair Broadcast Group adquiriria a Ring Of Honor, disponibilizando-lhe um spot de prime-time num dos canais que o grupo televisivo controla e mantendo o até então Presidente, Cary Silkin, num cargo executivo. Já no decorrer do presente ano (2014) a companhia anunciou a sua entrada no mercado tradicional de PPVs, abrindo-se-lhe, desta forma, novas portas e horizontes no sentido de aumentar as receitas e, ao mesmo tempo, alargar ainda mais o seu core de fãs e seguidores.

Ora, depois desta pequena e rápida revisão à história da ROH, importa debruçar-mo-nos naquilo que, ao longo da sua existência, constituiu o suporte e tomadas de decisão por parte de quem a administra e chefia. E, neste capítulo em particular, a meu ver, são inúmeras e demasiadas as críticas que se lhe podem apontar. Em qualquer área de actividade de que participamos ao longo das nossas vidas e percursos profissionais devemos sempre dar o máximo e procurar melhorar e evoluir. Quem não o faz, está, como me parece óbvio, com uma postura e atitude bastante erradas e que lhe podem ser prejudiciais. Por consequência, quando falamos na administração de uma empresa, são os mesmos valores e pro-actividade que nos devem mover e, como tal, qualquer dono, patrão ou chefe deve dar o máximo no sentido de fazer a sua companhia crescer, desenvolver-se, evoluir e tornar-se cada vez mais sustentável. É, portanto, neste ponto em concreto que a administração da Ring Of Honor tem falhado e tem falhado de um modo feio. Assim, se de 2002 (data da sua criação) a 2011 (data sua aquisição por parte do Sinclair Broadcast Group) não podemos levantar grandes acusações ao que constituiu a gestão levada a cabo por Cary Silkin (porque há que reconhecer as limitações de âmbito económico-financeiro que a acompanharam e que, ainda sim, não deixaram de permitir o constante e progressivo crescimento da promotora), o mesmo já não podemos dizer da data e período que marca a entrada em cena do Sinclair Broadcast Group. Porque este grupo já possui uma considerável dimensão no mercado televisivo norte-americano e tem capacidades e potencialidades financeiras que bem aplicadas e investidas na ROH, certamente, permitiriam à promotora um crescimento, consolidação e alargamento da base de fãs e seguidores bastante mais rápido.



A Ring Of Honor é, ainda, considerada por muitos como uma indy promotion (é, aliás, vista como a Raínha das Indys), no entanto, a companhia já tem ao seu dispor meios e ferramentas de que nenhuma outra empresa do circuito independente goza, como o acesso ao mercado televisivo e de PPVs. Por outro lado, a atracção que a ROH exerce sobre os talentos e free-agents que percorrem o circuito independente é, também, bastante superior à dos seus concorrentes, uma vez que os wrestlers sabem que a exposição mediática e visibilidade a que estão sujeitos nesta promotora é bastante superior aquela a que estariam expostos nas demais. Ora, perante todas estas mais valias e vantagens competitivas, porque raio ainda consideramos a ROH como uma indy?! A resposta parece-me que está, acima de tudo e em consonância com o que venho escrevendo ao longo deste texto, ligada à forma como o Sinclair Broadcast Group tem gerido a promotora e com os meios que esse mesmo grupo não tem disponibilizado e investido na produção e promoção da ROH. E falo nesta questão da produção e promoção, em particular, porque, de facto, a primeira ideia com que uma pessoa fica cada vez que assiste a um programa da companhia ou a um dos seus ppvs é de que a sua produção e imagem são demasiado pobres, extremamente escuras e extraordinariamente pequenas, fechadas e claustrofóbicas...e este é, de facto, o ponto fulcral em que a ROH não consegue diferenciar-se de qualquer outra indy promotion.

Em muitos casos a percepção é ou torna-se a realidade e se quando as pessoas olham para a ROH vêm algo pequeno e extremamente mal produzido, irão sempre encará-la em conformidade com essa imagem e primeira fotografia que lhe tiraram. Portanto, pergunto-me, já que o SBG está a investir na ROH, porque raio não o faz como deve ser e no sentido de conseguir retorno?! Será assim tão difícil adquirir os equipamentos necessários a uma produção minimamente moderna e que consiga transmitir uma imagem profissional do que é feito na promotora?! É assim tão complicado comprar mais umas cameras e um sistema de luzes que dê brilho e luminosidade à plateia e ringue?! Qual a dificuldade de adquirir um ringue um pouco maior e de lhe apertar as molas, para dar mais espaço aos wrestlers e, ao mesmo tempo, credibilizar a dureza do local onde combatem?! Por outro lado, porque raio não aumentam o tempo e espaço de antena do programa semanal da ROH para 90 minutos?! Quais os entraves a começar a estruturar esse mesmo programa no sentido de lhe conferir uma sequência lógica de storylines, storytelling e acontecimentos?! Têm medo de apresentar um produto main stream e de alargar o número de seguidores?! Acreditam que é impossível ser diferente da WWE e/ou da TNA se apresentarem um produto direccionado para um número mais largo de espectadores e telespectadores?! Querem ficar com a dimensão que possuem actualmente ou crescer e evoluir?! Vão continuar a negligenciar os talentos que possuem apenas porque não querem investir seriamente na produção e promoção da companhia?! Enfim, um sem número de questões a que esta administração e gestão por parte do Sinclair Broadcast Group tem dado uma resposta que, na minha opinião, é tremendamente insatisfatória e negativa.



E vocês, o que pensam da gestão que o SBG tem feito da ROH?! O que fariam de diferente?! Como aproveitariam todas as potencialidades e qualidades da ROH?!


Um Abraço,
Dias Ferreira


PS: Não se esqueçam de indicar mais temas e assuntos que gostassem de ver ser tratados neste espaço.



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