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Slobber Knocker #3: Rescaldo da Wrestlemania XXVIII



Cumprimentos a todos os leitores que ainda repousam da exaltação pós-Wrestlemania, quer tenha sido por motivos positivos ou o contrário. Após semanas extensas com todo o mundo do wrestling a girar à volta da Wrestlemania, chegamos agora à etapa final desta fase que é o rescaldo posterior ao espectáculo. Análise ao que aconteceu, ao que não aconteceu, ao que está certo e ao que está errado. Vejamos o que está arrecadado.....


Primo & Epico derrotam The Usos e Tyson Kidd & Justin Gabriel, num Triple Threat Tag Team pelos Tag Team Championships e retêm os títulos

Considero que este combate tenha cumprido aquele que deveria ser o seu dever: aquecer. Enquanto o nervosismo inevitável se ia desenvolvendo na zona visceral e ansiávamos para os grandes combates históricos que se aproximavam, tinha que haver um aperitivo que já desse para nos deixar entretidos e a esfregar as mãos para o seguinte. Com esses critérios, o combate não desiludiu. A divisão Tag Team merecia um bom combate longo a ocupar uma parte central do card? Até merecia, mas para já, esta secção anda muito seca, não há grande fruta para a colheita, tem que se remediar assim. Foi um combate bastante decente, houve spots porreiros – estes Usos ainda surpreendem – e o fim foi o mais correcto, para já. Uma nota curiosa é o nervosismo que se sente nos lutadores – principalmente os mais novatos – quando sobem a este colossal palco. Justin Gabriel demonstrava um óbvio nervosismo que quase se tornou traiçoeiro, não fosse o seu bom trabalho de emenda – mas valeu-lhe uma lesão…

Sheamus derrota Daniel Bryan pelo World Heavyweight Championship e vence o título


?!?! Que foi isto? Então aquele que eu esperava que fosse um dos meus combates predilectos, aquele que envolvia um dos meus talentos favoritos, aquele que eu lhe previa o bronze como terceiro melhor combate da noite… Foi o encontro que mais próximo me deixou de incluir palavrões nesta minha crónica! Com que então um dos main events é despachado em 18 segundos? Que mal tem, apenas arruinaram um combate com altas expectativas, deram heat a um dos Superstars que mais over se estava a tornar como Face de topo, fizeram um dos seus melhores lutadores parecer um autêntico palhaço e retiraram umas quantas colheres de sopa de valor ao cinto. Bravo, WWE, aplaudo de pé! - a sério, assisti ao evento em conjunto com uns amigos e ficamos parvos até metade do PPV e ainda hoje é o dia em que atravesso a difícil digestão de tal acontecimento atroz.

Kane derrota Randy Orton

O combate para encher chouriço. Uma feud que se pode considerar aquilo a que podemos chamar, num calão estrangeiro, de “ass-pull”. Formado rapidamente perto do evento com uma história ali semi-amanhada com um único intuito óbvio: incluir ambos os lutadores no evento, quando não parecia haver nada para eles. O combate em si não foi mau, mas podia ter constado em qualquer outro PPV ou até mesmo em TV. E não havia maneira de depositar muito interesse no combate quando o cérebro ainda estava a processar o que se tinha sucedido no combate anterior. E a plateia deixou isso bem claro, quando em vez de se cantar por Randy Orton, era o nome de Daniel Bryan que mais ecoava naquele estádio. Kane saiu vencedor o que indica que no próximo Smackdown ou no Extreme Rules, Randy Orton deve vencer. O que dá a entender que o Kane agora faz disto: é o vilão que quase sucede nos seus maquiavélicos planos mas cujas pernas acabam por ser cortadas pelos super heróis. Combate OK, a Wrestlemania ainda tinha a água muito fria e restava-nos esperar que fervesse mais tarde.

Big Show derrota Cody Rhodes pelo Intercontinental Championship e vence o título


Segunda mudança de título da noite, mas pelo menos esta teve outro sabor que não fosse podre. O combate foi curto e também não teve aquela quente sensação de Wrestlemania, mas depois do início que teve, já deu espaço a alívio por dar-nos a entender que afinal ainda planeavam em incluir wrestling como deve ser. Apesar de tudo, o combate ainda foi bom e com Cody Rhodes é difícil fazer algo que o faça parecer mal. Fica no ar a questão: será boa ideia dar o cinto a um veterano como Big Show? Apesar de ter jovens na fila, acho que para já, ainda é um bom golpe. Big Show que recentemente ocupava o estatuto de main eventer, volta para a disputa deste título, o que poderia acrescentar um pouco mais de prestígio ao cinto. Show pode servir de Campeão de transição até poder ceder o cinto a um jovem talento já apto. Entretanto, Cody Rhodes já tem o main event à sua espera e o título World Heavyweight já lhe ficaria legítimo à volta da cintura. Logo, era o resultado previsto e não fiquei insatisfeito com o encontro no seu todo.

Kelly Kelly e Maria Menounos derrotam Eve e Beth Phoenix

Sei que a maioria das opiniões vai diferir da minha, mas até fiquei algo surpreendido com o combate. Ainda para mais, fiquei excepcionalmente surpreendido com a Kelly Kelly. Não, não deixou aqui imagem de uma lutadora de calibre, nem perto disso, mas já parece dar a entender que afinal ainda pode aprender umas coisas, quando sacou de alguns moves mais bonitos que fogem ao habitual pauperismo da sua “move set”. E o combate até se prolongou sem me aborrecer. É claro que há muitos anos atrás, a divisão feminina conseguia meter este combate no bolso ainda com algum espaço para cambalear, mas caramba, para o estado em que a divisão anda recentemente, até me soube bem! É claro que a posição da Campeã é o pormenor que menos agrada. Muito mau ter a Campeã a ficar por baixo perante uma não lutadora, mas para ser muito sincero já estava à espera, portanto só encolhi os ombros. Que vão fazendo mais disto e deixem a Beth parecer uma Campeã com postura e já posso assistir aos combates de Divas com outro propósito para além de, bem… olhar para elas…

The Undertaker vs Triple H, Hell in a Cell


Agora sim! Chega ao momento de um dos combates da noite e para alguns, aquele que lhes fez abrir os cordões à bolsa para pagar por este evento. “End of an Era”, dois dos maiores Superstars de todos os tempos, acrescentando aquele que considero o maior Superstar de sempre como árbitro convidado, em Hell in a Cell. A receita já dá a impressão de ser uma delícia, tinham era que fazer resultar. Os saltos que dei, os bater de palmas quase involuntários, as borboletas que esvoaçavam no interior do meu estômago dizem que sim, que saiu impecável. Combate da noite e não tenho nenhum defeito a apontar a este encontro de meia hora que tanta história contou e tanta emoção transmitiu por entre os spots de nos fazer suar e ranger os dentes. Volto a relembrar que assisti ao PPV reunido com uns amigos e durante este combate nenhum de nós estava confortavelmente sentado, todos na beira do sofá, a entrar naquele combate como já não acontecia há muito tempo. Trabalho impecável por todos – acabou por incluir sangue como eu previra mesmo que não parecesse propositado – não se pouparam na agressividade e mesmo quando as águas abrandavam, era apenas para um gajo em casa poder respirar. Intenso mas fantástico, conseguiu superar o já bom encontro de Undertaker e Triple H na passada Wrestlemania. Como cereja no topo do bolo, um momento emocional pós-combate com o respeito entre os três lendários lutadores quando trocam um abraço e se ajudam mutuamente a abandonar a arena. Agora sim já sabia a Wrestlemania!

Team Johnny (David Otunga, Mark Henry, Dolph Ziggler, Jack Swagger, The Miz e Drew McIntyre) derrota Team Teddy (Santino Marella, R-Truth, Kofi Kingston, Zack Ryder, The Great Khali e Booker T)


Chegava a altura do combate que definiria um General Manager permanente para ambas as brands. Ou seja, um método de fazer com que um draft num futuro próximo faça ainda menos sentido. Mas nem era um mal muito forte, o combate de Sheamus e Daniel Bryan ainda estava atravessado na garganta. O combate desenvolveu-se como esperava, com a equipa de Johnny a conter talento superior e chegando até a dominar – Booker T ficou com a parte de levar porrada, esperava que fosse o Santino. Como já é tradição num combate com tanta gente, soltou-se o Inferno e o alvoroço e não tardava nada estavam todos a atacar-se uns aos outros. Dolph Ziggler lembra as pessoas que é o melhor seller da casa ao receber um Rough Ryder como um senhor – até me fez levantar e até rir-me, o gajo é incrível. Não esperava, no entanto, que fosse Eve a definir o resultado ao distrair Ryder para a vitória. Fiquei contente por ver Miz a conseguir a vitória para quebrar a sua onda de derrotas, o que pode indicar que podemos ver Miz a crescer de novo. E agora apenas espero que Teddy Long continue a aparecer em TV, o tipo até é divertido. Quanto ao angle que se sucedeu pós-combate, não estava à espera e até gostei bastante. Não só pelo meu fanatismo quase obsessivo pela Eve, mas porque gosto de ver finalmente uma Diva a fazer-se notar, a fazer um bom papel e a conseguir reacção do público. E o Zack… Cito algo que já li para estes lados… Agora é corno e tanso…

CM Punk derrota Chris Jericho pelo WWE Championship e retém o título


O outro que tal que ficaria na memória como outro grande combate da noite e que assim foi. Sem precisar de mais do que o wrestling formidável de cada um para fazer deste combate outro encontro belíssimo e emocionante de se acompanhar. Levava uma boa carga psicológica com as proporções pessoais que levava na rivalidade e ao início ainda conseguiram tirar vantagem de tal, com uma nova estipulação acrescentada por John Laurinaitis: se Punk se enervasse e se desqualificasse, perderia o título. Ao princípio ainda víamos Chris Jericho a tentar tirar vantagem de tal, mas mais tarde se desvaneceria quando já estávamos mais que focados no fantástico combate que decorria. Não ficaram abaixo das minhas expectativas e em algo menos de meia hora deram um bom espectáculo capaz de proporcionar também bastante exaltação ao espectador que torcia por qualquer um dos dois – eu torcia para que ambos dessem show, nada mais. Ao fim, Punk vence de forma limpa fazendo Jericho desistir com o Anaconda Vice. Supomos que esta rivalidade se prolongue um pouco mais e que nos dêem mais grandes combates equilibrados como este.

The Rock derrota John Cena


O hype era imenso e a obrigação de o fazer valer era ainda mais. Ao longo de todo o PPV foram-nos lembrando que era este o grande combate histórico, um dos melhores de sempre, mas pelo menos não fomos regados durante todo o evento, nem nos atafulharam pelos olhos dentro a ideia de que este combate era o único propósito de assistirmos a isto. Pareciam ameaçar para que assim fosse, mas conseguiram conter-se. Apesar de tudo ainda deram um bom combate com longevidade bem acentuada sem cair no aborrecimento, portanto ainda cumpriram a missão com sucesso. Souberam também como trabalhar o entusiasmo e souberam como aproveitar as limitações em ringue de ambos, de forma que colidissem de forma excitante. O vencedor foi aquele que ia mais ao encontro das preferências do povo e de encontro às previsões. Corre a palavra de que o resultado foi mudado mais encima da hora. Não é o que mais importa, ao fim ainda ficou um regozijo oriundo de um bom combate, mesmo que na minha sincera opinião não tivesse igualado o Hell in a Cell e o WWE Championship. Ficou um bom ambiente no final da Wrestlemania e nesta segunda metade já se fizeram valer as doze letras que compõem o nome do evento mais histórico do wrestling.

Os segmentos

Não há nada de especial a apontar para os segmentos de backstage – parece que agora o Heath Slater já leva até do Flo Rida. As minhas principais preocupações foram com os segmentos em palco ou em ringue que queimaram demasiado tempo. Brodus Clay é realmente um indivíduo divertido e ultimamente tem sido dos melhores levantadores de plateia com as suas hilariantes danças. Mas este extenso momento foi algo escusado e o que eu mais pensava era no tempo que isto estava a desperdiçar que podia ter sido aproveitado para um Sheamus vs Bryan decente… Já quanto às actuações do MGK e do Flo Rida, o ponto mais alto e que melhor me lembro foi de debater com os meus amigos se devíamos aproveitar isto para ir buscar uns snacks ou se não valia a pena. Não retive muito mais destas pobres performances com vozes por cima das gravações, dando um horrível efeito de dobragem. Ah, e não sei o que raio estava o MGK a papujar ao final, mas também não devia ser muito importante. A Lilian Garcia a cantar o hino continua uma tradição patriótica da WWE e sinceramente mais vale ouvir – e ver – a Lilian a cantar que outro qualquer intérprete de um pastiche da moda. Mas isso é outra história que não quero aprofundar muito aqui.

Em geral, fiquei satisfeito e entusiasmado com a Wrestlemania e, tirando aquele combate inicial que quase me retirava fé em toda a WWE, acho que até foi melhor que a do ano anterior. Fica agora tudo aberto para a Wrestlemania 29, mas até lá ainda falta, temos que levar com calma e aproveitar o que ainda houver de bom para vir neste ano de 2012. De novo, largo as questões finais sobre a vossa opinião quanto à Wrestlemania e ao seu produto final e despeço-me com sinceros cumprimentos até à próxima semana quando regressar com um assunto mais diverso.

Chris JRM
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