Dias is That Damn Good #198 – "Análise S.W.O.T. - Global Force Wrestling"
Boas Pessoal!
Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn
Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)
Recentemente, Jeff Jarrett lançou um novo
projecto/promotora de pro wrestling a que chamou de Global Force
Wrestling (GFW). A respeito da mesma, sabemos que Hermie Sadler, a
25/7 Productions e David Broome (criador do The Biggest Loser) são
seus parceiros estratégicos e, ainda, que a recém-criada companhia
já estabeleceu outras parcerias com diferentes empresas da indústria
como a AAA (do México), a IGF e a NJPW (do Japão), a Wrestling Professionals (da África do Sul), e outras
pequenas organizações do circuíto europeu, com vista à troca de
talentos e partilha de conhecimentos. Por outro lado, sabemos,
também, que Jeff Jarrett anda em digressão pelos diversos países e
territórios onde a modalidade é parte integrante da cultura dos
seus habitantes, no sentido de promover o seu novo projecto e de
encontrar novas talentos para constituir o seu roster/plantel. Por
último, já é do conhecimento público que existem negociações em
curso tendo em vista o estabelecimento de um acordo com uma estação de
televisão que possa transmitir os conteúdos, programação e
espectáculos da companhia.
Deste modo, por se tratar de um novo actor no terreno
com alguma capacidade para "agitar as àguas", pela força
de alguns dos seus parceiros e pelo eventual buzz e interesse que
toda esta situação está a criar em redor do business, e a sugestão
do visitante/seguidor do Wrestling Notícias e da coluna "Dias
is That Damn Good" King of Kings, será este tema e assunto o
central da análise S.W.O.T. que agora vos apresento.
Não percam, portanto, as próximas linhas...
Pontos
Fortes e Oportunidades:
A Notoriedade de Jeff Jarrett e dos seus Parceiros
- Apesar de se ter afirmado sempre como um main eventer
de 2ª linha e nunca como um top guy, a verdade é que Jeff Jarrett
conseguiu destacar-se com distinção nas suas passagens pela WWE e
WCW. Por outro lado, quando iniciou o processo que daria origem à
criação da TNA e se manteve na gestão da mesma durante um largo período (quer como wrestler, quer como administrador), Jarrett
acumulou a todo o prestígio, visibilidade e mediatismo que trazia
das anteriores promotoras onde tinha trabalhado, todas as
experiências, conhecimentos e capacidades que a construção e
gestão de uma companhia de pro wrestling acarretam. Situação essa
que, certamente, lhe permitiu estar em permanente contacto com
diversas personalidades e organizações no sentido de estabelecer
acordos comerciais e parcerias que ajudassem no financiamento,
dinamização e disseminação da TNA. Agora, que inicia um novo
projecto, as parcerias já assinadas e acordadas são um reflexo do
que acabei de referir. No mesmo sentido, estes novos parceiros,
sobretudo no que concerne à 25/7 Productions e a David Broome, podem
desempenhar um papel importantíssimo no estabelecimento e
consolidação da GFW e, especialmente, constituirem-se como
actores-chave no processo de negociação de um acordo de televisão
para a companhia. Por outro lado, as relações que Jeff estabeleceu,
ao longo dos anos, com os mais diversos wrestlers e personalidades do
business colocam-o numa posição até certo ponto confortável no
sentido de atrair e convencer alguns nomes a integrar a sua nova
Global Force Wrestling.
A Possibilidade de Realizar um Acordo com uma Estação
de TV
- Para o bem e para o mal, a verdade é que o pro
wrestling evoluiu para um estádio de desenvolvimento onde a televisão
desempenha uma função fundamental. Sem ela a capacidade de divulgar
as promotoras, os seus produtos, os seus conteúdos e os seus
wrestlers torna-se quase impossível ou, pelo menos, uma tarefa
hercúlea. É a televisão e os programas/shows que passam na mesma
que dão a conhecer as companhias e tudo quanto as envolve, é a
televisão que permite aos telespectadores acompanhar os
desenvolvimentos e storylines decorrentes da programação de
qualquer empresa do ramo e aumentar o seu número de seguidores. Em
último caso, é, também, a televisão que permite a obtenção de
patrocínios relevantes e, por consequência, verdadeiramente capazes
de proporcionar um indispensável retorno financeiro. Portanto, sem
um acordo de televisão que exponha e dissemine a GFW, o crescimento
e própria sustentabilidade do projecto podem estar em causa. E é por
isso que se torna extremamente importante que as faladas negociações
entre Jeff Jarrett e algumas estações de televisão para a criação
de um programa da GFW cheguem a bom porto. De qualquer modo, as
informações que nos têm chegado através dos dirt sheets são
positivas e permitem-nos encarar com optimismo esta situação...não
se sabendo, contudo, se a GFW irá partir, prontamente, para um
programa clássico ao estilo do RAW, SmackDown e iMPACT Wrestling, ou
se, primeiramente, prosseguirá pela via da realização de um
reality show ao estilo WWE Tough Enough. Em qualquer dos casos, o
importante é que se verifiquem desenvolvimentos no sentido de
garantir um acordo de tv e, ao que tudo indica, o actual contexto é
favorável a que ele se estabeleça.
A Capacidade e Dimensão do Projecto
- Ora bem, pelas duas grandes razões (pontos fortes e
oportunidades) que referi anteriormente, facilmente compreendemos que
estamos perante um projecto com consideráveis capacidades e
dimensão. Capacidades que advêm do prestígio de Jeff Jarrett e dos
seus novos parceiros, assim como do potencial investimento e
financiamento que ambos podem conseguir avolumar. E dimensão porque
todas essas capacidades acrescidas de um programa de televisão e dos
acordos estabelecidos com outras promotoras de dimensão mundial para
a partilha de talentos, permitirão construir e estruturar uma
organização com alicerces bastante superiores aos que suportam
grande parte das companhias em solo norte-americano (à excepção da
WWE e da TNA). Consequentemente, o contexto que está na base da
criação da Global Force Wrestling e que envolve todo o processo da
sua institucionalização permitirá, por outro lado, exercer uma
atracção muito maior sobre os múltiplos wrestlers e personalidades
do business e competir, à partida, com armas bastante mais
apetrechadas se comparadas com aquelas que as promotoras indy
utilizam.
Pontes
Fracos e Ameaças:
O Monopólio da WWE e a Forte Concorrência da TNA
- O primeiro grande entrave que qualquer promotora de
pro wrestling, nova ou existente, enfrenta prende-se, de facto, com o
monopólio instituído pela WWE. A capacidade e dimensão da empresa
de Vince McMahon não permite sequer a existência de uma
concorrência séria e essa situação reflecte-se, especialmente, na
disputa contratual pelos mais diversos wrestlers e agentes da
modalidade, assim como pelos diferentes patrocínios, acordos
comerciais e de televisão, e na requisição de arenas/pavilhões.
Consequentemente, este contexto cria, naturalmente, algum pessimismo,
sobretudo, nas cadeias de televisão que sabem não ser possível, à
partida, competir com os números e ratings de uma super WWE. Por
outro lado, e ainda que a GFW tenha fortes possibilidades de se
consolidar, rapidamente, como a terceira grande companhia do ramo em
solo norte-americano, a verdade é que terá de enfrentar uma feroz
concorrência por parte da TNA. Como sabemos, ambas as companhias já
não podem ser categorizadas como indy promotions, mas ainda estão a
meio-caminho no que se refere a um estatuto de main stream. Por
consequência, elas irão disputar os mesmos mercados, as mesmas
arenas e pavilhões, os mesmos wrestlers e workers, os mesmos
patrocínios e acordos comerciais, etc. E, neste ponto, a TNA, por já
levar 12 anos de existência, por já ter conseguido consolidar uma
base de fãs e seguidores, por já ter construído de alguma forma o
seu público, por já se encontrar estruturada e institucionalizada e
por já ter o seu plantel/roster formado, compreensivelmente, leva
uma boa vantagem num possível confronto directo com a recém-criada
GFW.
Os Wrestlers e Freelancers Disponíveis
- Outra tarefa que não se adivinha nada fácil está
relacionada com a formação de um primeiro plantel/roster. Como
sabemos, os wrestlers da WWE têm uma clausula de exclusividade nos
seus contratos e o mesmo sucede com os lutadores de maior renome e
visibilidade ligados contratualmente à TNA. Deste modo, restará à
GFW uma prospecção exaustiva pelo circuito independente (a juntar
aos acordos internacionais de partilha de talentos que assinou) como
alternativa para fazer face à necessidade de formar o seu core e
núcleo duro de talentos. Ora, esta situação, obrigará a um
esforço muito maior e redobrado por parte de Jeff Jarrett e da sua
equipa, uma vez que a notoriedade e estádio de desenvolvimento dos
wrestlers do circuito independente se revela ainda bastante precária
e, qualquer um dos eles, precisa, fortemente, de aprender a trabalhar
para a televisão e plateias mais exigentes, assim como de evoluir
rapidamente nas suas mais diversas capacidades. Por outro lado, há
algumas lendas e personalidades históricas da modalidade que,
presentemente, não possuem qualquer vínculo contratual (como Mick
Foley, Jim Ross, Vince Russo, entre muitos outros), possibilitando,
portanto, uma vez que haja acordo, a sua participação e contributo
no lançamento do novo projecto. Mas o desafio, sobretudo, de
constituir um roster com visibilidade e notoriedade suficientes para
captar a atenção de um núcleo aceitável de seguidores prevê-se
algo complicado.
A Visão que Jeff Jarrett tem da Modalidade
- Por último, a visão que conhecemos a Jeff Jarrett
sobre a modalidade pode constituir, na minha opinião, um ponto fraco
ou, pelo menos, uma ameaça à qualidade do novo projecto. É óbvio
que esta situação congrega uma questão de estilos e de
preferências, sendo por isso subjectiva, mas a julgar por aquilo que
foi a irregularidade do storytelling e do planeamento na TNA enquanto
Jeff foi o seu principal responsável, não deixa antever, a meu ver,
algo de muito positivo a este respeito. Como sabemos Jeff foi muito
influenciado pelo estilo praticado na ex-promotora do seu pai Jerry
e, por isso, a sua concepção do business revela muitas
características desse southern wrestling style. Por outro lado,
nunca conseguiu, na TNA, montar uma estratégia que permitisse a
criação de grandes estrelas da própria companhia e manter as suas
storylines "limpas" e fáceis de acompanhar, recorrendo de
uma forma exagerada aos heel e face turns, ás interrupções e
interferências em combates, a finishers completamente carentes de
lógica e, sobretudo, a algumas ideias altamente ridículas
proporcionadas por uma vontade desmesurada de marcar a diferença,
sem compreender onde ela deveria verdadeiramente materializar-se.
Portanto, neste capítulo, se Jeff Jarrett não conseguir reunir à
sua volta um conjunto de pessoas realmente capazes e conhecedoras da
modalidade, dos seus conteúdos e de uma forma de produção moderna,
temo que, enquanto centro único de decisão, as coisas possam não
vir a correr pelo melhor...pelo menos, no que toca às expectativas
que, pessoalmente, tenho a respeito da Global Force Wrestling.
Conclusões:
No actual contexto em que a modalidade vive e a
indústria e business se encontram, será, certamente, positiva a
possibilidade de aparecer, em força, um novo player com capacidade
para agitar as coisas. No entanto, e porque a criação deste novo
projecto é ainda bastante recente e o mesmo se encontra em
desenvolvimento numa fase bastante embrionária, a falta de
informação e conhecimento a respeito da Global Force Wrestling é
uma realidade inquestionável. Contudo, conhecendo a pessoa por
detrás do projecto, os seus parceiros e os acordos já assinados com
outras companhias do ramo, podemos especular um pouco acerca dos
desafios que a mesma terá de enfrentar e quais as grandes
oportunidades e ameaças que se lhe colocam. Neste sentido, sabemos
que a notoriedade de Jeff Jarrett e dos seus parceiros, assim como a
possibilidade de chegar a acordo com uma estação de televisão que
transmita os multiplos conteúdos da promotora e a possível
capacidade e dimensão do projecto constituem-se, muito
provavelmente, como os seus pontos mais fortes. Por outro lado e a
contrastar com o que acabei de referir, somos obrigados a reconhecer
que as limitações e condicionamentos provocados pelo monopólio da
WWE, assim como pela forte e feroz concorrência que será oferecida
pela TNA, a dificuldade de formar, de entre os wrestlers e
freelancers disponíveis, um roster credível e com alguma
notoriedade e, por último, a visão um pouco sulista e algo
anárquica de Jeff, surgem como as grandes ameaças à GFW e seus
principais pontos fracos.
E
vocês, o que pensam do novo projecto de Jeff Jarrett?!
Um Abraço,
Dias Ferreira
PS:
Não se esqueçam de indicar assuntos e temas que gostariam de ver
ser aqui abordados.