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Slobber Knocker #67: Rescaldo do SummerSlam


Bem-vindos ao Slobber Knocker desta semana, cujo tema já foi anunciado e já era de esperar. E que talvez seja menos estelar. Mas já me que comprometi a isto e já que digo também sempre isso, cá avanço eu para a ducentésima quadragésima sétima revisão do SummerSlam que encontram esta semana pela web.

Ao todo, foi um bom PPV, mesmo que nunca chegasse a tornar-se algo de extraordinário. O melhor do evento acabou por girar à volta dos dois principais combates que, sem grande surpresa, se tornaram os encontros da noite. Tinha sido assim vendido - tudo à volta dos dois combates - mas os outros, normalmente também souberam entreter.

Mas melhor maneira de saber onde é que cada um singrou ou falhou, é questão de ver os combates um por um:

Rob Van Dam derrota Dean Ambrose pelo United States Championship, por desqualificação, logo não vence o título


Têm colocado mais esforço nos combates do "Kick-Off" actualmente. Depois de um grande combate pelos títulos Tag Team a decorrer antes do Money in the Bank, deram-nos mais um combate com fasquia alta e com nomes de alto calibre. Isto seria um combate de sonho se envolvesse regras menos ortodoxas, diga-se, mais extremas. Coloca frente a frente dois grandes nomes representativos do wrestling hardcore de eras diferentes. Mas não dava para se fazer isso já. E assim até serve para mostrar que eles não precisam de objectos ilícitos para dar um combate. Porque o combate até foi bom, mesmo que não quisessem desenvolver nada de espectacular e quisessem manter os níveis enérgicos mais perto do chão.

O final - que já estava previsto há muito tempo por toda a gente - deixaria em aberto um novo confronto entre os dois, não fosse um título maior já estar a ser farejado por RVD no último Raw - com direito a announcer pessoal e tudo. Pensei que guardassem mais loucura para um rematch mas não parece. Era mesmo só para aquecer. E até aqueceu bem. Por estranho que pareça, terceiro combate mais longo de toda a noite, e desenvolveu-se à volta da história de haver macacos lá fora para os dois lados. Ambrose não podia ficar a parecer fraco aqui e não ficou, mas o outro era RVD e este tinha que ter o título já quase em mãos. O final que já se via a milhas de distância, via os Shield a interferir e a nova parceria de Big Show e Mark Henry a enxotá-los. Os estragos já estavam feitos e o cinto ficava em Ambrose. Pensava eu que podia haver mais entre Ambrose e RVD, mas como já disse no início deste parágrafo, parece que não. A rivalidade entre os Shield e Mark Henry prossegue, agora com Big Show que está de volta após mais uma Turn que nem porco num espeto e eventualmente se marcará um combate pelos títulos - Night of Champions?

No meio de uma hora, foram obviamente os minutos mais interessantes e podia constar no PPV, mesmo que nada de outro mundo - no próprio PPV não faltou disso. Já nos anunciavam o combate de abertura enquanto a plateia se preparava para aquecer - literalmente - para ver um estreante promissor.

Bray Wyatt derrota Kane num Ring of Fire match


Um conceito novo e até gostei. Os efeitos com as chamas a reagir aos bumps e às tentativas de entrada deram um bom ambiente e até tornou a coisa interessante. Desde sempre sabíamos também quais as histórias do combate: Kane a dominar a maioria do combate por só ter vingança a passar-lhe pela cabeça e Erick Rowan e Luke Harper a tentar maneiras diferentes de entrar, mesmo com lavaredas a barrar-lhes a passagem. Acho que também já sabíamos, desde sempre, quem ganhava. Nem é preciso assim tantos palmos de testa para perceber que não havia qualquer lógica noutro resultado.

O propósito do combate consistia mais em apresentar Bray Wyatt e vendê-lo à plateia como uma verdadeira ameaça e tão ou mais perigoso quanto os seus maneirismos estranhos e perturbadores dão a entender. Kane era uma boa escolha para o fazer, o seu estatuto de veterano assim como a sua também negra personagem seriam as ideias para colocar o ex-Husky Harris e os seus "irmãos" bem over. Daí que o combate também não fosse o primeiro grande ponto da noite. Acredito que os grandes momentos deste trio ainda estejam para vir, porque só vejo muito crescimento para estes jovens - que juntam-se ao saco de novidades muito boas a juntar-se ao roster... Até vêm aos 3 de cada vez, agora.

Já se esperava que o combate fosse básico, com o azedume entre os adversários a causar a agressividade do combate, o fogo a dar um interessante efeito e os outros dois a manter-nos a atenção. Maneira mais simples que podiam ter arranjado para eles entrar que foi a mesma coisa que não ter ali nada. Wyatt venceu, obviamente, e após o combate, um momento mais extremo com o ataque a Kane nos degraus - da forma segura, claro. Ninguém esperava que alguém pegasse fogo - se alguém estava à espera disso é parvo, pronto, dito - mas fica aqui o momento mais violento. Para o futuro, quem saberá o que está guardado para este interessante grupo. Quanto a Kane... Ele recuperou muita da sua monstruosidade após deixar os Team Hell No e envolver-se com este personagem sinistro... Mas será que com esta derrota, aquela pancada, as mensagens crípticas, a fixação nele e o carregar do corpo ao final... Alguém vê um Kane "brainwashed" a juntar-se a família e ficar mais monstruoso e perturbador que em qualquer momento dos seus últimos anos?

Cody Rhodes derrota Damien Sandow


Quiseram resolver os problemas num combate curto e neste acho que talvez pudessem esticar-se um pouco mais. Nem foi mau, até pelo contrário, mas fiquei com a sensação que o rematch no Raw do dia seguinte foi melhor. Podia levar uma maior carga psicológica em ringue para além da tensão que eles venderam nas semanas anteriores. Teve os seus momentos e Cody Rhodes foi surpreendendo, desde o momento em que aparece sem bigode até ao Musclebuster a piscar um olho a Samoa Joe.

O vencedor também era de se prever - com o rematch no Raw é que talvez esperasse que, pelo menos, fossem trocando algumas vitórias e derrotas daqui para a frente - mas a mala a Sandow parece estar a dar o push a Cody, o que é uma abordagem bizarra mas interessante. Damien também teve os seus momentos, para equilibrar, mas sinto que podia ter tido mais destaque e que podia ter saído mais forte - mas até mostrou ali uns momentos técnicos interessantes. Com uns meros 7 minutos, nem isso, o encontro desenrolou-se de forma mediana mas sem aborrecer e apenas fica aquela sensação de que, não só esperávamos melhor mas eles até precisavam de melhor.

Eles conseguem montar um espectáculo de qualidade, sem dúvida, e são dois Superstars em crescimento - mesmo que Cody Rhodes já lá ande há uns bons anos, tem que ver se sai da cepa torta - e um grande combate de roubar o show é o que eles precisam para acimentar o legado. Se o do Raw já foi superior e eles ainda quiserem desenvolver esta feud ainda mais, então talvez ainda se esteja a construir o tal grande combate entre eles. O meu plano seria ter Damien Sandow a suceder no seu cash-in e tornar-se World Heavyweight Champion, lá quando quiserem que isso aconteça, pode ser qualquer altura, e o seu primeiro adversário ser logo o seu ex-melhor amigo a fazer questão de lhe dificultar a vida. E então aí se davam os tais grandes combates. Para já, mantêm-se com acção que em nada dificulta a sua visualização mas que também pouco faz para arrastar algum traseiro para a beira do assento.

Alberto Del Rio derrota Christian pelo World Heavyweight Championship e retém o título


Primeiro combate da noite a levantar a fasquia e a dar grandes momentos. Depois de questionar o seu posicionamento no card, lembrei-me que eles alternariam os combates maiores com outros ao longo de todo o card e como este, apesar de ser por um título grande, ainda estava a anos-luz de distância dos outros dois main events em termos de hype e importância - era praticamente um combate de midcard, quem lhe dá o hype de main event acabo por ser eu, para mim mesmo - logo ficaria perto do início.

Mas fez um bom trabalho em dar espectáculo já perto do início e o combate desenvolveu-se muito bem e teve muitos bons spots bem trabalhados, há aqui boa química - e há que lembrar que o primeiro título Mundial de Christian foi disputado com esse mesmo senhor Mexicano, logo já não são estranhos. Del Rio, com um olho à Belenenses, saiu por cima em boa forma e ficou a parecer um Campeão forte em vez daquele que só sabe esquivar-se - Del Rio já sofreu muito disso. E dá a entender que este Del Rio mais agressivo, introduzido pelo bizarro combate com Ziggler no Payback, é um Del Rio mais interessante. Christian também não saiu como fraco e o "one more match" ainda se pode manter, porque condição física tem ele para muito mais, mesmo que agora seja hora de colocar malta over, como ele aqui o fez e bem.

Gostei do combate, gostei do seu desenvolvimento e da forma como fluiu da maneira tradicional e boa - a energia vai aumentando progressivamente. Gostei do equilíbrio e troca de domínios e falsos finais e gostei da psicologia entre ambos. Teve a história básica de Del Rio a trabalhar o braço para o Cross Armbreaker, que não conseguiu deitar Christian abaixo de imediato. Mais tarde viriam os dois tais combates que roubariam todo o show e fariam valer o PPV todo, praticamente enterrando todo o resto, mas este não ficaria assim tão esquecido.

Não sei bem o que se avizinhará para Christian - ele pode voltar com o "one more match" sempre que quiser - mas Del Rio já parece ter problemas com um certo Superstar retornado. Rob Van Dam talvez escalará do título dos Estados Unidos para o título Mundial no Night of Champions, com Ricardo Rodriguez a seu lado e é isso que parece estar marcado para dificultar a vida de Del Rio nas próximas semanas. Quanto ao seu reinado, podem deixá-lo continuar porque tem sido melhor que qualquer um dos seus anteriores.

Natalya derrota Brie Bella


A pausa para ir dar um saltinho à casa-de-banho estava aqui mesmo. E mesmo assim não podiam ir lá fazer alguma coisa de especial, porque em menos de 5 minutos isto acabava e tínhamos coisas mais interessantes para ver a seguir. Duas coisas a reter deste combate: o "Total Divas" tem tanto hype que até conseguem ter a divisão de Divas ocupada com duas histórias! E a segunda é que isto ocupou um lugar no PPV - com um bom campeonato no Kickoff, por exemplo.

Combate pouco memorável, pouco enérgico, pouco tudo. Serviu para continuar a promover o reality show que não interessa a todos e a vender históriasa que tenham ainda o programa como base. A intensa rivalidade vem de sons de pato e de um estalo. Por acaso já vi pior. E com isso já via o resultado a léguas de distância, porque parecem ter-se lembrado que têm a Natalya há pouco tempo. Combate curto que não me lembro muito bem do que aconteceu para além do facto de ter acontecido. Acho que me lembro do "tap out" para o Sharpshooter, portanto acho que captei o essencial.

Daqui para a frente devem continuar a lembrar-nos do programa, umas quantas vezes mais. Até acabar, diga-se assim, encaremos a nossa sorte. As Bellas devem continuar a ser as "caras" do programa e vão lá andar armadas em "mete-nojo" enquanto Eva Marie vai crescendo - dentro dos possíveis. Natalya já tem umas vitória sobre AJ, por mim era colocá-la atrás do título. Ou então continuar nessa coisa do reality show porque sempre é mais importante...

Brock Lesnar derrota CM Punk, num No DQ


Esfreguem-se as mãos! Um dos principais combates já aí estava. E que combate que ele foi. Já se esperava que não fosse um combate banal, nem em termos de storytelling nem no próprio wrestling. Brock Lesnar, regressado com um currículo recheado na UFC e CM Punk com treinos de MMA... Já sabíamos que a agressividade neste encontro ia estar bastante acima da média. As desqualificações voltaram a ser postas de lado, para ter a certeza que Brock Lesnar não compete num combate tradicional para mostrar o animal perigoso que ele é. Ambos em excelente forma, muita tensão a pairar no ar e Paul Heyman não ia ficar lá parado a olhar. Estava o material todo pronto para sair uma obra-prima de combate.

Estupendo combate e festival de porrada. Brock Lesnar tem vindo a melhorar, não propriamente a sua forma física, porque aí nunca teve problemas, mas a sua segurança e parece já lembrar-se bem que está de volta ao ringue de wrestling. CM Punk só tinha que ser igual a si mesmo. O resto ficava ao cargo da história que tinham a contar e da acção que tinham a despejar. E souberam bem como vender a ideia de que não podíamos saber quem é que sairia vencedor, se a acção foi tão equilibrada e neste "Best vs Beast", acabaram por ser os dois umas autênticas "Beasts". E no final, esgotadinhos e a largar das suas últimas gotas de suor - mesmo que para o Lesnar não seja preciso muito para suar que nem uma torneira - para mostrar que o máximo tinha sido ali depositado.

Foi-nos apresentada a vulnerabilidade de CM Punk perante uma besta imparável como Brock Lesnar. Foi-nos igualmente apresentada a sua "gut" e a sua capacidade de sair por cima. Foi-nos apresentada porrada da velha também e, mesmo sem precisar de algum spot fora do normal, soube apresentá-los, foi um combate de dar saltos na cadeira sem ser um "spotfest" sem controlo. Foram bem aproveitados os 25 minutos de duração, sem que desse para notar ou ficar a pedir mais ou menos. E claro que também foi aproveitada a presença de Heyman para fazer asneiras e daqui se registam dois pontos de importância: Punk tinha o combate ganho se não fosse a interferência do manager maléfico e Punk conseguiu finalmente deitar mãos no "walrus" e vingar-se um pouquinho... O que por si também o travou quando tinha o combate ganho.


No final, Lesnar sai por cima, muito graças ao seu manager que não saía da cabeça do adversário e deixou-o de "morada aberta" para um valente F-5 numa cadeira, bonito de se ver, mas não tão bonito de se sentir. Após o combate, não ficou nenhum mau sabor, não ficou nenhuma má sensação de alguém ter ficado por baixo: tínhamos um monstruoso Lesnar igual a si mesmo a consagrar-se vencedor, tínhamos Punk derrotado mas de pé após ter ido à guerra e resistido e chegando a ter a vitória em mãos, tínhamos um público satisfeito e agradado - conta a malta que via em casa também, claro. Todos saíram a ganhar e estava aqui um dos combates da noite e para ser lembrado no final do ano quando for para fazer daquelas listas que se fazem para passar o tempo.

Não sabemos quando voltaremos a ver Brock Lesnar outra vez, até pode estar para mais breve que o que imaginamos ou pode estar mais longe que o que queremos. Quanto a CM Punk, este não está satisfeito e enquanto Heyman não estiver a berrar por misericórdia e a chorar ranho, nem Punk nem o público fica satisfeito. Como seu macaco, Heyman ainda tem o Campeão Intercontinental Curtis Axel ao seu dispôr. Teremos mesmo rodas para andamento de uma feud entre ambos? Será que conseguiriamos mesmo ver o título Intercontinental a dar um pulo gigante e a ter como contender uma das estrelas de topo? Realmente não bate lá muito certo ter Punk atrás do título Intercontinental, mas de certa forma lembra-me a intensa e azeda feud entre Triple H e Ric Flair em 2005 - com um dos angles que mais chocou o jovem mark que era eu - que culminou num combate no Taboo Tuesday... Pelo título Intercontinental. Com Triple H a candidato. Mas a rivalidade era tão pessoal que aquilo mal se notava. Mas por outro lado, também podemos ter uma à "Randy Orton vs Cody Rhodes", mais recentemente, que combatiam mas que se lixe lá o título. De qualquer das formas, a saga Punk/Heyman ainda não acabou...

Dolph Ziggler e Kaitlyn derrotam Big E Langston e AJ Lee


E como um grande combate já tinha ido e faltava outro, portanto também dava para termos mais um intervalo. E vinha o combate ideal para o intervalo. Só é pena que Dolph Ziggler faça parte disso, quando ele já devia constar nos grandes combates para os quais são necessários intervalos e não nos próprios intervalos. Após uma bem sucedida Face Turn e consequente perda de título, ainda não sabemos se Ziggler voltou à sua rotina - vaguear no midcard, perder-se, solidificar-se, subir ao main event, cair outra vez - ou se está só a resolver os seus problemas com AJ e Big E e partir para novos rumos como Face.

O combate não tinha muito espaço ou propósito por onde se desenvolver como algo de muito especial. É sempre bom ver Ziggler a competir e a vencer, mesmo que o queiramos a fazer melhor. O combate acabou por servir de aperitivo - Ziggler para podermos ter Ziggler e Big E para nos apercebermos do seu potencial e para vermos que o tipo é um atleta talentoso que faz coisas impressionantes com/apesar do tamanho que tem. As Divas vão-nos lembrando que, apesar do Total Divas, o panorama do título até nem está mal empregue - a Natalya está do lado errado e a Naomi, têm que abrir os olhos para ela - porque a AJ ainda é do melhor que lá anda em competição feminina e a Kaitlyn é exemplar no que diz respeito a grandes melhorias, desde que lá chegou - um puxão de orelhas à Aksana agora.

Um combate pouco memorável que serviu para o povo descansar e recuperar fôlego para o próximo, sem que deixasse de estar entretido. Gostei do Spear porque gosto do Spear da Kaitlyn e gosto da AJ a vendê-lo. E gostei do vencedor porque gosto do Ziggler. E parece que às vezes também gosto de escrever textos descritivos como um miúdo de oito anos, mas por acaso não dava para muito mais. Não sei se a rivalidade entre AJ e Kaitlyn já está fechada, já dura há bastante tempo e, como já disse, Natalya já tem lugar aqui. Big E deve continuar nesta história da "friendzone" da AJ, até haver algo melhor. E para Ziggler, a ver se há algo que se possa arranjar para ele. Título Mundial, muito cedo para regressar, ainda agora de lá veio - mas até era o ideal para ele. Título da WWE - demasiada coisa a acontecer para aqueles lados. Título Intercontinental - Paul Heyman por perto logo também há CM Punk. Título Estados Unidos - Porque não? Ziggler ainda não teve problemas com os The Shield. Mas lá veremos, não deixem é o homem cair nalgum buraco...

Daniel Bryan derrota John Cena pelo WWE Championship e ganha o título


Chega o grande momento de grande antecipação. Um combate que também prometia ser lembrado no final do ano e que estava a competir directamente com o embate de Punk e Lesnar, para saber quem embrulhava o show e o levava para casa. Bem tiveram que o partilhar, porque foi mais um espectáculo que deu gosto ver. E Cena... Foi o Cena. O tipo que, geralmente, temos a ideia dele como um tipo extremamente limitado que não tem mais do que 3 ou 4 manobras. Mas dão-lhe o adversário ideal e é mais um combate para o seu currículo de grandes combates que já não é assim tão pequeno.

Com Daniel Bryan, Cena até pareceu um gajo técnico. Pronto, não é caso para tanto, mas já parecia um tipo com os seus treinos todos de wrestling no sítio e que sabe orientar-se no chão. Mas o brilho foi, e sempre foi suposto ter ido, para a enorme estrela em formação que é Daniel Bryan, que pode finalmente mostrar ao mundo o quão bom é ele e tem a companhia a reconhecê-lo e a recompensá-lo. Foi nele que mantivemos mais o olho, mas todo o combate se desenrolou lindamente, com equilíbrio e Bryan a ser ainda vendido como um adversário à altura para Cena. Houve ali um momento de arrepiar com Cena a saltar do canto para o chão enquanto segurava Bryan. O mal que aquilo podia ter corrido e o quão nervosos eles deviam estar, mas correu bem - e eu na brincadeira estava a dizer que ele ia fazer um Styles Clash.

Depois de já muito me ter agitado enquanto assistia ao intenso e limpo combate, eis que chega o momento. Um banano na tromba do Campeão e um cover que eu esperava que fosse mais uma "near fall". Quando a mão do árbitro bate no chão pela terceira vez, eu instantaneamente saltei do sofá de onde estava e devo ter produzido algum som estranho que já não devo conseguir reproduzir. Acabara de acontecer. Cena tinha perdido da forma mais limpa possível e para aquele pequenote barbudo vindo das independentes e cuja adoração dos fãs internautas já quase escreviam que o seu futuro na companhia não era muito brilhante. Esse gajo acabava de se tornar Campeão da WWE, derrotando o super-herói da companhia, da forma mais limpa que se podia imaginar - um "tap out" já era demais, reconheçamos. Uns minutinhos para a malta toda "markar" que nem louca e para nos lembrarmos que ainda faltava para acabar e andava lá um gajo que queria fazer asneiras...

Randy Orton derrota Daniel Bryan pelo WWE Championship, através do cash-in do Money in the Bank e ganha o título


Uma breve recapitulação do que se discutia no grupo de amigos, antes de começarmos a ver: um que não tem acompanhado as coisas muito a miúdo, acreditava que Triple H estava ali para fazer asneiras e custar o título a Daniel Bryan. Eu, na minha inocência, ainda acreditava que iam continuar a construir uma rivalidade entre Triple H e Vince - tanta tensão para nada - e que Triple H estava lá para evitar que o Vince fizesse asneiras. Sabia que Orton ia estar envolvido, mas jurava a pés juntos que Triple H não ia fazer nada. Isto até chegar o Randy e vê-lo a ficar resguardadinho lá ao canto. Aí já pensei "Esquece, ele vai fazer porcaria", para não ter que recorrer a um termo mais calão. Veio o Pedigree e lá se foi o título de Bryan que tantos tinham acabado de celebrar.

Tão repentino que só muito tempo depois é que se pôde recapitular as coisas e reparar que Randy Orton acabara de ter uma Heel Turn brilhante. Turn que ansiávamos há tanto tempo. E bastou chegar ao Raw para ver Triple H a dar uma promo Heel para matar saudades e aperceber-me que isso também era bom. Ficou o desgosto do reinado de minutos. Ficou o desgosto de terem chegado uns gajos a estragar tudo... Até me chegar à cabeça que é essa a intenção de um Heel. E quando reparei que a história que desenrolará daqui deixará Bryan mais over ainda - o heróico "underdog" a lutar praticamente sozinho contra as garras maléficas da gente do poder? Isso é tão à antiga! - ainda mais reconfortado fiquei. Pronto, um reinado que nem se cheirou que fica ali mal, mas vai para o currículo como o primeiro de muitos, porque Bryan continua o seu caminho para ser o Face de topo - se é que já não é - e as vezes que eles falam em "Face of the WWE" comprova-o.

Foi porco mas era suposto sê-lo. Mas temos Randy Orton a Heel, Triple H a Heel e Daniel Bryan com um papel heróico. Muita coisa boa pode sair daqui, agora não façam asneiras.

Acabava um PPV com muitas emoções mistas, mas isso normalmente é uma sensação boa, porque significa que não aconteceram coisas banais ou muito previsíveis. E acabava um PPV com o sentimento de satisfação a nível geral. Foi bom, mesmo que girasse mais à volta de dois combates. Soube manter o nível, apesar de tudo e marcou bem o Verão na WWE. Fica agora muita coisa em aberto para acontecer pelo Outono fora e têm material para muita coisa boa. Nós cá aguardamos pelo Night of Champions.


Agora cabe a vós dizerem o que bem entenderem sobre o PPV, sobre os combates, se ainda não o fizeram setecentas vezes e sobre o que escrevi. Ou então, podem também, não comentar nada, porque afinal de contas, estes artigos de revisão costumam ser os que atraem menos clientela. Mas dêem-me lá um desconto, está muito calor e está a chegar o meu aniversário, não me quero cansar muito, tenho que manter algo simples. Fora de brincadeiras, para a semana volto com algo novo, se nada servir de obstáculo. Até lá fiquem bem e uma continuação de boas férias para quem lá estiver.

Cumprimentos,
Chris JRM

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