Ultimas

Slobber Knocker #61: Sting vs The Undertaker. Um "must" ou um "nah"?


Mais uma semana e mais um Slobber Knocker. Sejam todos bem-vindos. Se recentemente me tenho debruçado sobre assuntos onde se encontra alguma coligação com algum assunto actual, esta semana parto para um que poderia ser abordado a qualquer altura do ano... Mas por acaso até já tem corrido aí um burburinho sobre a proximidade que isto tem de se concretizar e um surpreendente momento no Raw deixou cabeças a trabalhar....
Portanto esta introdução toda até pode ser uma grande fantuchada, porque afinal o assunto até é actual. O senão é que é possível que este já seja o artigo nº 721 sobre esta matéria. Mas defendo-me com o que digo sempre, há muito falatório sobre o assunto mas ainda não há o meu.

Sting vs Undertaker. Sonho de tantos. Assunto de conversa para tanta entrevista que se faça a qualquer um dos dois - em especial para o de cara pintada, até porque parece ser o que dá mais entrevistas, dos dois. As possibilidades por cima da mesa. E até teasers que não foram a lado algum já tivemos. Ou seja, já tivemos de tudo menos a concretização.

Como o título indica, analisarei do meu amador ponto de vista uma espécie de prós e contras, uma análise por pontos, da realização deste embate. Quem sabe até penderá todo para um lado. Mas vamos ver isto por tópicos.

O dinheiro


Começo por onde qualquer promotor começa também. Por aquilo que impede que muitas das coisas que queremos que aconteçam não cheguem nem ao papel, por fazermos parte de uma fatia mais pequena. O que move qualquer companhia. O que assegura que a WWE nunca vai andar perto de cheirar sequer a falência. Óbvio que me refiro aos lucros.

Quão lucrativo seria um Undertaker vs Sting em plena Wrestlemania com uma streak em jogo? Talvez seja melhor reformular a pergunta desta forma: O que raio tinha de falhar tão redondamente para que um Sting vs Undertaker em plena Wrestlemania com uma streak em jogo não lucrasse resmas? Muito dinheiro em cada nome e combinando-os faz-me sentir ainda mais pobre - o que não é difícil.

Basta ter o conceito de "dream match". Há combates que nos aumentam a expectativa pela história que leva por trás e pela combinação de estilos de luta que possa suscitar grandes momentos. Sem necessitar de muita coisa nos nomes integrantes. E depois há aqueles que já se engrandecem só por combinar dois gigantes nomes que se vêem tão identificáveis um com o outro. No caso de Undertaker e Sting há outro factor que se junta à das personagens que combinam: tanto ano de carreira para ambos e nunca tiveram a oportunidade de se defrontar. É praticamente o que falta na carreira dos dois.

O anúncio disto ia causar muita acção de ambulâncias para alguns mais sensíveis e mais ansiosos. Exagero mas o alarido não ia ser pequeno. Lá como constituíssem o card do resto dessa suposta Wrestlemania podia nem interessar tanto... A razão de compra já estava ali. Há tolos para tudo e sabe-se lá que loucuras se cometeriam por fãs que quisessem estar presentes na data desse acontecimento de uma vida. De todos os lados por onde pudesse entrar dinheiro... Por muito que tivessem que pagar a ambos... Em termos financeiros saía daqui tudo menos prejuízo...

O propósito/storyline


É preciso? O único que podia ser mais difícil era o que fazer com eles a seguir. Mas com tanto part-timer a lutar só nas grandes, é mais uma suposta dificuldade que se pode riscar de imediato. Para quê dar tantas voltas numa história que faça colidir estes dois num ringue? Campeonatos interrompidos que criam tensão entre os competidores? Desentendimentos de backstage que passam para o ringue? Eles nem sequer fazem disso sequer - OK, o Sting faz, mas ainda está noutra casa, é a supor que ele já tinha mudado.

Dá para simplificar ainda mais? Sting aparece na WWE. Como quiserem, como uma enorme surpresa a puxar um pop gigante da plateia ou com vinhetas que deixariam todos ansiosos e os comentadores a fazer ainda mais hype em pulga. Qualquer um dos dois dá, mas para este caso talvez encaixe melhor o anunciado. Lá vem ele, euforia por todos os cantos, a estranheza de vê-lo finalmente num ringue que tivesse aquele logo nos cantos e até um pouco de descrença porque nunca se achava que aquele dia iria chegar - e ainda estamos nessa, vai chegar alguma vez? Os comentadores teriam que nos lembrar umas boas dezenas de vezes que ele era um lutador lendário que nunca tivera contrato com a WWE, quiçá o único com essa marca.

Podia dizer logo o que vinha fazer mas talvez algum tempo entre o seu aparecimento e o seu anúncio para que fizessem o hype todo da sua estadia lá e a morte de curiosidade que tinham em saber qual o seu objectivo. O que ele nos podia deixar numa primeira promo era um tease vago. Vinham as especulações - e nós a fazer de conta que não sabíamos o que era desde os tempos do "arroz de 15" - e vinha a segunda promo onde ele afirmava o único que lhe faltava concretizar na sua carreira: enfrentar o Undertaker. E aproximava-se uma altura do ano com um palco perfeito para acontecer e onde podia duplicar o seu objectivo... Wrestlemania e uma streak a acabar. Euforia do público que nunca conseguiria adivinhar que era esse o plano dele.

Chegava a vez de Undertaker aparecer nos shows a aceitar o desafio e eventualmente os frente-a-frente. Aqueles que vocês já sabem bem como são. São intensas mas desportivas e com tamanha prova de respeito um pelo outro que só falta um ajoelhar-se e dar um cumprimento labial à traseira do adversário e esperar que o outro lhe faça o mesmo. Já todos vimos este esquema - Triple H e Undertaker foi mais ou menos isto, da primeira vez. Falariam sobre o quanto ansiavam enfrentar-se um ao outro, sobre a peça que faltava no puzzle que era a carreira de cada um, o quão grandioso o outro é e a honra que cada um tem em partilhar o ringue com o senhor que tem em frente. Isto até à parte mais intensa em que coloca-se o respeito de parte e entra a competitividade, com cada um a dar a certeza da sua vitória. Undertaker com muita pena que a vinda de Sting fosse para perder, Sting com muita certeza que a streak estava intacta porque realmente ele nunca andou por perto. Olhares frios, mas de respeito. Público em pulgas. Chega ao dia e "pumba", combate épico para se falar nos próximos dias.

É preciso mais que isto? Aliás... Dá para fazer mais que isto?

O combate


Seria de esperar um combate cheio de emoção e storytelling. Não se pode elevar tanto a fasquia e manter a consciência de que este é um caso de hype falar por si, o combate não seria um dos melhores de sempre, só por ser tão aguardado e distante. Mas lindo de se ver ia ser e já era para ser falado nos dias seguintes. Temos que analisar um a um.

Sting é um caso notável. Mais de meio século tem ele mas ainda tem muita capacidade física para dar bons combates e queriam muitos veteranos fazer metade do que ele ainda faz. Uma boa comparação: ele e Hulk Hogan apenas fazem 6 anos de diferença. E um ainda se vê bem de aspecto e está em boa forma física, cheio de genica e virado para as curvas. O outro parece um acidente rodoviário, por fora e por dentro. E acho que não é preciso dizer qual é qual. Na hora de dar um combate, ele consegue e a sua suposta função actual deveria ser a de colocar pessoal over. Daí que a estipulação do seu combate no Slammiversary até fosse algo insossa. Não pode lutar mais pelo título... A esta altura nem devia mais preocupar-se com isso, não era preciso colocá-lo sob uma proibição tão abrupta. Mas já me estou a afastar do assunto, aqui conta a sua forma física e essa está em condições.

Undertaker é um caso enigmático. Todos os anos corre a palavra de que ele não está em condições suficientemente boas para cumprir a sua tradição anual. Chega a altura e lá vem ele. As suas longas ausências com tempo de recuperação envolvido até o mostram como sendo bastante vulnerável. Até que ele volta, compete e tem um dos combates do ano. Afinal em que é que se fica? Já não está no seu pique, muitas complicações físicas e a sua reforma avizinha-se. Mas na hora de dar espectáculo, ele dá. Ou seja, ainda não aconteceu aquela situação em que o vemos e pensamos "reforma-te duma vez pá, já não dá para mais" - então Mysterio, tudo bem? - e ele ainda se entrega com o que tem quando é preciso.

Creio que há condições para que o combate seja bastante agradável de se ver. A parte psicológica também estará/estaria toda lá, mas em termos de wrestling e de acção em ringue, não tínhamos dois jovens, mas tínhamos dois ainda competentes que têm alguns bons combates de sobra no tanque. Até se podiam reformar depois disto que não vinha em má hora - nem muito cedo, nem tarde demais.

A não ser que tivessem expectativas estelares só porque é esse o estatuto do hype para semelhante combate... Não creio que fosse caso para decepcionar.

Lealdade / Competição de companhias


Parecia ser o problema de Sting: a sua lealdade para com a WCW. Foi o que o impediu de usar as cores da WWE e o icónico lutador quis manter o seu legado de "Franchise da WCW" intacto. Mas acho que a esta altura... Quem é que ainda se preocuparia com isso? Até se encontraria um buraco na lógica: se é assim tão fiel à WCW, ia para a WWE que é lá que reside toda a WCW. Mas ele preferiu ir sempre atrás da "outra alternativa" e foi na TNA que encontrou lar nos últimos anos.

Mas estamos em 2013. A sua carreira não tem assim tantos anos pela frente. Não estás a trair ninguém, pá... Vai fazer o que te falta fazer. Só num mundo de tolos é que Sting finalmente assinar com a WWE seria um golpe contra a WCW ou até contra a TNA. Há muitos propósitos para tal.

Agora a questão da competição com a TNA. Seria a partida para a WWE uma faca nas costas na companhia da sua amiga Dixie Carter? Não vejo porquê, também. São companhias de uma modalidade que se encaixam mais no campo da "alternativa" do que da "competição" e não são dois partidos políticos opostos em guerra civil. Lutadores podem sempre ir analisando outros territórios, principalmente com um objectivo tão definido como o deste exemplo.

Creio que se viva um clima de paz entre as companhias, actualmente. Acabados de sair de um período de azedume com processos e bocas e outras que tal, creio que agora estejam mais em tréguas. Há coisa de dois anos atrás, não se viam ex-WWE que competissem na TNA a fazer parte do WWE Alumni. Agora acrescentaram-nos todos de rajada. Quase que podíamos fazer um jogo de ver quem seria o TNA Superstar que ia fazer parte do WWE Alumni desta vez. E a TNA não tem quaisquer problemas em fazer os "namedrops" e mencionar a companhia em TV. Na hora de enumerar os credenciais dos lutadores, não há medo de falar nos títulos vencidos na WWE. E as apresentações de DOC e Knox nos Aces & 8's foram muito directas - e a do Knox até foi cómica: "IT'S THAT GUY KNOWN AS MIKE KNOX IN THE WWE!".

Há paz entre as companhias. A WCW não tem porque ser um obstáculo agora. As portas estão todas abertas, deixem lá o homem acabar a carreira em grande, se ele assim quiser. É bom para todos.

O que Sting acrescentaria à WWE?


Nada. Este ponto por acaso é simples. Não ia fazer muito depois disto. Nem valia muito a pena pensar em outras storylines nas quais ele pudesse ser envolvido após esse confronto. O máximo seria alguma visita dos The Shield se eles ainda andassem inteiros. Portanto não, não ia ser uma peça essencial para o desenvolvimento e futuro da companhia.

Mas iria ajudar a acrescentar um capítulo aos seus livros de história. Uma peça que faltava. Um capítulo por fechar. E, de certo modo, pode-se considerar que a WWE acrescente mais a Sting e à sua carreira do que o contrário. 

Mas não é esse o ponto de vista a encarar nesta situação. Era para concretizar esse sonho e era isso que trazia à WWE. E até já nem era pouco. Se for preciso, depois dá-se-lhe um contrato de lendas e uma introdução no Hall of Fame e ele faz parte dos livros, final e oficialmente. Não existe muito a apontar neste tópico.

Em termos históricos


Bem... É preciso acrescentar aguma coisa quanto a este ponto? Já falei no assunto nos outros pontos todos e é o mais evidente e que já está implícito no alinhamento do combate. Preciso de tornar a referir o "fechar dum capítulo", o concretizar do derradeiro "dream match" ou a recordação eterna do combate que parecia que nunca ia ser mas acabou por ser? Vale mesmo a pena? 

Creio que não e até fica algo baço que tenha que concluir o artigo precisamente com este ponto. Mas talvez tenha sido intencional e até o posicione de forma conclusiva.

Como podem ver, há todas as razões e condições para se realizar este combate, basta todos os lados envolvidos quererem. Podem haver sempre opiniões contra que achem que não há assim grande necessidade de se fazer isto e que até seja uma ideia sobrevalorizada e se forem um deles, têm a caixa de comentários a vosso dispor. Mas a ideia deste artigo era uma análise de um ponto de vista de um indivíduo que chegou à conclusão de que pode perfeitamente fazer-se e porque não? Fico à espera!

Fico-me então por aqui e a palavra agora é vossa, como de costume. Espero que tenham gostado e, em princípio devo estar cá de novo na próxima semana - ao contrário de alguns membros do Governo Português, eu não me demito e por cá permaneço. 

Cumprimentos.

Com tecnologia do Blogger.